Quantum Bird – 14 de abril 2024
O Irã disparou várias centenas de drones, mísseis de cruzeiro e balísticos contra Israel ontem, em retaliação pelo ataque israelense que destruiu na semana retrasada (1 abril) o consulado iraniano em Damasco e matou muitos oficiais e funcionários iranianos.
Enquanto os detalhes táticos lentamente emergem, já é possível analisar os aspectos estratégicos que remodelaram significativamente as condições geopolíticas na região. Vamos por pontos.
1. Devido à derrota cada vez mais evidente na sua guerra contra o povo palestino, e as condições politicas domesticas cada vez mais turbulentas, Israel está buscando formas de ignir um conflito regional para envolver os Estados Unidos e outros países da região. Por isso o ataque ao consulado iraniano em Damasco.
2. Há algum tempo Israel vem provocando o Irã. Seja via ações terroristas em solo iraniano, para assassinar cientistas e oficiais importantes, seja ataques às forças iranianas na Síria, a partir do espaço aéreo libanês. O Irã, assim como Rússia (antes da SMO) e China (atualmente) exercita paciência estratégica. Ou seja, ignora as provocações, evita as distrações táticas e mantém o foco na preparação das condições para derrotar o inimigo estrategicamente.
3. Quando General Soleimani foi assassinado no Iraque em 2020, os iranianos atualizaram sua equação de dissuasão com os EUA. Em sua retaliação, os iranianos atacaram com mísseis de alta precisão bases estadunidenses na região. Para evitar a ignição de uma guerra regional contra os EUA e seus aliados, os iranianos avisaram com alguns minutos de antecedência sobre os ataques, deixando claro para os EUA que poderiam voltar a atacar causando perdas humanas devastadoras a qualquer momento que julgassem necessário, e que as bases dos EUA na região não passam de alvos de baixo custo para as forças iranianas. Os estadunidenses tomaram nota e desde então sempre falam que não estão interessados em uma guerra contra o Irã.
4. Na retaliação iraniana contra Israel, os iranianos deixaram claro que podem atacar Israel à vontade e que possuem os meios técnicos para sobrecarregar e penetrar as defesas aéreas israelenses. Além disso, expuseram para todo o mundo que Israel não é capaz de se defender sozinho. De fato, Israel contou com a ajuda dos EUA, da Inglaterra e da Jordânia para abater pouco mais que uma centena de drones — munição vagante, na verdade – iranianos que lentamente voaram do Irã até Israel. Aparentemente, os misseis de cruzeiro e misseis balísticos não foram interceptados e atingiram seus alvos.
5. O impacto econômico é obvio. Cada míssil de defesa antiaérea (Iron Dome, Arrow e/ou Patriot) custa a Israel de meio à três milhão de dólares. Já os drones, custam ao Irã de algumas centenas a um par de milhares de dólares. Fala-se de 1 bilhão de dólares, ou mais, gastos apenas em defesa antiaérea, o que não evitou que os alvos primários fossem atingidos.
6. Com isso, o Irã acaba de reescrever a equação de dissuasão do Eixo da Resistência contra Israel. Note que isso acontece há apenas alguns meses da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, que demoliu o mito da segurança e inatacabilidade de Israel. Note que os EUA, bem cientes das capacidades iranianas, declinaram de apoiar qualquer resposta israelense direta ao ataque e imediatamente falaram em reagir à retaliação iraniana pelas vias diplomáticas – tradução: terrorismo, revolução colorida, sabotagem econômica, etc.
7. Israel está agora esmagada contra o muro das armas nucleares. Os iranianos acabaram de privar Israel da possibilidade de ignir um conflito regional e continuar existindo. Portanto, o colapso político do regime zionista israelense é eminente.
8. A retaliação iraniana também expôs a falência completa do Conselho de Segurança da ONU, que falhou, sob veto dos EUA, Inglaterra e França, em agir sobre o ataque ao consulado. O Irã também expôs a fragilidade da rede de alianças dos EUA na região, com vários estados, incluindo membros da OTAN (Turquia) fechando seu espaço aéreo e terrestre para qualquer ação dos EUA/Israel contra o Irã.
Concluindo com uma breve provocação. Depois da invasão da embaixada mexicana em Quito pelo governo equatoriano e o atentado israelense contra o consulado iraniano em Damasco, e a falha da ONU em agir em ambos os casos – EUA envolvidos em ambos os casos – seria prematuro afirmar que a Convenção de Viena e o Carta das Nações Unidas estão mortas e enterradas?
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