Vladimir Putin, Conferência de Imprensa anual “Não vemos qualquer sinal de os soldados dos EUA estarem saindo da Síria”

20/12/2018, Kremlin, Eventos, notícias da Presidência, Rússia
Vídeo (excerto, transcrição, tradução e legendas (ing.) de Sayed Hasan para Unz Review, aqui retraduzidas)

[…] Rachel Marsden: Presidente Putin, Rachel Marsden, de Chicago Tribune Publishing no exterior, EUA.

Ontem, o presidente Donald Trump anunciou a retirada dos soldados dos EUA, da Síria. Anunciou também que, na avaliação dele, os EUA derrotaram o ISIS na Síria; deixou isso bem claro.

O que o senhor tem a dizer sobre esse anúncio, sobre a retirada dos soldados dos EUA, da Síria, e também sobre o que disse o presidente Trump quanto a os EUA terem derrotado o ISIS?

Em segundo lugar, o senhor tem alguma preocupação com a possibilidade de que, de algum modo, soldados norte-americanos permaneçam na Síria? Tem havido muita discussão, por exemplo, em torno da presença, possível, de empresas ativas nessas áreas das quais os EUA nem chegam a sair, na verdade, empresas que atuam de modo muito mais discreto. Muito obrigada.

Vladimir Putin: Quanto a o ISIS ter sido derrotado, concordo, em linhas gerais com o presidente dos EUA. Eu mesmo também disse que conseguimos avanço significativo na luta contra o terrorismo naquelas áreas e atacamos duramente o ISIS na Síria.

Há risco real de que grupos assemelhados migrem de regiões vizinhas e do Afeganistão, para outros países, para seus países natais, e em parte estão retornando.

É perigo grave para todos nós, incluindo Rússia, EUA, Europa, países asiáticos, inclusive da Ásia Central. Todos sabemos disso, todos compreendemos claramente o risco. Donald tem razão nisso. Concordo com ele.

Quanto a tal retirada de soldados dos EUA, não sei do que se trata. Os EUA estão presentes no Afeganistão há… quanto tempo? 17 anos, e todos os anos alguém fala de retirar os soldados. Mas nunca saem. Ainda estão lá. Esse é o segundo ponto.

 

Terceiro. Até aqui, não vimos sinal algum de qualquer retirada, mas, sim, acho que seja possível, principalmente porque estamos avançando para uma solução política. A questão que está na agende hoje é construir uma comissão constituinte.

Vale lembrar que quando nos reunimos em Istanbul – digo: Rússia, Turquia, França e Alemanha – decidimos fazer todos os esforços possíveis para criar essa comissão constituinte, e a Rússia, no que lhe cabe, fez tudo que estava ao seu alcance para que acontecesse como o planejado.

Por estranho que pareça, os quatro países concordamos integralmente com a lista de nomes apresentada pelo Presidente al-Assad, que nomeou 50 pessoas e trabalhava para selecionar mais 50 nomes da sociedade civil. Ainda que o presidente Assad não esteja 100% satisfeito com tudo, o presidente concordou com essas medidas.

A Turquia, que representa os interesses da oposição, também concordou. O Irã concordou. Apresentamos a lista de nomes à ONU e, como o ministro Lavrov comunicou-me apenas ontem, inesperadamente, e induzidos por nossos parceiros Alemanha, França e EUA, representantes da ONU (Sr. de Mistura) decidiram esperar para ver.

Não compreendo o que está acontecendo lá, mas, seja o que for, quero crer que esse trabalho está no estágio final. Talvez ainda não no final desse ano [2018], mas no início do próximo, a lista será aprovada. E assim entraremos no estágio final da solução na Síria, que será o acordo político.

Se é preciso que haja soldados norte-americanos na Síria? Não me parece necessário. Contudo, não esqueçamos que a presença dos soldados dos EUA que lá estão é ilegítima, dado que não foi aprovada por resolução do Conselho de Segurança da ONU. O contingente militar só poderia estar lá se houvesse decisão do Conselho de Segurança que a legalizasse, ou se fosse convidada pelo governo legítimo do presidente Assad da Síria. Os soldados russos fomos convidados pelo governo da Síria. Os norte-americanos, não, nem convidados, nem autorizados pela ONU. Assim sendo, a decisão acertada é, sim, que o governo dos EUA retire de lá os seus soldados.

Há outro componente muito importante nesse processo. Apesar de todos os desentendimentos, nossos especialistas, nosso pessoal militar, dos serviços de segurança e do Ministério de Relações Exteriores construíram diálogo muito produtivo para tratar das questões gravíssimas de combater o terrorismo na Síria. Importante é que estamos satisfeitos com essa cooperação. […] [Fim do excerto]

 

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