Jonathan Tennenbaum – 8 de maio de 2021
'Unsettled: What Climate Science Tells Us, What It Doesn't, and Why It Matters' de Steven Koonin é uma leitura essencial do contraponto. *** Imagem de capa: Fotografia da superficie de Venus feita pela sonda Soviética Venera 14. Os dados obtidos pelas sondas Soviéticas Venera desafiam fortemente os modelos climaticos que são frequentemente usados para justificar as medidas extremas tomadas por extremistas do clima em poder na Terra para arruinar o futuro da raça humana.
Este é a primeira de uma série de cinco artigos sobre “ciência climática”.
Um novo livro é leitura obrigatória para qualquer pessoa preocupada com as medidas cada vez mais radicais que as nações estão sendo pressionadas a adotar em resposta à chamada crise climática. Essas medidas são realmente justificadas do ponto de vista científico? A suposta ameaça de um apocalipse climático causado pelo homem corresponde à realidade?
O livro, “Unsettled: What Climate Science Tells Us, What It Doesn’t, and Why It Matters” [“Indeterminado: O que a ciência climática nos diz, o que ela não diz e por que isso importa” – nota dos tradutores], foi escrito por Steven Koonin, físico e professor da Universidade de Nova York que atuou como subsecretário de ciência no Departamento de Energia dos EUA durante a administração de Barack Obama.
Koonin também é membro e ex-presidente da JASON, uma organização independente de cientistas que assessora o governo dos EUA em questões sensíveis e urgentes de ciência e tecnologia.
Recebi e li uma cópia antecipada do volume e entrevistei o Dr. Koonin para esta série de cinco partes, composta por esta resenha do livro e uma entrevista posterior em quatro partes. Em suma, posso recomendar o livro de Koonin: é uma leitura fascinante e informativa, e espera-se que melhore o clima para uma discussão honesta e aberta.
Koonin tem pedido a nomeação de uma chamada “equipe vermelha” – um grupo independente de cientistas qualificados – para realizar uma crítica rigorosa da validade científica das avaliações e recomendações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) [sigla corresponde ao original “Intergovernmental Panel on Climate Change” – nota dos tradutores] e a quadrienal Avaliação Climática Nacional dos EUA (NCA) [sigla corresponde ao original “US National Climate Assessment” – nota dos tradutores].
[O estabelecimento de uma equipe azul e outra vermelha é uma convenção ultilizada em jogos de guerra. Tipicamente a equipe azul “somos nós” e a equipe vermelha é o time adversário. A União Soviética usava a mesma nomenclatura, com as cores invertidas – Nota dos tradutores]
O livro, portanto, pode ser lido como uma antecipação do que um time vermelho poderia apontar. Além de suas conclusões às vezes devastadoras, o volume oferece certamente um dos relatos mais legíveis e fascinantes disponíveis para um leitor não técnico sobre os desafios da ciência climática, o conhecimento atual das mudanças climáticas em andamento e as opções potenciais para lidar com elas.
Como o título do livro sugere, a ciência climática atual está longe de ser capaz de dar respostas definitivas a questões-chave relevantes para a formulação de políticas. Isso não é uma coisa popular de se dizer, já que as pessoas gostam de ter certeza, preto no branco. A ciência, porém, não é a verdade; é apenas uma busca pela verdade. Uma busca muito difícil, neste caso, dada à complexidade incompreensível do sistema climático da Terra.
Acho particularmente valiosa a maneira como Koonin explica, em linguagem simples e não técnica, os problemas da previsão climática baseada em computador e as razões da baixa confiabilidade dos modelos climáticos atuais. [Ênfase adicionada pelos tradutores]
Embora ele tenha uma atitude crítica rigorosa, Koonin não pode de forma alguma ser descartado como um “negacionista climático”. Pelo contrário, a maior parte do que ele escreve é consistente com os relatórios oficiais do IPCC e da NCA – mas com uma importante reserva: vários dos fatos e conclusões mais essenciais estão enterrados no corpo dos volumosos relatórios de avaliação, e não refletido nos resumos fornecidos à imprensa e aos tomadores de decisão.
Koonin documenta como essa circunstância, juntamente com declarações públicas de alguns cientistas climáticos, deram uma impressão seriamente enganosa sobre os resultados reais da pesquisa climática. Os próprios relatórios de avaliação estão disponíveis ao público, é claro, mas tem-se a impressão de que poucas pessoas realmente os leem com atenção, pelo menos não da maneira que Koonin o fez.
Os exemplos que ele cita são uma leitura surpreendente. Talvez o mais significativo, o autor demonstra que as avaliações do IPCC não fornecem qualquer base para a noção amplamente propagada de que a mudança climática está levando a uma catástrofe global.
Entre outras coisas, Koonin cita uma conclusão do Quinto Relatório de Avaliação do IPCC, resumindo cerca de 20 estimativas publicadas, segundo as quais um aumento da temperatura global de 3°C até o ano 2100 impactaria negativamente a economia global em cerca de 3% medido em perda de rendimentos.
Koonin também cita a seguinte passagem chave :
“Para a maioria dos setores econômicos, o impacto das mudanças climáticas será pequeno em relação aos impactos de outros fatores (evidência média, consenso alto). Mudanças na população, idade, renda, tecnologia, preços relativos, estilo de vida, regulamentação, governança e muitos outros aspectos do desenvolvimento socioeconômico terão um impacto na oferta e demanda de bens e serviços econômicos que é amplo em relação ao impacto das mudanças climáticas.”
Onde está o apocalipse climático?
Das avaliações oficiais citadas no livro de Koonin, só se pode concluir que a humanidade enfrenta perigos incomparavelmente maiores e perdas potenciais devido a desenvolvimentos de um tipo completamente diferente — como conflitos militares em grande escala, possível uso de armas nucleares, pandemias mortais, instabilidade socioeconômica e disseminação de ideologias extremistas, crises financeiras internacionais e outros. (Pode-se acrescentar à lista políticas ambientalistas mal aconselhadas, disruptivas e economicamente desastrosas.) [Ênfase adicionada pelos tradutores]
Fiquei tão perplexo ao saber que o Relatório de Avaliação do IPCC havia fornecido uma estimativa tão baixa das perdas econômicas globais decorrentes do aquecimento climático – dificilmente mencionada na mídia – que decidi fazer minha própria pequena investigação.
Tomei o cenário de “pior caso” referido na literatura como RCP 8.5 [Resumo do modelo: A Terra fica mais quente à medida que o CO2 aumenta na atmosfera. A Terra não aquece uniformemente, os oceanos aquecem mais lentamente que os continentes e o Ártico. As projeções são baseadas em um cenário de altas emissões. Projeções de temperatura de acordo com RCP 8,5 W/m2 mostram mudanças extremas. Os níveis de CO2 sobem para 936 ppm em 2100, fazendo com que a temperatura global aumente cerca de 5-6°C até 2100 – nota dos tradutores], o que significa que nenhuma medida é tomada para limitar as emissões de CO2, com alto crescimento populacional e uma enorme expansão da energia do carvão. Quanta perda a economia dos EUA, por exemplo, sofreria com o aquecimento global resultante?
De acordo com a última Avaliação Climática Nacional dos EUA, o aumento da temperatura média global até o ano 2100 para o cenário RCP 8.5 está projetado para ficar na faixa de 2,5 a 4,7°C. Aplicando a tabela de correlação relevante do estudo de 2017 citado pela NCA , “Estimando os danos econômicos das mudanças climáticas nos Estados Unidos”, cheguei a uma perda estimada para a economia dos EUA entre 2-5% do PIB em “danos econômicos diretos ” devido aos efeitos do aquecimento global.
Não amanhã, mas daqui a 80 anos, em 2100. Por mais que se esforce, isso dificilmente pode ser considerado um desastre de dimensões apocalípticas. Desnecessário dizer que esses números são tão bons quanto as próprias projeções climáticas.
Em capítulos separados, Koonin aborda, com muitos detalhes interessantes, algumas outras consequências das mudanças climáticas, incluindo aumento do nível do mar, frequência de tempestades e outros eventos extremos, inundações e secas, etc. Em cada caso, não há indícios de uma catástrofe global iminente — nem nas projeções nem nos dados reais. Em vez disso, podemos esperar uma mudança gradual do tipo a que as sociedades humanas se adaptaram com sucesso por milhares de anos.
A chamada pública de Koonin em 2017 para a criação de uma “equipe vermelha” já atingiu um nervo sensível na comunidade científica do clima e resultou em uma reação considerável. Argumentou-se, por exemplo, que investigações adicionais seriam supérfluas, uma vez que as publicações científicas sobre o clima já estão sujeitas à crítica e revisão por pares, como em todos os outros campos da ciência.
O último é verdade, é claro, mas quando se trata de gastar trilhões de dólares e adotar medidas que afetarão seriamente as economias das nações ao redor do mundo, é necessário um tipo de escrutínio diferente e mais crítico.
Na visão de Koonin, isso seria idealmente fornecido por um chamado “exercício da equipe vermelha”: um grupo “adversário” de cientistas é encarregado de questionar rigorosamente uma avaliação ou curso de ação proposto enquanto um grupo oponente, uma “equipe azul”, tem a oportunidade de refutar suas descobertas.
Como Koonin observa em seu livro:
“Os exercícios da equipe vermelha são comumente usados para informar decisões de alta consequência, como testar descobertas de inteligência nacional ou validar projetos complexos de engenharia, como aeronaves ou espaçonaves; eles também são comuns em segurança cibernética. A equipe vermelha detecta erros ou lacunas, identifica pontos cegos e geralmente ajuda a evitar falhas catastróficas.”
Não posso deixar de lembr da investigação da explosão do ônibus espacial Challenger em 1986 por Richard Feynman – um dos maiores cientistas da América e um colega e herói de Koonin durante seu tempo no Instituto de Tecnologia da Califórnia.
Uma pessoa excepcionalmente brilhante e de mente independente, Feynman foi excepcionalmente capaz — como um forasteiro — de descobrir as causas físicas, dificuldades técnicas, falhas e erros de julgamento que levaram ao desastre do Challenger. Esse tipo de exame rigoroso dificilmente seria imaginável dentro da agência espacial oficial dos EUA, a NASA, naquela época.
Concretamente, Koonin sugere que uma primeira revisão da equipe vermelha pode consistir no escrutínio público do futuro Sexto Relatório de Avaliação do IPCC, ou a próxima Avaliação Climática Nacional dos EUA, prevista para 2023.
Membros da comunidade científica do clima claramente relutaram em falar contra o que foi falsamente representado como a visão de consenso. Koonin dedica um capítulo aos problemas de má comunicação e deturpação da ciência do clima, examinando o papel da mídia, políticos, institutos científicos e os próprios cientistas.
Ele observa:
“minhas experiências diretas, juntamente com algumas verdades universais sobre os humanos, sugerem não uma cabala secreta, mas sim um alinhamento auto-reforçado de perspectivas e interesses.”
Os capítulos finais do livro são dedicados a uma discussão detalhada das opções disponíveis para lidar com o aquecimento global e suas consequências. Koonin considera o objetivo de reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa em uma base global, dentro do prazo previsto no acordo de Paris, por exemplo, bastante irreal, dada, entre outras coisas, a vasta e crescente demanda de energia das nações em desenvolvimento nas próximas décadas. [Ênfase adicionada pelos tradutores]
Embora ele apoie o uso e o desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono e livres de carbono, incluindo energia nuclear [Ênfase adicionada pelos tradutores], transformar todo o sistema energético mundial levará muito tempo. Koonin argumenta que a principal resposta ao aquecimento global será simplesmente a adaptação às mudanças climáticas.
Ao mesmo tempo, ele recomenda que devemos nos preparar para eventualidades futuras, impulsionar a pesquisa climática e explorar a possibilidade — como último recurso definitivo — de “geoengenharia” ativa para o resfriamento do clima.
A última opção, muitas vezes referida como “geoengenharia solar”, está sob séria investigação há algum tempo. No livro, Koonin fala de seu próprio envolvimento na área, incluindo a coautoria de um estudo inovador em 2009.
Está bem estabelecido que a injeção de aerossóis na estratosfera tem um efeito de resfriamento temporário nas temperaturas globais. Este efeito é observado regularmente após erupções vulcânicas. Acontece que injetar artificialmente as quantidades de aerossóis necessários para obter um resfriamento global significativo está inteiramente ao alcance da tecnologia atual. Na verdade, seria até relativamente fácil.
Naturalmente, seria desejável saber como tal intervenção pode afetar o sistema climático global e regionalmente. Essa é uma tarefa para a ciência climática. Tenho certeza de que ninguém se oporia a realizar um exercício de equipe vermelha antes de empreender tal projeto.
Jonathan Tennenbaum recebeu seu PhD em matemática pela Universidade da Califórnia em 1973, aos 22 anos. Também físico, linguista e pianista, é ex-editor da revista FUSION. Ele mora em Berlim e viaja frequentemente para a Ásia e outros lugares, prestando consultoria em economia, ciência e tecnologia.
Fonte: https://asiatimes.com/2021/05/a-red-team-view-of-climate-science/
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