28/1/2019, Koldo Campos Sagaseta,* Cronopiando/La Pluma/Gara/Tlaxcala
O rastro do petróleo é também o rastro da guerra, da destruição: Iraque, Líbia, Síria… Venezuela. A maior reserva de petróleo do mundo está na Venezuela, que tem também muitos outros e muito valiosos recursos naturais. Assim se explica por quem, desde que a história mudou de rumo na Venezuela, o Mercado, que rege os destinos do mundo, decidiu a sorte da Venezuela. Dado que as urnas não obedeciam aos desejos do Mercado, foram postos em operação todos os demais procedimentos habituais que se adotam sempre que, como diria Obama, “torcemos o braço de países que não sabem argumentar”: bloqueio, sabotagem, ocupação e roubo, manifestações de rua organizadas fora de lá, assassinatos, terrorismo, atentados, golpes de Estado…
E agora é isso. Sob a lona do circo na qual se escondeu a vergonha da cara, Donald Trump, representante e porta-voz do ‘mundo livre’, nomeia um presidente para a Venezuela, que faz seu juramento de posse num palco de comício. E a Europa bate palmas. Rapidamente subiram àquele picadeiro todos os palhaços de sempre. Só falta o “homem-bala”, mas foi deixado para a derradeira exibição desse circo macabro, marcada com prazo de oito dias, que está correndo.
Os grandes veículos encarregaram-se de explicar por que há tanta fome na Venezuela e nenhuma fome em Honduras ou em El Salvador; por que tanto nos inquieta a emergência humanitária que a Venezuela vive, e que se foda o Haiti; por que a violência na Venezuela nos assusta e pouco nos importam os massacres na Colômbia; por que a corrupção na Venezuela é notícia, e a corrupção na República Dominicana é como se tivesse sido apagada do mundo; por que as manifestações de rua são legítimas em Caracas, e subversivas em Paris; por que Maduro é ditador, e Bolsonaro e Macri são “presidentes”; por que o governo bolivariano da Venezuela é “regime”, mas são “governos” as demais colônias sul-americanas dos EUA, com alvará do império para se apresentarem como se fossem “repúblicas”.
Quando até a dissimulação parece-lhes desnecessária, os canalhas emergem em todo o esplendor.
(Euskal presoak-euskal herrira/Llibertat presos politics/Altsasukoak aske/Aurrera Gobierno Bolivariano de Venezuela)
Prisioneiros bascos-País Basco / Liberdade para os presos políticos /
Liberdade para os prisioneiros de Alsasua /
Avante Governo Bolivariano da Venezuela
No muro:
“Se a imprensa é canalha, que falem as muralhas”
* Nascido em Pamplona (País Basco), em 14/4/1954, onde estudou pedagogia. Poeta e dramaturgo, publicou Miermelada, The Chusma Herald e La Caja Negra, seleções de poemas, além de ¡Hágase la mujer!, La verdadera historia del descubrimiento de América, El rey Necio, La mujer de los aplausos, para teatro, e La Dama de las Camelias…parte atrás, para café-teatro. Também é autor de roteiros para cinema, contos infantis e documentários (o que são “relatos”?).
Recebeu o Prêmio Gregorio Aguilar Barea, de poesia, na Nicarágua (1984), país onde militou como brigadista alfabetizador em 1980 e nos setores de criação do sistema nacional de propaganda sandinista, em 1984. Também recebeu o prêmio de poesia La tertulia del Patio, em 2001, na República Dominicana.
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