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NÃO ESTAMOS SÓS

Por Larry Romanoff para The Saker Blog, 11 de Setembro de 2021

Fui motivado a escrever este ensaio devido a uma circunstância estranha que me aconteceu na sexta-feira (10 de Setembro).

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Parte 1: No centro de Shanghai, existe um magnífico templo budista (Templo Jing’An) separado de um centro comercial por uma passagem pedestre. Do outro lado da rua encontra-se um grande parque com um pequeno lago (um lago, na verdade) escondido no centro e na margem do lago, encontra-se um restaurante tailandês. Há cerca de dois anos, um amigo convidou-me para almoçar nesse restaurante. O cenário era bonito, mas o restaurante não era excepcional e eu não gostei da comida, por isso, não tinha intenção de regressar. 

Parte 2: Tenho um escritório perto do Templo e, na sexta-feira estava na minha secretária a trabalhar sobre uma determinada pesquisa, quando o pensamento deste restaurante me veio à mente, mas não conseguia recordar o seu nome. Pensei nele durante um momento, mas não tinha qualquer interesse particular e, por isso, afastei-o. Dez ou quinze minutos mais tarde, o pensamento voltou. Voltei a considerar o assunto e confirmei a minha primeira conclusão de que não gostava muito, nem do restaurante, nem da comida, não tinha qualquer intenção de regressar e, portanto, não tinha interesse em recordar o seu nome. Voltei ao meu trabalho, mas dez minutos mais tarde o pensamento voltou de novo. Voltei a rejeitá-lo, mas ele voltou novamente. O maldito pensamento recusou-se a deixar-me em paz. Finalmente cedi, fiz uma breve pesquisa na Internet e encontrei o nome do restaurante. Sem resultado, mas sem mais interrupções. 

Parte 3: Algumas horas mais tarde, deixei o meu escritório e estava a caminhar pela passadeira para peões perto do Templo, como faço habitualmente, quando reparei num grupo de quatro mulheres estrangeiras (americanas, penso eu) de pé, ao lado. Quando me aproximei, uma delas virou-se e viu-me e dirigiu-se rapidamente a mim. Perguntou: “Por favor, pode ajudar-nos? Estamos a tentar encontrar um restaurante. Todos dizem-nos que está muito perto, mas ninguém nos pode dizer como lá chegar”. Respondi: “Não sei. Qual é o nome do restaurante?”. E, claro, era o mesmo restaurante que eu tinha acabado de procurar na Internet.

A versão feminina da história teria sido a de terem tido a sorte de encontrar alguém que as pudesse encaminhar para o restaurante, mas não foi tão simples como poderiam ter imaginado. Claro que um acontecimento trivial não é prova de nada, mas quando vivi em Itália mantive durante sete ou oito anos um registo diário no qual registei qualquer coisa de interesse e, mais tarde, ao folhear esse diário, descobri que tinha registado literalmente centenas de incidentes deste tipo. Eram todos diferentes, mas, em certo sentido, eram todos iguais. Cada um deles exigia um pouco de “sorte” pouco comum ou talvez magia, para o seu cumprimento. Alguns foram breves e rapidamente executados, enquanto outros foram prolongados e mais complicados. Aqui está um exemplo mais complicado, do meu tempo em Roma:

O Jovem Perdido

Nie Yuan's version of “A Chinese Ghost Story“ was 18 years old, and the male protagonists had lost their looks, and the female protagonists were still very good at fighting. | DayDayNews

Em Roma vivi numa zona essencialmente residencial, virada para uma pequena praça com uma fonte no centro e rodeada de cafés, um hotel, uma basílica e outros edifícios. Uma noite, numa pequena mesa ao ar livre, num café de passeio, vi um jovem chinês, talvez com 15 anos de idade, sentado sozinho depois do café ter fechado. Ainda lá estava na manhã seguinte, com a cabeça pousada na mesa, e interroguei-me se ele teria passado lá a noite. Tentei falar com ele, mas ele não sabia inglês nem italiano e era impossível estabelecer uma conversa.

Nessa noite ainda lá estava até tarde e também novamente na manhã seguinte, e agora parecia evidente que tinha passado lá a noite. Eu sabia que algo estava errado, embora não tivesse ideia do que poderia ser, mas não podia deixá-lo lá. A propósito, o meu restaurante chinês favorito ficava apenas a algumas centenas de metros da minha casa, por isso, por meio de gestos convidei-o gesticulei a vir comigo e levei-o lá, na esperança de que o pudessem ajudar. 

Autobiografia

Se o Fazes, é Espionagem.

Se Sou Eu que o Faço, é Investigação.

Por Larry Romanoff,  August 10, 2020

Traduzido em exclusivo para PRAVDA PT

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No final dos anos 50 e início dos anos 60, houve uma série na televisão americana chamada “The Naked City“, desenrolada em NYC. A abertura de cada episódio começava com as palavras entoadas: “Há oito milhões de histórias na Cidade Nua”. Esta é uma delas”. Bem, provavelmente, há 8 milhões de histórias sobre espionagem americana que aconteceram na China, durante as últimas décadas. Eis duas delas.

Introdução

Há vários anos foi noticiado que o Pentágono estava a construir uma rede internacional de espionagem que poderia tornar-se ainda maior do que a da CIA, planeando ter pelo menos 1.600 “colectores de informação” espalhados por todo o mundo. Para além dos adidos militares e outros, que não trabalham disfarçados, seriam treinados pela CIA mais agentes clandestinos e destacados para o estrangeiro a fim de realizar tarefas que a CIA não estava disposta a prosseguir. Foi devidamente confirmado que a China estava entre as principais prioridades dos serviços secretos do Pentágono, reflectindo a afinidade americana pela espionagem e pela acção encoberta, prova de que já não precisamos. Os americanos são frequentemente recrutados pela CIA, ou pelos militares americanos para o serviço de espionagem na China, operando com a assistência do Departamento de Estado norte-americano.

Indivíduos estrangeiros, agindo ostensivamente de forma independente, na China, são regularmente detidos pelas autoridades chinesas por realizarem cartografia e levantamentos ilegais, marcando a localização das principais instalações militares e outras instalações. Quase 40 casos de levantamentos e cartografia ilegais foram detectados na China, só nos últimos anos, na sua maioria em torno de algumas das bases e instalações militares e em áreas fronteiriças sensíveis como Xinjiang e Tibete e, quase de certeza, sendo esses dados utilizados no planeamento dos tumultos patrocinados por estrangeiros, que ocorreram nessas províncias.

Num caso recente, foi encontrado um cidadão americano utilizando dois receptores GPS profissionais de levantamento e mapeamento, nos quais tinha registado mais de 90.000 coordenadas, 50.000 das quais perto de instalações militares. Viajou para XinJiang com o pretexto de registar uma agência de viagens para oferecer excursões ao ar livre a estrangeiros em Urumqi e, claramente, estava lá em missão do governo dos EUA quando foi apanhado. Esta é a razão pela qual o serviço de mapeamento da Google foi proibido na China. A Google estava ocupada a recolher informações de alta resolução para a CIA, sendo, mais uma vez, imagens de áreas militares sensíveis.

É amplamente conhecido na China que, literalmente, os milhares de funcionários da Embaixada dos EUA, em Pequim e dos seus vários consulados estão envolvidos em actividades que são claramente espionagem. Foi a razão pela qual o governo chinês seleccionou o encerramento do Consulado dos EUA em Chengdu. As autoridades chinesas tinham repetidamente objectado à Embaixada e ao Governo dos EUA que os funcionários, em Chengdu, estavam envolvido em actividades “não proporcionais às suas designações diplomáticas”. Isto é um eufemismo chinês.

A comunicação mediática americana gosta de acusar os chineses de “ver uma conspiração em cada esquina”, mas estes acontecimentos são em número suficiente para justificar a preocupação da China, tendo estes mesmos meios de comunicação social deixado de apontar que, qualquer pessoa que recolhesse centenas de milhares de coordenadas GPS perto de bases militares americanas, teria um futuro muito curto.

Coca-Cola

A Coca-Cola Company esteve sempre envolvida em espionagem a favor das Forças Armadas dos EUA e do Departamento de Estado [1] Estranhamente, nem o website da Coca-Cola nem a Google têm qualquer conhecimento desse facto, e o Departamento de Estado não tinha ninguém disponível para discutir este assunto comigo. Desde pelo menos os anos 40, quando a empresa estabeleceu fábricas de engarrafamento num novo país, os espiões da OSS ou da CIA eram enviados automaticamente como fazendo parte do pessoal. Nem sequer era segredo: quando o Senado norte-americano realizou as suas famosas audiências Irão-Contra, em 1987, a ligação entre a CIA e a Coca-Cola foi totalmente exposta.

 E não se trata só da Coca-Cola, mas vejamos primeiro esta empresa. Em Março de 2013, Laurie Burkitt do WSJ escreveu um artigo agradavelmente mal informado [2] sobre a Coca-Cola ter sido acusada de espionagem na China Ocidental, e a distorção curiosa, mas tipicamente americana, desse meio de comunicação social foi destacar “os perigos de fazer negócios na China”. Vejamos os factos.

Em 21 ocasiões distintas, 21 camiões diferentes da Coca-Cola foram apreendidos enquanto executavam o que os meios de comunicação ocidentais chamavam “levantamento” ou “mapeamento” de algumas das áreas mais politicamente sensíveis da China, que incluíam fronteiras e bases militares. A primeira pergunta que me vem à mente é por que razão os motoristas dos camiões de entregas da Coca-Cola estariam a efectuar “operações de mapeamento” ou “levantamento” em qualquer parte do mundo, muito menos em Yunnan e outras áreas politicamente sensíveis da China e, especialmente, das áreas fronteiriças e das bases militares circundantes. Mais ainda, porque é que os motoristas da Coca-Cola que fazem este “mapeamento” estariam a 600 quilómetros das suas rotas normais de entrega?

China

Huawei, Tik-Tok and WeChat

By Larry Romanoff, August 08, 2020

Traduzido em exclusivo para PRAVDA PT

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Primeiro, vamos eliminar a noção convencionada de que a China espia toda a gente e os espiões dos EUA não espiam ninguém. Há tantas provas públicas para destruir estas duas afirmações que não me vou dar ao trabalho de repeti-las. No entanto, vou recordar aos leitores que, há alguns anos, a China proibiu, mais ou menos, o Windows 8 do país porque se descobriu que o Sistema Operativo tinha uma porta traseira da NSA embutida[1] Parece que a Alemanha divulgou primeiro esta ocorrência, mas a prova devastadora foi numa conferência de Informática, quando um executivo da Microsoft foi interrompido durante um discurso precisamente com esta acusação.  [2][3][4][5][6][7][8][9] O orador não negou porque o indivíduo que fez a acusação foi quem a descobriu e tinha consigo a prova, mas recusou-se a discuti-la e mudou de assunto.

Mas este assunto dificilmente é notícia. Há quarenta anos foi provado que todas as máquinas fotocopiadoras Xerox entregues a embaixadas e consulados estrangeiros nos EUA estavam “preparadas para executar funções de espionagem”[10][11] Além do mais, pelo menos, durante 20 anos e talvez muito mais, era do conhecimento geral que, quando qualquer embaixada, consulados, bancos e outras empresas estrangeiras encomendavam computadores e hardware semelhante a fornecedores americanos, essas remessas eram interceptadas pela UPS, entregues à CIA e/ou à NSA para instalação de hardware e software “extra”, antes da entrega aos respectivos destinatários. Esta situação foi uma das confirmações de Edward Snowden[12][13][14][15] Qualquer pesquisa sobre este caso dar-lhe-á milhões de visitas, a menos que a Google escolha esse momento para ficar sem memória.

Huawei


China

Vamos Deslocar as Balizas. O Confronto EUA-China

Por Larry Romanoff, 06 de Fevereiro de 2020

As US-China confrontation gains ground, Transatlantic partners face difficult choices | ORF

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A perspectiva de “mover as balizas” é uma estratégia peculiarmente americana a fim de garantir que a América vença sempre. Para consegui-lo, ou colocam-se as traves da baliza em posição de receber a bola, independentemente de quão mal orientada possa chegar, ou afastam-se da trajectória do pontapé bem posicionado do adversário, para que este não consiga marcar. Este movimento é acompanhado, frequentemente, de mudanças súbitas nas regras ou no método de manter a pontuação, tudo concebido para “nivelar o campo de jogo” e assegurar que a América ganhe.

Em 2012, a China apresentou mais patentes em todo o mundo do que os EUA, infelizmente as patentes da China eram más, enquanto que as patentes dos EUA eram boas, porque as patentes dos EUA são destinadas a alcançar a liberdade e a democracia, enquanto que as da China são apenas para obter dinheiro. Os americanos admitiram que a China tinha ultrapassado os EUA em pedidos de patentes, mas depois acrescentaram “embora a qualidade das patentes da China seja frequentemente contestada” e mais uma vez a acusação serviu de prova. Sendo a “qualidade” parcialmente definida como novas invenções em oposição a melhoramentos e por métricas curiosas, como “influência” e “alcance global” e pelo número de vezes que uma patente é citada numa publicação. Assim, os americanos apressam-se a citar as patentes uns dos outros em todas as publicações americanas, o que magicamente melhora muito a sua criatividade e inovação e a América ainda ganha. Parece não haver praticamente nenhuma reivindicação demasiado vaga para os americanos utilizarem.

China

Os Herois Empresariais de Papelão Recortado da Actualidade — Todos eles Nascimentos Virgens

Por Larry Romanoff para The Saker Blog

O que é que as pessoas a seguir têm em comum? George Soros, Elon Musk, Jeffery Epstein, Larry Page, Sergei Brin, Mark Zuckerberg, Larry Sanger, Jimmy Wales.

Duas coisas. Uma delas é que são judeus. A segunda, condensaram-se de uma névoa espiritual para quase, subitamente, se tornarem nomes familiares, homens de imensa riqueza cujas empresas exercem enorme influência na sociedade ocidental – mas homens que aparentemente alcançaram estas alturas invejáveis sem as necessidades habituais de inteligência, educação, experiência ou talento inato ou bom senso, para a maior parte deles. Já alguma vez se interrogou como é que estes homens subiram silenciosamente a tal proeminência, apesar da falta de credenciais? Vamos examinar o que sabemos ser verdadeiro.

Jeffrey Epstein

Comecemos por Jeffrey Epstein, que é talvez o mais representativo deste grupo do que  possa imaginar. As credenciais de Epstein consistem em ser um psicopata, sociopata, e pedófilo depravado com um certo encanto. Pouco mais. Em todo o caso, Epstein nunca tinha tido um verdadeiro emprego porque não era qualificado para nenhum. A certa altura, ocupou um cargo de professor – para o qual não possuía quaisquer qualificações, mas parece ser esse cargo que vem na lista. No entanto, passou desse cargo para director quase bilionário de um dos maiores esquemas de tráfico sexual da História do mundo, proprietário de aviões privados, mansões muito caras, uma “ilha pedófila” privada nas Caraíbas e muito mais. Um homem que fazia companhia aos ricos e famosos do mundo (em especial, à realeza britânica), a quem mimava com os seus tesouros de menores de idade.

Como é que tal coisa aconteceu? Epstein promulgou um mito de que era um gestor de investimentos, que aceitava clientes com dinheiro disponível de um mínimo de um bilião de dólares. Era uma boa história, mas não há provas – não há provas – de que Epstein alguma vez tenha feito uma transacção de acções. Como disse um perito do mercado da Bolsa, ao empregar um eufemismo perfeito: “É invulgar um animal tão corpulento não deixar pegadas na neve”. E Epstein não deixou pegadas. De facto, não havia nenhuma fonte plausível da sua riqueza visível, nenhuma fonte de rendimento para apoiar o seu  avião “Lolita Express”, a transportar meninas de menor idade por todo o mundo para armar ciladas aos políticos e à realeza da maioria das nações ocidentais, nem indícios que apoiassem as despesas gigantescas das suas mansões e a construção da sua ilha pedófila nas Caraíbas.

O público ficou naturalmente curioso sobre as fontes de financiamento de Epstein e, logo que chegou a altura, o NYT e o WSJ informaram-nos que Les Wexner (também judeu), Director da Victoria’s Secret, tinha sido defraudado por Epstein até ao montante de 400 ou 500 milhões de dólares. Então, conhecemos a fonte do seu dinheiro. Jeffrey não era só um pedófilo que dirigia uma grande empresa de tráfico sexual, mas era também um vigarista e um ladrão. Curiosamente, a Victoria’s Secret parece não ter sido prejudicada financeiramente por esta enorme perda, mantendo, alegremente, as receitas e os lucros. E como é que Wexner lidou com esta enorme fraude? Ao que tudo indica, simplesmente ignorando-a. Muitos indivíduos entraram com acções judiciais contra os bens de Epstein a fim de obter uma compensação por danos, mas Wexner não parece ser um deles. Podemos logicamente interrogarmo-nos porque não o fez.

Como explicar tudo isto? Como em todos os exemplos que estudaremos, mais facilmente do que se possa imaginar. Jeffrey Epstein tinha, de facto, uma profissão, o de criar e gerir o esquema de envolvimento sexual mais abrangente da História. Foi recrutado para essa tarefa  porque possuía todas as qualificações naturais, tal como foram acima enumeradas. Indivíduos importantes que o recrutaram eram o mesmo grupo de banqueiros e industriais judeus europeus – a nossa International Cabal of Gangsters (ICG)/Cabala Internacional de Gangsters, e financiaram-no em sintonia de, pelo menos, várias centenas de milhões de dólares, uma ninharia quando comparado com as recompensas a serem extorquidas aos políticos submetidos.

Epstein era simplesmente um “testa de ferro” que fazia a jogada dos seus mestres que, como sempre, se escondem na sombra e não podem ser facilmente relacionados com a execução dos seus planos. O trabalho era bem pago. Epstein usufruiu a vida de um bilionário e todas as armadilhas da mesma – usufruia de enormes privilégios para executar um serviço de valor quase infinito para os seus Mestres.

Geopolítica

O YiWu da China: Modelos de negócios de que nunca ouviu falar

Por Larry Romanoff, 15 de Dezembro de 2019

Traduzido em exclusivo para PRAVDA PT 

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O Mercado de Utilidades de YiWu

Um pouco de enquadramento para o encadeamento de ideias.O YiWu é o maior supermercado do mundo. YiWu é uma pequena cidade (é, na verdade, uma cidade com mais de um milhão de habitantes, mas na China é considerada uma cidade pequena) na província de Zhejiang, a 45 minutos de comboio de alta velocidade de Shangai. A área circundante contém inúmeros milhares de fábricas pequenas (e algumas grandes) que produzem grandes quantidades de artigos de pouco valor – ferramentas manuais e eléctricas de pequenas dimensões, guarda chuvas, malas e bagagens, brinquedos, artigos para presentes, pequenos electrodomésticos, artigos de cozinha, aparelhos electrónicos pequenos, fita adesiva. Os produtos são, na sua maioria, artigos utilitários que, geralmente referimos, como mercadorias.

Com esta concentração intensa de aglomerados de fabrico, YiWu tem os maiores mercados de objectos úteis do mundo. O maior mercado grossista de fábricas em YiWu, o International Trade Center, consiste em oito edifícios de 5 andares, totalizando cerca de 5 milhões de metros quadrados e contendo cerca de 80.000 lojas, cada uma delas propriedade de uma das pequenas fábricas da área. É tão grande que os corredores de cada edifício têm nomes de ruas; são normalmente necessários mapas para orientação. Para poupar aritmética, se passar 8 horas por dia, 5 dias por semana, com apenas 1 minuto em cada loja, precisaria de mais de 8 meses para visitar todas elas. E é apenas um mercado de cerca de 20, na cidade. Muitos destes mercados são especializados num determinado produto: chapéus-de-chuva, flores artificiais, artigos de papelaria, brinquedos, cosméticos, bijuteria, jóias, bolsas e produtos de couro, calçado, tecidos, vestuário, meias, lingerie . . . Os mercados típicos terão 2.000 lojas a vender apenas cintos ou 10.000 lojas a vender pequenos bules de chá, de cerâmica.

A indústria dos isqueiros YiWu

China

Estatísticas Económicas dos EUA: “Números pouco fiáveis”

Por Larry Romanoff, 10 de Novembro de 2019

Traduzido em exclusivo para PRAVDA PT

O governo dos EUA e os meios de comunicação ocidentais gostam de acusar a China de elaborar números não fiáveis, mas é largamente reconhecido que não existem estatísticas económicas nacionais no mundo tão deliberadamente não fiáveis e enganadoras como as dos EUA. No entanto, uma outra característica da Grande Transformação foi a capacidade inovadora do governo dos EUA de elaborar estatísticas que elevaram a desinformação económica a uma forma de arte.

  • O desemprego é superior ao dobro do valor oficialmente declarado,
  • A inflação é mais elevada do que o triplo declarado, e
  • O PIB é inferior a dois terços dos números publicados.
  • O mesmo aplica-se às estatísticas sobre salários, habitação e muito mais.

Muitos investigadores publicaram estudos que demonstram, que as estatísticas económicas oficiais dos EUA, em quase todas as áreas, são muito distorcidas a fim de pintar um quadro positivo completamente diferente da realidade.

Como observou um comentador:

“Os números de postos de trabalho são fraudulentos, a taxa de desemprego é enganadora, as medidas de inflação estão subavaliadas e a taxa de crescimento do PIB é sobreavaliada. Os americanos vivem numa matriz de mentiras”.

Com os meios de comunicação social, que controlam a narrativa, em consonância, poucos americanos têm qualquer ideia do verdadeiro estado da sua economia ou das consequências pessoais destas manipulações estatísticas.

PIB

Não é preciso ser economista para apreciar as dificuldades na comparação das taxas nacionais do PIB, nem as oportunidades de engano na sua compilação.

Como exemplo, se os nossos dois países e as nossas economias são idênticas, mas o seu tem uma taxa de divórcio mais elevada, as taxas legais e outros custos do processo de divórcio serão adicionados à produção económica do seu país e o seu país terá um PIB mais elevado. O que não significa que as pessoas sejam mais ricas, nem que o seu país seja um lugar melhor para se viver. Da mesma forma, se o seu país for tão raivosamente litigioso como os EUA, todos os biliões de custas judiciais dos processos jurídicos serão adicionados ao PIB. Mas, mais uma vez, não significa que a população seja mais rica. De facto, à excepção dos advogados, todos são mais pobres e quase de certeza, não é um lugar melhor para se viver.

China

China

Por Larry Romanoff, Julho 26, 2021

Traduzido em exclusivo para PRAVDA PT

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Muitos ocidentais têm, no mínimo, um conhecimento limitado sobre o Gaokao da China, o sistema de exames anuais de admissão à universidade, realizados por cerca de 10 milhões de estudantes por ano. Este conjunto de exames é bastante rígido e talvez até mesmo despótico, abrangendo muitos assuntos e ocupando três dias. Os exames exigem uma boa capacidade de compreensão, conhecimento profundo e grande inteligência, para serem bem sucedidos. Estes exames são inteiramente baseados no mérito de cada aluno e é impossível haver favoritismo. Os alunos que produzem as notas mais altas nestes exames estão no ponto culminante de 1% de um conjunto de 1,5 bilião de pessoas. 

Poucos ocidentais sabem que a China também tem um sistema de exames imposto pela Ordem dos Advogados e que todos os advogados diplomados devem passar para poderem exercer advocacia na China. Estes exames são ainda mais rigorosos, exigindo não só um elevado grau de inteligência, como também um profundo conhecimento das leis e uma ampla compreensão de todos os assuntos legais, sendo estes exames tão difíceis que muitos se recusam até mesmo a tentar fazê-los. Dos cerca de 250.000 advogados diplomados que cumprem esta imposição, apenas cerca de 20.000 serão aprovados e obterão qualificações para exercer efectivamente advocacia na China. Se for apresentado a um advogado chinês, pode ter a certeza de que está a lidar com alguém que faz parte da porção mais altamente qualificada do 1% desse mesmo grupo de um bilião e meio de pessoas.

Menciono estes dois pontos apenas para introduzir um terceiro – os Exames da Função Pública.

China

Por Larry Romanoff, 24 e Outubro de 2019

Traduzido em exclusivo para PRAVDA PT

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Joseph Needham, um Bioquímico britânico, Historiador Científico e Professor na Universidade de Cambridge, é amplamente classificado como um dos intelectuais mais destacados do século XX. Os estudantes chineses de visita a Cambridge informaram-no, repetidamente, de que os métodos e as descobertas  científicas ocidentais discutidos nas suas aulas tiveram,há séculos, origem na China. Needham ficou tão intrigado que se tornou totalmente fluente na língua chinesa, tendo depois viajado para a China a fim de  investigar. Descobriu inúmeras provas da verdade dessas alegações e decidiu permanecer na China para escrever um livro a fim de documentar o que considerava ser uma descoberta de grande importância para o mundo. Needham nunca completou a sua tarefa de catalogar a História da invenção chinesa. O seu único livro tornou-se em 26 livros e morreu em 1995, com o seu trabalho ainda hoje a ser continuado pelos seus alunos. O resumo da obra de Needham, elaborado por Robert Temple, é uma boa introdução a este tópico. (1)

Ensinaram-nos na escola que a prensa de impressão de caracteres tipográficos móveis foi inventada na Alemanha por Johannes Gutenberg por volta do ano 1550. De maneira nenhuma. A China não só inventou o papel, como também a prensa de impressão com um conjunto de tipos gráficos móveis, que era de uso comum na China 1.000 anos antes do nascimente de Gutenberg. Foi-nos igualmente explicado, de forma precisa, que o inglês James Watt inventou a máquina a vapor. Não, não inventou. Os motores a vapor eram utilizados largamente, na China, 600 anos antes do nascimento de Watt. Existem textos e desenhos antigos datados para ilustrar e provar que os chineses descobriram e documentaram o “Triângulo de Pascal“, 600 anos antes de Pascal o copiar, e os chineses enunciaram a Primeira Lei do Movimento, de Newton, 2.000 anos antes de Newton.

Aplica-se o mesmo a milhares de invenções que o Ocidente afirma agora como sendo suas, mas onde existe documentação conclusiva para provar que tiveram origem na China centenas e, por vezes, milhares de anos antes do Ocidente as ter copiado. Não é sem razão que Marco Polo é descrito na China como “o grande ladrão da Europa“. Os parágrafos seguintes são adaptados principalmente a partir da informação contida no livro de Robert Temple, que recomendo vivamente. (1)

A Brief Introduction to Ancient Chinese Cosmology – ALL THINGS CHINESE

Os chineses inventaram o sistema de número decimal, fracções decimais, números negativos e o zero, tão longe no passado, que a origem se perde na névoa do tempo. Os chineses rastrearam manchas solares e cometas com tal pormenor e precisão que estes registos antigos ainda hoje são utilizados como base para a sua previsão e observação. Os chineses perfuravam o solo para obter gás natural há cerca de 2.500 anos, poços com 4.800 pés de profundidade, com condutas de bambu para conduzir o gás às cidades vizinhas. Os chineses foram pioneiros na exploração e utilização do carvão muito antes de este ser conhecido no Ocidente. Marco Polo e os comerciantes árabes maravilharam-se com a “pedra negra” que os chineses extraíam do solo, que ardia lentamente durante uma noite inteira.

two-yuan note

A China imprimiu papel-moeda desde há quase 1.500 anos, feito de forma a evitar a contrafacção. Papel de embrulho, guardanapos de papel e papel higiénico eram todos de uso geral na China 2.000 anos antes de o Ocidente os poder produzir. Foram os primeiros a inventar e a desenvolver um relógio mecânico completo com uma verdadeira peça de sincronização, muitos séculos antes dos suíços o terem feito. Os chineses inventaram um sismógrafo engenhoso ainda em uso, que determina não só a gravidade como também a direcção e distância dos terramotos. Os chineses inventaram os balões de ar quente, o pára-quedas, o voo tripulado com papagaios, o carrinho de mão e os fósforos. Inventaram laboratórios hermeticamente selados para experiências científicas. Inventaram os accionamentos por correia e corrente, o vapor de rodas de pás, o rotor e a hélice do helicóptero, a ponte sustentada por arcos. Inventaram a utilização de bombas de água e correntes, a manivela, todos os métodos de construção de pontes suspensas, pinças deslizantes, o carretel de pesca, projecção de imagens, lanternas mágicas, o sistema de suspensão por cardan. A China não só inventou as rodas giratórias, as máquinas de cardar e os teares, como foi o líder mundial em inovações técnicas no fabrico de têxteis, mais de 700 anos antes da revolução têxtil britânica do século XVIII.

Geopolítica