Enlil – 22 de abril de 2022
Síntese de alguns dos principais acontecimentos no teatro de operações sírio entre 14 e 22 de abril de 2022.
Ataques Aéreos Israelenses
No final do dia 14 (23h02, horário local), a Força Aérea Israelense realizou ataques aéreos contra alvos na zona rural ocidental da capital síria, Damasco; segundo o OSHR [1] os ataques aéreos israelenses atingiram posições militares perto das cidades de Rakhlah, Ambia, Kfar Qouq e distrito de Qatana; a TV al-Arabiya, com sede nos Emirados Árabes Unidos, divulgou que o alvo dos ataques aéreos era um grande carregamento de sistemas de defesa aérea iranianos, estações de radar e UAVs [2].
Segundo o website de rastreamento de voo Flightradar24 ,um Boeing 747-281 cargueiro, iraniano, pertencente à Qeshm Fars Air fez uma viagem de Teerã para a Síria no dia 12 de abril, permanecendo no Aeroporto Internacional de Damasco por cerca de 12 horas:
https://twitter.com/SAMSyria0/status/1514974693224337409
O Ministério de Defesa da Rússia, em anúncio de 15 de abril do Contra-Almirante Oleg Zhuravlev, vice-chefe do Centro Russo para Reconciliação na Síria, divulgou que o ataque foi realizado por 2 caças Lockheed Martin F-16I Sufa [3] da Força Aérea Israelense que lançaram 2 mísseis de cruzeiro do espaço aéreo das Colinas de Golã sírias ocupadas; um dos mísseis foi abatido por um sistema antiaéreo 9K317E Buk-M2E da Força de Defesa Aérea da Síria [4].
Segundo o mesmo informe, o ataque não deixou vítimas e os danos foram apenas materiais; essas informações são atestadas por imagens de satélite recentes que mostram danos em um armazém do Exército Árabe Sírio [5] localizado perto da cidade de Kafr Qouq, ao norte do distrito de Qatana.
https://twitter.com/SAMSyria0/status/1514975948021583878
Se suspeita que um dos alvos poderia ser uma posição do Exército de Libertação da Palestina [6] em Qatana.
Os ataques israelenses tem sido “regulares” e visam sobretudo supostos fornecimentos de hardware e armas iranianas à Síria e aliados, sobretudo o Hezbollah, e/ou sítios da Força de Defesa Aérea da Síria, muito ativa no engajamento dos mísseis de cruzeiro lançados pelos caças israelenses. A Síria faz um trabalho de contenção e minimização dos efeitos desses ataques tendo em vista as prioridades das frentes no conflito interno no país.
Este foi o segundo ataque israelense à Síria em abril. No dia 9 ataques aéreos israelenses atingiram os arredores da cidade de Masyaf, na zona rural ocidental da Província de Hama. Os ataques aéreos atingiram um centro de pesquisa, uma fábrica de armas, uma base militar e um suposto local de defesa aérea.
Tensões entre o Governo Sírio e Curdos
Na última semana houve um aumentou da tensão entre o Governo Sírio e a SDF [7] na Província de al-Hasakah, no nordeste da Síria.
A SDF impôs restrições em uma série de medidas de retaliação na cidade de Qamishli em protesto ao bloqueio do Governo Sírio ao bairro curdo de Sheikh Maqsoud em Aleppo.
A SDF acusa o Governo Sírio de não atender às necessidades dos bairros curdos de Sheikh Maqsoud e Ashrafiyah em Aleppo e de impedir a entrada de farinha, combustível e alimentos; forças do órgão de segurança da SDF, o Asayish, impediram que funcionários do Governo Sírio entrassem em escritórios e prédios governamentais na cidade. Na sequência dessas ações, entraram em locais como o complexo educacional, o departamento financeiro, o departamento de eletricidade e um banco e demitiram os funcionários.
Na cidade de al-Hasakah as forças da SDF também impuseram restrições a locais controladas pelo Governo Sírio.
Segundo fontes locais da Islamic World News [8] a essência das tensões está nos acordos de compra de petróleo assinados entre o Governo Sírio e a SDF; o Governo Sírio fornece parte das necessidades dos bairros curdos de Sheikh Maqsoud e Ashrafiyah em Aleppo; quando a operação ou a transferência de petróleo estiver atrasada por algum motivo, ou houver impedimento para fazê-lo, a questão se manifesta na forma de interrupção do abastecimento de necessidades em uma área da cidade de Aleppo ou o cerco de áreas governamentais em outra cidade.
Na tarde do dia 14, mesmo dia da ocupação, os membros do Asayish se retiraram dos departamentos governamentais e instituições do Governo Sírio em Qamishli:
https://twitter.com/M86950933/status/1514649440614768641
Os russos estão mediando as negociações para reduzir a tensão na região.
O “dilema” curdo terá que ser resolvido a médio prazo à medida que o Governo Sírio retome as províncias ocupadas no noroeste do país; os curdos na Síria expandiram seu domínio para áreas muitas vezes maiores que habitavam antes do início da guerra e hoje controlam quase todo território a leste do rio Eufrates, incluindo campos petrolíferos essenciais para a retomada da economia síria (cujo petróleo é contrabandeado com apoio direito dos EUA para o Curdistão iraquiano e para a Turquia); território expandido e ocupado com apoio também da PKK [9], grupo que Washington considera terrorista na Turquia. Apesar das tensões, os curdos precisam do apoio de Damasco e dos russos contra ofensivas turcas de larga escala na Síria. Os confrontos entre curdos, o Exército Turco e seus proxies [10] são constantes nas linhas de contato das respectivas áreas de ocupação no norte e nordeste da Síria.
O aumento da tensão pode levar a uma escalada turca cuja contenção os curdos dependem diretamente de agentes internos e externos na Síria (Governo de Damasco, Rússia e EUA).
Ataque à Base dos EUA no Campo Petrolífero de Omar
– No dia 15 de abril a coalizão dos EUA na Síria [11] divulgou que o ataque do dia 7 de abril à base “Green Village” no campo petrolífero de Omar, na Província de Deir Ezzor, foi resultado de “sabotagem”, não fogo indireto:
“Em 7 de abril, oficiais da Força-Tarefa Conjunta Combinada – Resolução Inerente – anunciaram um ataque de fogo indireto em Green Village, no leste da Síria. Após uma investigação mais aprofundada, os oficiais do OIR avaliam que as explosões em Green Village não foram resultado de fogo indireto, mas sim da colocação deliberada de cargas explosivas por um(s) indivíduo(s) não identificado(s) em uma área de armazenamento de munição e instalações de chuveiro”, disse a coalizão em comunicado.”
No entanto, apesar desse anúncio oficial, logo após o ataque de fontes curdas da SDF, apoiadas pelos EUA na ocupação da região, tinham apontado de imediato que a responsabilidade do ataque era de forças pró-iranianas que atuam na área.
Operações do Exército Árabe Sírio e da Força Aérea Russa contra o ISIS
A Força Aérea Russa continua mantendo a grande intensidade de ataques aéreos das últimas semanas contra as células do ISIS [12] que permanecem na região central da Síria (leste da Província de Hama, nordeste de Homs, sul de al-Raqqa e oeste de Deir Ezzor); apenas no dia 16 de abril realizaram 25 ataques aéreos. Segundo o OSHR os ataques aéreos atingiram esconderijos do ISIS perto das cidades de al-Resafa e Madan, no sul da Província de al-Raqqa, e nos arredores da cidade de Ithriyah, no leste da Província de Hama.
No dia 17 o Exército Árabe Sírio e aliados, com apoio da Força Aérea Russa, realizaram uma grande operação no sul da Província de al-Raqqa, nos arredores da cidade de Madan e da vizinha al-Resafa, contra as células do ISIS na região.
Cidade de Madan, Província de al-Raqqa.
Cidade de al-Resafa, Província de al-Raqqa.
Os ataques aéreos russos e a operação do dia 17 foram provavelmente uma resposta a recentes ataques de células do ISIS a unidades da NDF [13] no interior ocidental da Província de Deir Ezzor.
Nos últimos meses, as células dos ISIS tem itensificado suas operações na região central do país o que levou ao envio de reforços do Exército Árabe Sírio para a região e várias campanhas de bombardeio a suas posições pela Força Aérea Russa. Essas células mantém esconderijos na região central desértica do país e podem ficar meses, ou até anos inativas; no grande avanço do Exército Árabe Sírio e aliados de 2017, para romper o cerco a cidade de Deir Ezzor e conter também o ímpeto da expansão curda, com apoio dos EUA, a leste do rio Eufrates, várias células do ISIS se mantiveram na região central do país; tendo em vista prioridades em várias outras frentes, não possível realizar um operação de limpeza definitiva dessas células na região até o momento.
Exercícios dos EUA e Proxies em al-Tanf
No dia 16 de abril, a coalização dos EUA e seus proxies do MaT [14] realizaram exercícios de tiro reais na área de entorno de al-Tanf [15] ocupada (vide mapa da Síria postado no início do Sitrep); durante o exercício as tropas estadunidenses lançaram foguetes do sistema M142 HIMARS [16] e caças Lockheed Martin F-16C Fighting Falcon da Força Aérea dos EUA lançaram bombas contra vários alvos:
https://www.youtube.com/watch?v=4jOy4c0H9ag
Cerca de 200 soldados dos EUA e 300 combatentes do MaT são geralmente mantidos na guarnição de al-Tanf, estabelecida em 2016. Os EUA mantêm uma zona de exclusão aérea e de veículos de cerca de 55 quilômetros ao redor dessa guarnição.
Guarnição de al-Tanf. Província de Homs.
A área de al-Tanf é desértica e esparsamente habitada; no entanto, em outros lugares da Síria com presença de Forças dos EUA, a hostilidade de habitantes locais contra essas forças tem sido cada vez maiores; com frequência seus veículos têm trânsito impedido, tanto por civis quanto por forças do Exército Árabe Sírio; na Província de al-Hasakah, no nordeste da Síria, que faz fronteira com o Curdistão Iraquiano, de onde transitam comboios dessas forças para a Síria, grupos de veículos dos EUA foram hostilizados por locais dia 17 de abril e 19 de abril quando tentavam cruzar por vilas locais para ter acesso à rodovia M4 (que liga a Província ao Iraque), na região de al-Qamishli. Dia 22 um outro comboio com 35 veículos com equipamentos, logística, munição e combustível entrou na região vindo do Iraque.
Dia da Independência e Novos Blindados Recebidos pelo Exército Árabe Sírio
No dia 17 de abril de 2022 se comemorou o 76º Dia da Independência da Síria; efeméride chamada de “Dia da Evacuação” na Síria, quando o último soldado colonial francês deixou o país (17 de abril de 1946).
Durante os cerimoniais foi divulgado pela primeira vez, via agência SANA [17], o recebimento pelo Exército Árabe Sírio de blindados BRDM-2MS fornecidos pela Rússia.
O BRDM-2MS é uma modernização dos blindados de reconhecimento/patrulha BRDM-2. Dentre as melhorias estão blindagem adicional, um novo motor e redução do peso do blindado.
Ataques Aéreos da Força Aérea Russa Contra o HTS em Idlib
Dia 19 de abril a Força Aérea Russa realizou uma série de ataques aéreos contra posições do HTS [18] na Grande Idlib [19]; atingiram alvos nas cidades de al-Bara e Ehsim, no Monte al-Zawiya, no interior do sul de Idlib.
https://twitter.com/ala_hacioglu/status/1516519670861422602
Dia 22 de abril realizaram uma nova onde ataques contra posições do HTS na cidade de Ruweiha, na zona rural do sul da Província de Idlib, perto da cidade de al-Enkawi, na zona rural do noroeste da Província de Hama:
Os ataques foram uma resposta a violação do cessar-fogo pelo HTS em Idlib; essa foi a terceira e quarta ondas de ataques aéreos russos em abril, contra alvos do HTS e aliados, na mesma região da Província, por violações do cessar-fogo.
Confrontos entre Turcos e Curdos
Dia 14 dois militantes da Jabhat al-Shamiyah [20], grupo proxie turco, foram mortos quando um ATGM [21] lançado por Forças Curdas atingiu seu veículo perto da cidade de Marimeen, na região de Afrin, ocupada pelos turcos, no norte do país, zona rural da Província de Aleppo:
https://twitter.com/Almohrar1/status/1514585322079805440
Foi provavelmente uma resposta a ataques recentes de UCAVs [22] turcos contra áreas controladas pela SDF no norte e nordeste da Síria.
No dia 20 de abril, os turcos realizaram novos ataques com UCAVs contra a posições da SDF no nordeste da Síria, em al-Qamishli, na Província de al-Hasakah:
https://www.youtube.com/watch?v=XuHUFogwHdc
E contra um veículo entre as aldeias de Idiq e Takhtak, ao sul da cidade de Kobane, no nordeste da Província de Aleppo:
https://www.youtube.com/watch?v=AWBcv7BSARQ
3 combatentes da YPJ [23] foram mortas nesse ataque, uma delas comandante.
Em 21 de abril, um outro ataque turco contra a SDF atingiu alvos na cidade de Tell Damshig, no norte da Província de al-Hasakah. Após o ataque de UCAV militares turcos e proxies atacaram com artilharia as cidades de Tell Tawil e Umm Wagfah, perto de Tell Damshig.
No dia 22 de abril, a SDF atingiu um MRAP [24] BMC Kirpi II do Exército Turco com um ATGM num posto de controle em Marea, Província de Aleppo:
https://www.youtube.com/watch?v=dWeROisonDE
Cidade de Marea, Província de Aleppo.
No mesmo dia outro MRAP BMC Kirpi II do Exército Turco foi atingido com um ATGM numa estrada perto da cidade de Marea:
https://www.youtube.com/watch?v=Bc59R45ei-o
Uma resposta a ataques recentes de UCAVs e artilharia turcos e de seus proxies.
Os militares turcos e seus proxies responderam aos ataques novamente bombardeando várias cidades e vilarejos controlados pela SDF no interior do norte de Aleppo.
Os UCAVS turcos têm sido bem ativos nas áreas controladas pela SDF no norte e nordeste da Síria nas últimas semanas; nos últimos dias escalando com ataques de artilharia em reposta ao ataques curdos. A SDF responde a esses ataques com cautela com o receio que uma escalada leve a nova ofensiva turca em grande escala contra suas áreas de ocupação na região.
A Escalada de Insegurança em Daara Continua
Em 20 de abril, um grupo de militantes atacou policiais na cidade de Athman, no interior da Província de Daraa. Durante a fuga da cidade mantiveram 2 policiais reféns.
Cidade de Athman, Província de Daara.
O líder dos militantes, identificado como Abu Tariq al-Subayhi, divulgou em vídeo após o ataque que os policiais só seriam libertados por meio de uma troca de prisioneiros com as autoridades sírias:
https://www.youtube.com/watch?v=SqixfiRdLE0
Al-Subayhi, procurado por crimes de guerra, é um ex-comandante de uma facção extinta do FSA [25], a Brigada Saif al-Haq [26].
A Província de Daara foi reconquista pelo Exército Árabe Sírio em uma grande ofensiva em junho-julho de 2018; no entanto, várias células de grupos armados permanecem ativas na Província; com frequência têm atacado as Forças de Segurança, Inteligência ou do Exército Árabe Sírio, sobretudo desde 2020. No dia 22 de abril, um membro da inteligência militar Síria foi assassinado na cidade de Nawa.
Da mesma forma que em outras Províncias já reconquistadas, a luta que continua em outras frentes impediu que o Governo Sírio fizesse operações de limpeza definitivas nas áreas com problemas sérios de segurança, embora, de fato, as operações para a apreensão de armas têm sido realizadas com regularidade.
Terrorismo em Damasco
Em 21 de abril, uma explosão abalou o distrito de al-Wurud, noroeste da capital síria, Damasco.
Segundo informou a agência SANA um IED [27] foi colocado debaixo de um carro no distrito. A explosão destruiu o carro mas ninguém saiu ferido:
De acordo com fontes pró-governo o carro pertencia a um Coronel do Exército Árabe Sírio.
Distrito al-Wurud em Damasco.
Esse foi o segundo ataque em abril; no dia 6 um engenheiro do Exército Árabe Sírio foi morto quando um IED atingiu seu veículo numa rodovia no sul da capital.
As agências de inteligência sírias [28] têm continuamente feito operações para neutralizar as células terroristas no país, notoriamente vinculadas ao HTS e ISIS, cujo objetivo é desestabilizar áreas controladas e/ou reconquistas pelo Governo Sírio.
Enlil: Editor do canal público Frente Oriental no Telegram (https://t.me/frenteoriental), dedicado a História, Geopolítica e Defesa, com foco em China, Irã, Rússia e conflitos no Oriente Médio (sobretudo envolvendo as forças do “Eixo da Resistência” do Irã-Iraque-Síria-Líbano e Iêmen), na África e outras regiões da Ásia (sobretudo Central).
Notas:
[1]. OSHR: Syrian Observatory for Human Rights (Observatório Sírio para os Direitos Humanos), com sede em Londres, Inglaterra.
[2]. UAV: Unmanned Aerial Vehicle (VANT: Veículo Aéreo Não Tripulado).
[3]. Os caças israelenses, normalmente Lockheed Martin F-16I Sufa e/ou Boeing F-15I Ra’am, geralmente lançam seus mísseis do Mar Mediterrâneo, do espaço aéreo das Colinas de Golã sírias ocupadas ou do Líbano, fora do envelope de engajamento dos sistemas de defesa antiaéreos sírios;
[4]. A Força de Defesa Aérea da Síria é um ramo independente das Forças Armadas Sírias; no ocidente geralmente sistemas antiaéreos de médio e longo alcance pertence ao Exército ou Força Aérea.
[5]. Exército Árabe Sírio: Forças Terrestres das Forças Armadas Sírias.
[6]. O Exército de Libertação da Palestina é um grupo armado de resistência à ocupação da Palestina por Israel, que tem como base a Síria. Com o início da Guerra na Síria em 2011 seus combatentes passaram a se engajar contra os grupos jihadistas e terroristas que atuam por procuração de países estrangeiros no país (EUA, Israel, Europa, Turquia e países árabes) em apoio ao Exército Árabe Sírio.
[7]. Syrian Democratic Forces: Forças Democráticas Sírias; milícias curdas e aliados apoiadas pelos EUA.
[8]. Fontes dessas informações e excertos de tradução; tradução na íntegra postada em: https://t.me/frenteoriental/2326
[9]. PKK: Partiya Karkerên Kurdistan (Partido dos Trabalhadores do Curdistão); organização política e movimento armado curdo que atua principalmente no sudeste da Turquia e norte do Iraque; com início da guerra na Síria em 2011 também começam atuar no país como base da SDF.
[10]. Proxie: Combatentes de “Guerra por Procuração”, ou seja, locais ou estrangeiros que lutam no lugar do Exército nacional do país estrangeiro intervencionista.
[11]. Combined Joint Task Force – “Inherent Resolve”: Força-Tarefa Conjunta Combinada – “Resolução Inerente”.
[12]. ISIS: Islamic State in Iraq and Syria (Estado Islâmico no Iraque e na Síria); também chamado ISIL (Islamic State in Iraq and the Levant: Estado Islâmico do Iraque e do Levante); localmente, Iraque e Síria, é conhecido pela abreviação de seu nome em árabe Dāʿish ou Daesh, de al-Dawlah al-Islāmiyyah fī al-ʿIrāq wa al-Shām.
[13]. NDF: National Defense Forces (Forças de Defesa Nacional); milícia aliada do Exército Árabe Sírio no combate aos grupos jihadistas e terroristas no país; foi formada no fim de 2012 e é composta por voluntários em unidades em várias Províncias sírias.
[14]. MaT: Maghaweir al-Thowra (Revolutionary Commando Army: Exército de Comando Revolucionário); grupo armado apoiado pelos EUA que ocupa a área de entorno de al-Tanf.
[15]. al-Tanf: Uma das 3 passagens de fronteira oficiais entre a Síria e o Iraque, no “centro-sul” do país; é designada al-Waleed, no entanto os sírios a chamam de al-Tanf; a passagem está localizada no distrito de Ar-Rutba, na Província de al-Anbar, oeste do Iraque, perto do ponto mais a nordeste da Jordânia, e Província de Homs, na Síria. É o principal posto de fronteira na estrada entre Damasco e Bagdá. Obviamente os EUA, com apoio do seu governo títere na Jordânia, mantém a ocupação da área para impedir o livre fluxo entre as capitais da Síria e do Iraque e outras regiões dos 2 países.
[16]. M142 HIMARS: M142 High Mobility Artillery Rocket System (Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade); MRLS (Multiple Launch Rocket System: Sistema de Foguete de Lançamento Múltiplo) do US Army (Exército dos EUA).
[17]. SANA: Syrian Arab News Agency (Agência de Notícias Árabe Síria); agência de notícias oficial do Governo Sírio.
[18]. HTS: Hay’at Tahrir al-Sham (Organização para a Libertação do Levante); grupo militante salafista, com ligações históricas e conflitantes com a al-Qaeda; é um dos principais grupos armados da guerra na Síria; foi formado a partir de uma coligação da Jabhat Fateh al-Sham (antiga Frente al-Nusra) com outros grupos militantes menores; é o principal grupo armado não estatal em áreas conflagradas das Províncias de Idlib e Aleppo.
[19]. Grande Idlib: Idlib, capital da Província de Idlib, no noroeste da Província, e entorno, onde há grande concentração da oposição armada ao Governo Sírio no oeste do país, principalmente do HTS e aliados. Na teoria há um cessar-fogo nas áreas ocupadas da Província; no entanto sempre é desrespeitado pela oposição armada.
[20]. Jabhat al-Shamiyah: Frente al-Shamiya; grupo armado apoiado pelos turcos que atua principalmente na região da Província de Aleppo; o grupo faz parte do SNA (Syrian National Army: Exército Nacional Sírio), “coalizão” de grupos armados/facções apoiados pelos turcos, estabelecido oficialmente a partir de 2017.
[21]. ATGM: Anti-Tank Guided Missile (Míssil Anticarro Guiado).
[22]. UCAV: Unmanned Combat Aerial Vehicle (Veículo Aéreo de Combate Não Tripulado).
[23]. YPJ: Yuh-Pah-Juh (Unidades de Proteção da Mulher); milícia curda integrada por mulheres que faz parte da SDF (vide nota 7).
[24]: MRAP: Mine-Resistant Ambush Protected (Resistente a Minas / Protegido Contra Emboscadas); veículo blindado utilitário projetado para resistir a minas terrestres e IED; há vários níveis de proteção, de acordo com a categoria do veículo.
[25]. FSA: Free Syrian Army (Exército Sírio Livre); “coalizão” de grupos armados/facções apoiados pelos EUA, países da Europa Ocidental, Árabes e Turquia formada em 2011; ao longa da guerra vários grupos e facções armadas fizeram parte do FSA, várias deles islamitas/salafistas; o FSA se propôs a ser o “principal” grupo “moderado” de mudança de regime na Síria; no entanto, diferentes interesses, financiamentos, ideologias e agentes externos nunca fizeram do FSA uma força coesa e disciplinada; lutas fraticidas frequentemente emergiam no ceio do FSA; após a intervenção militar turca na Síria em 2016, e à medida que outros países começaram a reduzir seu envolvimento, o FSA tornou-se cada vez mais dependente da ajuda turca. Em meados do segundo semestre de 2016 os turcos passaram a organizar uma nova coalizão de grupos armados, de acordo com os seus interesses específicos, chamada SNA (Syrian National Army: Exército Nacional Sírio), estabelecido oficialmente a partir de 2017. Vários dos principais grupos do FSA passaram desde então a fazer parte do SNA. Os grupos restantes passaram por várias divisões internas e uma disputa fraticida pelo próprio uso do “selo” FSA. Atualmente remanescentes do FSA (ou que se autointitulam), ou ex-integrantes, tem agido em algumas áreas ocupadas no norte da Síria ou liberadas pelo Exército Árabe Sírio como as Províncias de Daara, Damasco e Rif Dimashq.
[26]. A Brigada Saif al-Haq se uniu a outros grupos do FSA em 2015 para formar a “111ª Divisão de Infantaria”:
https://www.youtube.com/watch?v=IIlrD5WrA8w
[27]. IED: Improvised Explosive Device (Dispositivo Explosivo Improvisado); os IEDs são geralmente utilizados em estradas (enterrados ou ocultos no terreno do entorno) e acionados por contato ou controle remoto.
[28]. As principais agências de inteligência sírias são a Diretoria Geral de Inteligência (ʿIdārat al-Mukhābarāt al-ʿAmmāh), vinculada ao Ministério do Interior, e a Diretoria de Inteligência Militar (Shu’bat al-Mukhabarat al-‘Askariyya), as Forças Armadas.
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