Relatório sobre a análise dos documentos da atividade militar e biológica dos EUA pelo Chefe das Tropas de Proteção da NBC Tenente-General Igor Kirillov

Ministério da Defesa da Federação Russa – 30 de janeiro de 2023 -[Gentilmente traduzido e enviado por ZT]

O Ministério da Defesa da Federação Russa tem repetidamente notado os sinais da implementação de “programas de dupla finalidade” pelos EUA e seus aliados fora de seus territórios nacionais, inclusive dentro da operação dos biolaboratórios financiados pelo Pentágono ou seus contratados.

O fato de os Estados Unidos terem bloqueado a iniciativa de estabelecer um mecanismo de monitoramento da Convenção sobre Armas Biológicas e Tóxicas (BWC – Biological Weapons Convention ou BTWC – Biological and Toxin Weapons Convention- NT) na 9ª Conferência de Revisão confirma mais uma vez que Washington tem algo a esconder, enquanto a transparência da pesquisa biológica contradiz os interesses dos EUA.

Já informamos anteriormente sobre os trabalhos para melhorar as características patogênicas do agente causador da COVID-19, realizados na Universidade de Boston com fundos do orçamento estatal dos EUA, bem como o possível envolvimento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) no surgimento do novo coronavírus.

O papel-chave na implementação dos projetos acima mencionados pertence à organização intermediária da EcoHealth Alliance. Os documentos disponíveis da Agência de Redução de Ameaças da Defesa (DTRA – Defense Threat Reduction Agency – NT) dos Estados Unidos confirmam que, desde 2015, os profissionais da empresa acima mencionada têm estudado a diversidade da população de morcegos, buscando novas cepas de coronavírus, e os mecanismos de sua transmissão de animais para humanos. Mais de 2,5 mil exemplares já foram pesquisados.

Pesquisa de dupla finalidade conduzida nos EUA e no exterior

O projeto de pesquisa do vírus zoonótico no sudeste asiático contém as seguintes recomendações para os funcionários da EcoHealth Alliance: “… Se algum dos experimentos propostos para o Objetivo 1 resultar em um vírus com um fenótipo de patogenicidade e/ou transmissibilidade melhorada, crescimento aumentado em mais de 10 vezes quando comparado a cepas de tipo selvagem…, o receptor deve imediatamente interromper o trabalho e notificar o Oficial do Programa NIAID, o Especialista em Gestão de Subsídios e o comitê de biossegurança institucional apropriado…”.

O alto grau de prontidão dos fabricantes de vacinas do mRNA dos EUA para uma pandemia da nova infecção por coronavírus levanta questões. Há a impressão de que as empresas farmacêuticas tinham produzido as preparações de vacinas com antecedência, sendo incapazes de introduzi-las rapidamente no mercado devido às características específicas do vírus que se traduzem em baixa eficiência de vacinação e numerosos efeitos colaterais.

Deve-se lembrar que em 18 de outubro de 2019, dois meses antes dos primeiros relatórios oficiais sobre o surgimento da nova infecção pelo coronavírus na China, a Universidade John Hopkins, apoiada pela Fundação Bill & Melinda Gates, conduziu o exercício Event 201 em Nova York.

Este exercício simulou a epidemia de um coronavírus previamente desconhecido que, de acordo com o cenário, foi transmitido de morcegos para humanos através de porcos, o hospedeiro intermediário.

O surto da pandemia da COVID-19 precisamente de acordo com este cenário levanta questões sobre sua natureza premeditada, o envolvimento dos EUA neste incidente, bem como os objetivos reais dos programas biológicos dos EUA destinados a melhorar as características de patógenos perigosos.

Teste de medicamentos em cidadãos ucranianos, uso de psicoestimulantes e narcóticos por militares da Forças Armadas Ucranianas

Temos observado repetidamente que os Estados Unidos conduzem os estudos mais controversos em termos do direito internacional fora do seu território nacional.

Os exemplos são as experiências relacionadas à infecção pelo HIV que têm sido realizadas por especialistas dos EUA na Ucrânia desde 2019. Deve-se enfatizar que os grupos alvo incluem não apenas “pacientes com infecção de alto risco” (condenados ou dependentes de drogas), mas também representantes das Forças Armadas da Ucrânia.

As instalações do Centro Médico Pharmbiotest em Rubezhnoye foram exploradas durante a operação militar especial no território libertado da República Popular de Lugansk. Era um local para ensaios clínicos para testar os medicamentos que causavam sérios efeitos colaterais: eles incluem medicamentos para tratar leucemia, distúrbios mentais, doenças neurológicas, epilepsia e outras doenças perigosas.

No início de 2023, os residentes de Lisichansk encontraram um grande depósito de resíduos biomateriais pertencentes ao Pharmbiotest. As amostras clínicas e os registros clínicos dos pacientes com seus dados pessoais foram enterrados em vez de serem cremados ou eliminados de maneira apropriada, prescrita pelas regras. Isto significa que as provas estavam sendo eliminadas com extrema pressa.

O Ministério da Defesa da Federação Russa recebeu dados sobre numerosos fatos do pessoal militar ucraniano que tomava estimulantes e narcóticos (tramadol, metadona, anfetaminas). Os fatos sobre o contrabando de morfina para zonas de guerra foram revelados. É preciso lembrar que, de acordo com as leis ucranianas, a circulação e o transporte ilegais dos produtos acima mencionados devem ser punidos com privação de liberdade que varia de oito a 12 anos.

A Rússia considera que as ações cometidas pelos funcionários que realizaram a pesquisa sobre o pessoal ucraniano, cujo sangue continha altas concentrações de antibióticos, narcóticos, anticorpos aos agentes causadores de doenças infecciosas, requerem uma avaliação legal apropriada.

Pessoas envolvidas na pesquisa militar-biológica dos EUA na Ucrânia

Durante a operação militar especial, o pessoal russo adquiriu mais de 20.000 documentos, materiais de referência e analíticos, bem como testemunhas pesquisadas e participantes dos programas biológicos dos Estados Unidos. Os materiais acima mencionados confirmam que o Pentágono visava criar elementos de uma arma biológica e testá-la na população da Ucrânia e de outros países ao longo do perímetro das fronteiras russas.

O Ministério da Defesa da Federação Russa já divulgou os nomes dos participantes dos programas militares e biológicos, incluindo os dos representantes do Partido Democrata dos EUA, funcionários do departamento militar dos EUA e das organizações contratantes do Pentágono.

Os relatórios da DTRA nos levaram às novas informações sobre as pessoas-chave envolvidas nos chamados projetos ucranianos que têm permanecido na sombra até agora.

Entre elas estão:

Karen Saylors, CEO da Labyrinth Global Health e ex-diretora dos programas da Metabiota na África Central. Desde 2016, Saylors tem trabalhado na Ucrânia como principal conselheira no projeto UP-10, dedicado ao estudo de formas de propagação da peste suína africana.

Colleen B. Jonsson, funcionária da Universidade do Tennessee, diretora do Instituto de Estudos de Sistemas Host-Pathogen. Ela observou o projeto UP-8, dedicado ao estudo das capacidades do agente causador da febre da Crimeia-Congo na Ucrânia. Jonsson gerenciou a seleção de amostras biológicas do pessoal ucraniano, providenciou a cooperação entre os especificadores do contrato nos EUA e o Centro de Saúde Pública do Ministério da Saúde da Ucrânia.

Lewis Von Thaer, Presidente e CEO da empresa Battelle, um dos principais contratantes do Pentágono e do Departamento de Energia dos Estados Unidos. Desde 2003, a empresa é responsável pela organização de projetos de pesquisa na Ucrânia relacionados a infecções zoonóticas.

Outras pessoas envolvidas nos projetos ucranianos são apresentadas no slide. O material adquirido será apresentado ao Comitê de Investigação para medidas que levem os culpados à justiça.

Transferência de projetos ucranianos inacabados para países terceiros

A ação ativa do Ministério da Defesa da Federação Russa resultou na paralisação dos programas biológicos militares na Ucrânia. A este respeito, o Pentágono está transferindo ativamente os estudos, que não foram concluídos dentro dos projetos ucranianos, para a Ásia Central e países da Europa Oriental. Ao mesmo tempo, a cooperação com os países africanos e da Ásia-Pacífico – Quênia, Cingapura e Tailândia – está sendo ativamente aprimorada.

Sob a pressão da comunidade internacional, Washington muda suas abordagens para organizar sua atividade biológica militar, transferindo as funções do cliente para departamentos puramente civis: o Departamento de Saúde, o Departamento de Energia e a Agência para o Desenvolvimento Internacional. Isto permitirá às autoridades estadunidenses evitar críticas em locais internacionais e desviar um golpe do Departamento de Defesa e da DTRA.

Dentro da restrição das atividades biológicas militares na Ucrânia, os Estados Unidos utilizam ativamente a base material das empresas químicas e farmacológicas da Polônia e dos países bálticos, para onde o equipamento do território ucraniano foi enviado. O financiamento, imposto pelo Ocidente coletivo, faz com que os países pós-soviéticos escondam a verdadeira natureza dessas ações.

A União Europeia está promovendo ativamente a iniciativa de implantar uma rede de centros de “excelência” no campo da proteção nuclear, biológica e química, que prevê a colocação de biolaboratórios financiados pela UE nos territórios da ex-União Soviética. Os possíveis parceiros são altamente recomendados “…a não anunciar esta iniciativa devido a sua extrema sensibilidade para a Federação Russa…”.

Ao mesmo tempo, é enfatizado que os países da Ásia Central “… já estão se beneficiando da cooperação técnica com a União Europeia…”.

Em 2022, os EUA, o Canadá e os países da União Europeia iniciaram programas para empregar e transferir os profissionais ucranianos, que já haviam estado envolvidos em obras biológicas militares, para países ocidentais. É principalmente devido às preocupações de que a aplicação da lei russa possa receber testemunhos adicionais sobre as atividades ilegais realizadas em violação às obrigações internacionais. 

Surto de febre do Vale do Rift na área da Unidade de Pesquisa Médica Naval Três (NAMRU-3)

É de salientar que a estratégia de “expansão militar e biológica” não é fundamentalmente nova, e foi fundada pelos Estados Unidos no período do conflito coreano.

Desde os anos 1950, laboratórios biológicos foram estabelecidos na África, América Central e do Sul, assim como no Sudeste Asiático, com o papel prioritário da Marinha dos Estados Unidos. Seu principal objetivo era amostrar agentes causadores de infecções altamente perigosas, e determinar o nível de morbidade entre a população local.

As áreas, onde esses laboratórios se localizavam, testemunharam uma deterioração da situação epidêmica em relação às infecções altamente perigosas, assim como agora. Novas doenças, não características destas regiões, surgiram. Um dos exemplos é o surto de Febre do Vale do Rift em 1977 no Cairo, onde se encontrava a Unidade de Pesquisa Médica Naval Três dos EUA.

Esta doença havia sido registrada anteriormente apenas ao sul do Saara, mas depois surgiu repentinamente no Egito, infectando simultaneamente 18.000 pessoas. Análises posteriores das amostras retiradas da população mostraram que o número total de pessoas infectadas era de cerca de 2.000.000.

Uma série de provas revelam a natureza artificial deste surto e o envolvimento do laboratório dos EUA.

Primeiro, vários meses antes do início da epidemia, seu pessoal havia sido vacinado contra a Febre do Vale do Rift, embora não houvesse registros de um surto desta infecção naquela região, enquanto que nas regiões endêmicas da África, ela prosseguiu como uma doença leve semelhante à gripe que não causou nenhuma morte humana.

Em segundo lugar, o agente causador adquiriu subitamente alta patogenicidade para os humanos durante a epidemia no Egito. A doença causou hemorragia, lesões graves nos olhos e no sistema nervoso. O vírus tornou-se altamente patogênico e quase pôde ser comparado com a varíola, e às febres de Marburg e Lassa a este respeito. É extremamente difícil definir a súbita mudança de patogenicidade do vírus por sua evolução natural.

A análise da forma do foco inicial é de particular interesse. A forma deste foco epidemiológico lembra um traço de nuvem de aerossol que pode surgir em caso de dispersão intencional de um biomaterial ou de sua liberação acidental no ambiente.

Apesar da base evidente disponível sobre a natureza artificial do surto, a liderança dos EUA fez de tudo para ocultar o envolvimento do laboratório neste incidente. Somente em 2019, foi decidido transferi-lo para a Estação Aérea Naval dos EUA Sigonella, na Itália, para continuar as pesquisas sobre patógenos altamente perigosos, incluindo o coronavírus.

Mudança na atitude global em relação aos biolaboratórios financiados pelo Pentágono

Em conclusão, gostaria de observar que a divulgação do conteúdo dos programas biológicos militares do Pentágono na Ucrânia pela Federação Russa ganhou uma ampla resposta do público.

Manifestações em massa contra as atividades dos laboratórios financiados pelos Estados Unidos foram realizadas nos países da antiga União Soviética. Organizações não-governamentais da União Econômica Eurásia adotaram uma resolução contra os biolaboratórios financiados pelo Pentágono.

Várias investigações foram iniciadas nos próprios Estados Unidos. A aplicação da lei estadunidense prestou atenção aos tópicos relacionados ao suborno de funcionários de redes sociais e meios de comunicação de massa enquanto transmitia a causa da nova infecção pelo coronavírus, bem como manipulou a opinião pública sobre as vacinas estadunidenses contra a COVID-19 encomendadas por corporações biotecnológicas e farmacêuticas.

É preciso lembrar que fazer lobby junto aos interesses das grandes empresas farmacêuticas pelo governo dos EUA é uma prática comum. Em 2010, a operação de um Centro Biológico Médico da Marinha dos EUA em Jacarta foi interrompida devido a um “conflito de interesses” e várias violações.

Os estadunidenses realizaram seus trabalhos fora do programa de pesquisa acordado, realizaram amostragens não autorizadas e se recusaram a informar o governo indonésio sobre os objetivos de seus trabalhos e os resultados alcançados. Estes biomateriais acabaram sendo utilizados em benefício da empresa Gilead, afiliada ao Pentágono, que testou seus preparativos na Ucrânia e Geórgia (incluindo, mas não se limitando nisso).

O exemplo da Indonésia foi seguido pela Malásia: o governo daquele país decidiu estabelecer um controle especial sobre as atividades do biolaboratório financiado pelos Estados Unidos.

Portanto, as preocupações da comunidade internacional, relacionadas com as atividades dos biolaboratórios financiados pelo Pentágono, estão aumentando gradualmente. As questões, levantadas pela Federação Russa nos locais internacionais – 9ª Conferência de Revisão dos Estados Membros da Convenção sobre Armas Biológicas e Tóxicas, e o Conselho de Segurança da ONU – revelaram a relutância dos EUA em conduzir um diálogo consistente. A Rússia considera extremamente importante que a divulgação dos fatos que revelam as atividades militares e biológicas ilegais tenha levado vários países a considerar as possíveis consequências de sua cooperação com os EUA em matéria de biossegurança, e a dar uma nova olhada na necessidade e na lógica deste tipo de cooperação.

O Ministério da Defesa da Federação Russa continuará seu trabalho nesta direção e apresentará um relatório sobre o assunto.


Fontes:

Canal Telegram: https://t.me/mod_russia_en/5970

Documentos completos: https://disk.yandex.ru/d/FJOWVgmGMaOEWg

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