Paulino Cardoso e Mariana Schlickmann (*) – 24 de março de 2024
De acordo com a Comissão Eleitoral Central Russa (CEC), Vladimir Putin garantiu uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais do país, com mais de 87 por cento dos votos, depois de todas as cédulas terem sido contadas na segunda-feira, marcando a sua reeleição com um número recorde de votos.
Antes das eleições presidenciais russas, ninguém duvidava que Putin venceria. Os outros candidatos, Nikolai Kharitonov nomeado pelo Partido Comunista da Rússia, Leonid Slutsky do Partido Liberal Democrático e Vladislav Davankov, representando o Partido Novas Pessoas, não conseguiram competir com Putin em termos de experiência política e reputação. O foco desta eleição nunca foi se Putin poderia ser reeleito como presidente, mas quanto a população se mobilizaria na participação eleitoral.
Segundo o Cui Heng, cientista político chinês, a participação eleitoral este ano atingiu 77,4%, disseram autoridades eleitorais russas. É o nível mais alto nas cinco eleições presidenciais em que Putin participou desde o século XXI. Uma das razões mais importantes para uma participação tão elevada é que a Rússia se encontra numa encruzilhada para decidir o futuro do país.
Como, igualmente notou o analista Scott Ritter, o país enfrenta o desafio da necessária mudança geracional e de estabelecimento de uma futura estrutura de poder, depois de mais de duas décadas da Era Putin. É possível que calmamente vejamos nos próximos tempos uma mudança na equipe dirigente, adequada para a preparação de uma Federação Russa sem Putin.
Para desespero dos Ocidentais, ansiosos por uma mudança de regime que levassem ao desdobramento do país em inúmeros Estados falidos, o comparecimento massivo dos 113 milhões de eleitores e seu voto em Vladimir Putin, atesta uma confiança do povo russo em seu líder e sua capacidade de promover o desenvolvimento nacional com estabilidade e justiça social.
Heng nos lembra que, “a visão que o Ocidente tem da Rússia como inimiga ajudou inadvertidamente a vitória esmagadora de Putin. O isolamento da Rússia da comunidade internacional pela Europa e pelos EUA estimulou, sem dúvida, o orgulho e o desejo do povo russo por um líder forte, tornando-o mais inclinado a eleger um homem forte, resoluto e inflexível.”
O jornalista José Reinaldo Carvalho, editor internacional do site Brasil 247, chama atenção para o significado internacional dessa vitória arrasadora de quase 88% dos votantes, indicando a dimensão da sua popularidade, capacidade de liderar o país e de “desempenhar um papel construtivo no mundo multipolar, ao lado dos países do BRICS e do conjunto do Sul Global”.
Este é o sentido do chororô do Imperialismo Ocidental, e sua mídia, de modo a deslegitimar a vitória retumbante do presidente russo. Desespero que é acompanhado por toda mídia corporativa e, sem surpresa, pela esquerda liberal e identitária, por ele denominada jocosamente de uma falsa esquerda cirandeira.
Incapazes, por motivos óbvios, de não reconhecer a vitória nas eleições, não podem esconder a decepção com “o completo fracasso das ações políticas, diplomáticas, econômicas e militares do imperialismo estadunidense e seus aliados da Otan de guerrear contra a Rússia tendo como intermediário a Ucrânia.” Conclui, José Reinaldo.
Mas devemos dar o crédito ao Imperialismo Ocidental, que conseguiu incutir nas mentes de seus súditos, tanto de esquerda quanto de direita, que só pode ser considerado um regime democrático um país que mude de presidente a cada 8 anos. Não importa quão falido seja o sistema, desde que tenha uma figura representativa mudando de tempos em tempos. Por isso, figuras como Putin e Xi Jinping, que ultrapassam esse período ao poder, e trazem crescimento para seus países, são vistas como ditatoriais. Mas isso é papo para um outro debate.
De fato, as potências imperialistas, lideradas Emmanuel Macron, o leviano, segundo ex-chanceler francês Dominique Vilepin, se desesperam porque Vladimir Putin emerge desse processo eleitoral, como um líder de um país chave no cenário internacional, como em aliança com China e, quem sabe com o BRICS, no processo de consolidação do mundo multipolar.
Assim, a vitória de Vladimir Putin é um triunfo do Sul Global.
Referencias:
- Cui Hueng. https://www.globaltimes.cn/page/202403/1309189.shtml
- Scott Ritter https://www.globalresearch.ca/democracy-russian-style/5852710
- Jose Reinaldo Carvalho para o Brasil 247 https://www.brasil247.com/blog/reeleicao-de-putin-e-vitoria-da-nacao-russa-e-do-mundo-multipolar
(*) Editores do Mundo Multipolar
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