Os projectos do Ministério do Desenvolvimento Económico, relacionados, sobretudo, com o sector aeroespacial militar, prevêem uma despesa de 25 biliões de euros do Fundo de Recuperação. O Ministério pretende investir num caça da sexta geração (a suceder ao F-35 de quinta geração), o Tempest, denominado “o avião do futuro”. Outros investimentos dizem respeito à produção de helicópteros/tilt rotors militares da nova geração, capazes de decolar e aterrar na vertical e voar a alta velocidade.
Ao mesmo tempo, irá investir em drones e unidades navais da nova geração e em tecnologias submarinas avançadas.Também são esperados grandes investimentos no sector das tecnologias espaciais e de satélite. Várias dessas tecnologias, entre as quais se destacam os sistemas de comunicação 5G, serão usadas com um duplo objectivo – militar e civil. Visto que alguns dos projectos militares apresentados pelos dois departamentos se sobrepõem, o Ministério do Desenvolvimento Económico elaborou uma nova lista que permitirá reduzir as suas despesas em 12,5 biliões de euros.
No entanto, permanece o facto de que se está a programar gastar uma quantia que varia de 17,5 a 30 biliões de euros retirados do Fundo de Recuperação para fins militares, que devem ser reembolsados com juros. Além desta quantia, há mais 35 biliões destinados a fins militares e a serem gastos pelos governos italianos durante o período 2017-2034, sobretudo, no orçamento do Ministério do Desenvolvimento Económico.
Esta verba soma-se ao orçamento do Ministério da Defesa, elevando a despesa militar italiana para mais de 26 biliões de euros por ano, equivalente a uma média de mais de 70 milhões de euros por dia, em dinheiro público subtraído às despesas sociais. Cifra que a Itália se comprometeu com a NATO a aumentar para uma média de cerca de 100 milhões de euros por dia, de acordo com o que foi solicitado pelos Estados Unidos.
A atribuição para este efeito de uma grande parte do ‘Recovery Fund’ permitirá à Itália atingir este nível. Na primeira fila, entre as indústrias militares que pressionam o governo a aumentar a fatia militar do Fundo de Recuperação, está a empresa Leonardo,da qual o Ministério do Desenvolvimento Económico possui 30% das acções. A Leonardo está integrada no gigantesco complexo militar-industrial USA, comandado pela Lockheed Martin, construtora do F-35 em cuja produção participa essa mesma empresa Leonardo, através da sua fábrica em Cameri.
A Leonardo que se autoproclama “protagonista mundial no Aeroespaço, na Defesa e na Segurança”, com a missão de “proteger os cidadãos”, demonstra como pretende fazê-lo, ao usar a sua influência e poder para roubar aos cidadãos, recursos vitais do “Fundo de Recuperação”, a fim de conseguir uma maior aceleração da “recuperação” da indústria bélica.
Recursos que seremos sempre nós a pagá-los, acrescidos de juros. Pagaremos assim, “o avião do futuro”, que nos protegerá, assegurando um futuro de guerra.
Manlio Dinucci
il manifesto, 13 de Outubro de 2020
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DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT,
em todos os países europeus da NATODANSKDEUTSCHENGLISHESPAÑOLFRANÇAISITALIANONEDERLANDSPORTUGUÊSROMÎNASLOVENSKÝSVENSKATÜRKÇEРУССКИЙ
Manlio DinucciGeógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l’analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos Email: luisavasconcellos2012@gmail.comWebpage: NO WAR NO NATO
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