Larry Romanoff para The SakerBlog,May16, 2021
Traduzido em exclusivo para a página PT do PRAVDA
CHINESE ENGLISH PORTUGUESE SPANISH
Grande parte da atenção dos meios de comunicação social norte-americanos dirigida à China não está relacionada, de maneira nenhuma com notícias, mas faz parte de um extenso programa de propaganda concebido para infligir um enorme desconforto ao governo chinês, utilizando a pressão política dos meios de comunicação social na tentativa de forçar a China a aceitar os interesses políticos e comerciais norte-americanos e europeus. É feito, frequentemente, na tentativa de atenuar a condenação de crimes empresariais (especialmente dos executivos de empresas, que estão potencialmente imunes a processos criminais nos EUA), ou para ajudar uma multinacional americana (ou europeia) a destruir as leis de consumo e de segurança alimentar de outros países. Este procedimento não se limita à China; uma obstrução mediática tão intensa pode ocorrer contra os melhores amigos, incluindo o Canadá, a Alemanha, a França e o Reino Unido.
O ponto importante desta questão é que uma inundação dos meios da comunicação social não acontece por acidente. Estas circunstâncias são criadas através de planificação, por meio de reuniões, discussões e estratégias organizadas para criar o maior desconforto e pressão política e quase certamente irão envolver a empresa, muitos membros dos meios de comunicação social, o Departamento de Comércio dos EUA e, habitualmente, as agências de inteligência/serviços secretos.
Estas pessoas são peritas em montar uma campanha dos meios de comunicação de massa para apresentar a sua versão colorida dos acontecimentos ao Tribunal da Opinião Pública, esperando criar pressão nacional e estrangeira suficiente a fim de influenciar a posição de um governo estrangeiro sobre questões políticas, sociais e comerciais. As agências de serviços secretos farão a sua parte, pagando altamente por artigos de jornais nacionais se os conseguirem arranjar, e inundando os meios de comunicação social de um país (a China, neste caso) com marionetas da CIA que alegam ser nativas chinesas e que se colocam ao lado da posição da empresa estrangeira contra o seu próprio governo. Este é o motivo principal pelo qual o Twitter e o Facebook estão proibidos na China.
A mordidela da maçã de Pequim
Resumidamente, a situação era que a Apple oferecia garantias fora dos EUA que eram muito inferiores às dos seus próprios países, atraindo críticas da maioria dos governos da Europa e da Ásia. A lei de consumo chinesa, como a das nações europeias, classificou o ipad da Apple como um computador e exigiu uma garantia de 2 anos. A Apple, sendo demasiado gananciosa para o seu próprio bem, recusou, insistindo que o ipad era um telefone e fornecendo apenas uma garantia de um ano. Assim, uma enorme quantidade de ruído dos meios de comunicação social atacou a China e os seus regulamentos e muito mais, em tentativas de criar uma situção suficientemente desagradável para que o governo recuasse e permitisse à Apple continuar a pilhar os consumidores chineses à sua vontade. Um segundo objectivo primordial foi o de ensinar os chineses a olharem com receio para os “interesses dos EUA” antes de se lançarem a promulgar quaisquer leis de protecção do consumidor mais rigorosas do que as dos EUA.
Na vida real, nem o NYT nem o WSJ se poderiam importar com os regulamentos da China sobre a garantia dos computadores, mas quando a Apple, a querida da bolsa de valores dos EUA, está a ter dificuldades em pilhar os consumidores chineses à sua vontade, o NYT e o WSJ estão sempre presentes para dar uma mãozinha. E vocês, caros leitores, são induzidos a detestar os chineses por serem irracionais e “implicar” com a Apple porque são ditadores comunistas que odeiam as vossas liberdades. Além do mais, os mestres da propaganda afirmaram amplamente que o governo chinês, invejoso do sucesso da Apple, queria aleijar a Apple para dar espaço de respiração e apoio aos “campeões nacionais” da China. (1) (2) (3) Toda a série de reportagens dos meio de comunicação americanos sobre a Apple na China eram propaganda política e comercial destinada a:
(a) isolar as empresas americanas das leis estrangeiras, e
(b) criar pressão pública suficiente para assegurar que um governo estrangeiro concebesse as suas leis internas para agradar aos americanos.
Alibaba – Quase Tão Grande como a China
No início de 2021 tivemos uma série de artigos sobre a colisão infeliz da Alibaba com as autoridades financeiras chinesas, resultando no cancelamento do iminente IPO da empresa e no facto de Jack Ma ter sido fortemente retido (de facto, esbofeteado). (4) Os meios de comunicação norte-americanos foram unânimes em afirmar que a China estava a restringir severamente as actividades das “empresas tecnológicas” (uma vez que Alibaba é amplamente vista como tal), mas não era a Alibaba que estava a ser aproveitada. A Jack Ma’s Ant Financial estava a ser enormemente expandida para tornar-se numa instituição bancária online, escondida entre as páginas de uma empresa de TI, contornando assim todas as regulamentações financeiras e bancárias do país. Isto seria o mesmo como se o EBay ou a Amazon abrissem subitamente o maior banco de retalho dos EUA, enquanto hasteavam a bandeira de um mercado de bens de consumo, sujeito apenas a essas leis e regulamentos.
Os meios de comunicação estavam cheios de referências de que a China estava “a apertar os parafusos aos campeões tecnológicos do país” com “uma repressão regulamentar no sector da Internet”, mas foi a indústria financeira, e não a tecnológica, que as autoridades moveram para regulamentar. Meios de comunicação como o NYT e o WSJ saberiam disso, e não teriam qualquer razão para enterrar esta informação para os seus próprios fins, o que significa que alguém os instruiu sobre como enquadrar a história da China a restringir as empresas tecnológicas.
Os abutres financeiros americanos tinham pressionado fortemente a China para abrir o seu sector financeiro, e a pequena inundação de artigos sobre a Alibaba destinava-se a exercer pressão política sobre a China para não limitar as ambições americanas de pilhar a economia da China, como o fizeram tão livremente nos EUA. Mais uma vez, nem o NYT nem o WSJ poderiam dar tão pouca importância à Alibaba ou ao sector financeiro da China, mas quando os seus amigos se quiserem mudar para a China e estiverem preocupados com regulamentos que possam minar a sua ganância, os editores dos meios de comunicação social e os colunistas norte-americanos responderão ao apelo. O que significa que a Alibaba era irrelevante em tudo o que leu sobre a empresa Alibaba; a inundação mediática era um aviso político à China para não aplicar os seus regulamentos financeiros às empresas predadoras americanas.
Mas este esquema pode ser jogado por ambas as partes. Os meios de comunicação chineses incluíram esta declaração num dos seus artigos: “Os reguladores chineses convocam as empresas financeiras da Internet, num movimento demonstrativo para que outros jogadores investiguem [os seus] problemas“. (5) Estava também claramente a ser enviada uma mensagem na outra direcção e, a partir daí, a inundação dos meios de comunicação social dos EUA cessou rapidamente.
Défices comerciais dos EUA
Até há muito pouco tempo e durante duas décadas, houve uma enorme quantidade de ruído semanal dos meios da comunicação social provenientes de Washington, sobre o défice comercial dos EUA em relação à China, que aumentou para muitas centenas de biliões de dólares por ano, sem sinais de moderação. O NYT e o WSJ informaram-nos solenemente que este facto ocorreu porque a China estava a ludibriar a taxa de câmbio da sua moeda, visto que o RMB estava a ser grosseiramente subvalorizado para tornar as exportações chinesas competitivas e as importações estrangeiras proibitivamente caras.
Assim, para além das queixas constantes sobre o excedente comercial da China nos EUA, fomos submetidos ao ruído ininterrupto dos meios da comunicação social sobre a necessidade da China valorizar a sua moeda “pelo menos 25% a 40%”. Isso parece razoável até descobrirmos as coisas que eles se esqueceram de vos dizer.
A primeira é que o último excedente comercial dos EUA foi em 1975, tendo os EUA mantido défices comerciais anuais durante 46 anos consecutivos com uma lista de países que aumentou para mais de 100. (6) (7) (8) Consideramos que todos esses países estão a reduzir as suas taxas de câmbio? Claro que não. A razão pela qual os EUA têm um défice comercial é porque o país se desindustrializou de tal forma que já não faz nada que alguém queira comprar. A China é irrelevante neste quadro. Se os EUA não comprassem à China, teriam de comprar a outra pessoa, mas o défice permaneceria. E quanto às moedas, a China tem défices comerciais com muitos outros países – cujas moedas comerciam livremente – o que significa que as taxas de câmbio mundiais são também irrelevantes para o problema.
Agora sabemos algo que não sabíamos antes, e agora podemos identificar esta “notícia” económica como a propaganda que ela é, e podemos também determinar o seu objectivo: a paralisação da economia da China. Mencionei na Parte 1 desta série, o Plaza Accord que foi forçado ao Japão, o qual, sendo uma colónia americana, não teve outra alternativa senão aceitar. Nesse caso, o iene acabou por ser revalorizado em cerca de 300%, deixando o Japão afectado permanentemente. E, como afirmei, este era o plano a ser imposto à China; a enorme ofensiva mediática durante 2 décadas por parte dos EUA, foi uma tentativa de forçar os dirigentes chineses a cometer um suicídio económico. Felizmente, eles recusaram.
É importante compreender que esta situação prolongada não era o reflexo da realidade. Não era como se eu dissesse: “Esta é a 76ª vez que tenho de vos falar sobre o vosso gato andar a escavar no meu roseiral“. Não havia ‘notícias’, nenhum ‘acontecimento’, e o ruído dos meios de comunicação social não estava relacionado com o comércio ou com défices ou com valores monetários; era um plano a longo prazo para criar pressão mundial suficiente para fazer ruir a economia da China, forçando uma revalorização injustificada. Deveria ser óbvio que tal programa, em vigor durante 20 anos, não era algo que acontecesse por acaso. Fez parte de uma estratégia global para “derrubar a China“, como o Embaixador dos EUA na China, Jon Huntsman, afirmou frequentemente.
Durante essas duas décadas, os editores e os colunistas dos principais meios de comunicação social dos EUA teriam estado em contacto regular e frequente com a FED dos EUA, com os Departamentos do Comércio e do Tesouro, com o Conselho de Consultores Económicos, com a OMB (Office of Management and Budget), com a Agência Nacional de Segurança e, novamente,com agências de serviços secretos certamente com a CIA e com a ANS. Também teria sido necessário recrutar colunistas específicos – tal como Paul Krugman do NYT – para carregar a tocha e assumir a liderança nesta guerra de propaganda.
De facto, os meios de comunicação social funcionam como o microfone do Departamento de Estado dos EUA, parceiros de pleno direito para delinear campanhas de propaganda destinadas atingir objectivos de política externa.
Toda esta inundação dos meios de comunicação social era 100% propaganda política, de natureza geopolítica, destinada à destruição de uma nação em particular. O leitor pode imaginar a determinação quase selvagem de continuar esta estratégia durante mais de duas décadas antes de capitularem. E teve o efeito secundário benéfico de ensinar as pessoas de todos os países a “odiar a China por fazer batota”.
Criminosos com necessidade de protecção
Poucas pessoas sabem que todas as fraudes de consumo praticadas na China durante os últimos dez anos, excepto uma, foram cometidas por empresas estrangeiras, na sua maioria americanas, com os meios de comunicação social norte-americanos (e com a AMCHAM – American Chamber of Commerce na China) em todos os casos, fazendo o seu melhor para proteger os criminosos de processos judiciais, confiando na propaganda pública para inibirem as autoridades chinesas de cumprirem o seu dever. É quase cómico que cada vez que uma empresa americana é acusada de uma fraude maciça na China, a AmCham publica um relatório informando-nos de que as empresas estrangeiras se sentem subitamente “menos bem-vindas” na China, devidamente denunciado em pormenor pela Bloomberg (9), enquanto que o WSJ lamenta que “a repressão da China sobre preços de monopólio e sobre corrupção . . . visa injustamente as empresas estrangeiras”. (10)
OSI
Num desses casos, em 2014, o gigante americano da agricultura alimentar OSI na China (American food-processing company OSI Group LLC) foi denunciado por reembalar carne suja e cujo prazo de validade tinha caducado, em quantidades enormes, a uma escala maciça durante muitos anos, completada com dois conjuntos de livros de registos para enganar as autoridades. Os funcionários da empresa tentaram desesperadamente bloquear a investigação, recusando a entrada na fábrica à autoridade alimentar e farmacêutica de Shanghai durante um período suficientemente longo para destruir provas. As autoridades tiveram de confiscar e destruir milhões de quilos de carne deteriorada e suja, num escândalo que acabaria por abarcar toda a China.
A FDA de Shanghai produziu mais de 5.000 caixas de McDonald’s Chicken McNuggets, bifes de porco e bifes de vaca que estavam todos fora de prazo e com môfo. O vídeo televisivo mostrou empregados a misturar carne com prazo de validade ultrpassado e carne fresca em novas embalagens e a dizer, que se os seus clientes soubessem o que estavam a fazer, a empresa perderia os seus contratos. Isto não foi uma coisa pequena: as autoridades sanitárias chinesas designaram quase 900 investigadores para inspeccionar as múltiplas instalações da empresa antes que todas as provas pudessem ser destruídas.
É claro que todos ficaram “muito chocados” com as notícias, os meios de comunicação social dos EUA a dar a notícia de que Sheldon Lavin, CEO do OSI Group, descreveu o escândalo como “inaceitável” e “terrivelmente errado”, e iria assegurar que “erros” desses nunca mais acontecessem. O New York Times culpou as vítimas e os fornecedores, atribuindo toda a trama criminosa aos “elos fracos da cadeia alimentar da China”. (11) O NYT também declarou que a OSI “estava a suspender as operações” e que “iria fiscalizar todas as suas fábricas na China” – depois das autoridades já as terem encerrado e prendido os executivos. E, claro, em vez de condenar os criminosos (americanos) pelos seus crimes, o NYT transformou a história à sua maneira, noticiando “A segurança alimentar na China enfrenta grandes obstáculos”. (12) Houve também uma camada protectora de desafio na tentativa de criar pressão política para mitigar os danos, declarando que o facto do governo de Shanghai “definir [os produtos OSI] como ‘questionáveis’ … não tinha qualquer fundamento factual, científico ou legal”. Nem por isso, mas foi uma boa tentativa.
Burlar o consumidor? Então faça-o!
No final de 2011, a Nike aurorizou um esquema de publicidade enganosa na China. Na altura, a nova sapatilha desportiva da Nike tinha-se tornado no mais recente artigo “altamente cobiçado” pelas crianças. Uma característica principal da publicidade da Nike era que a sapatilha tinha duas almofadas de ar, para proporcionar absorção de choques. A sapatilha, que creio ter sido feita na China, tinha um preço nos EUA de 700 RMB ($125), enquanto o preço na China era de 1.300 RMB (mais de $200). A Nike fez uma forte propaganda do produto na China como sendo o artigo original; no entanto, a empresa fez uma versão muito mais barata da sapatilha para ser vendida na China. Os consumidores chineses perceberm a fraude muito rapidamente e reportaram o assunto às autoridades, a SAIC da China acabou por cobrar uma multa de quase 1 milhão de dólares e obrigou a Nike a reembolsar o preço total da compra a todos os clientes. Curiosamente, a Nike repetiu esta mesma burla alguns anos mais tarde, não tendo aprendido visivelmente nada, com a experiência da primeira vez.
Estou a usar um pouco mais de espaço do que este acontecimento justificaria porque a Nike não só tinha o apoio dos meios de comunicação social americanos,como também de um advogado americano chamado Stan Abrams (13) (14) que aparece frequentemente no lado criminoso do livro do consumidor da China, para dar crédito à narrativa de propaganda dos meios de comunicação social. Ao defender a burla ao consumidor da Nike na China, ele efectuou outra.
Começou por afirmar: “Aqui há duas questões: a disparidade de preço e a qualidade e características do produto”. Não, Stan. “Preço diferencial” é um hambúrguer a $2,40 num local e $2,50 noutro. E as “características do produto” têm pouco valor, uma vez que a questão foi a publicidade fraudulenta.
Abrams escreveu “claro que os consumidores têm o direito de reclamar . . . assumindo que estas almofadas de ar são completamente funcionais e significam qualquer coisa. (Duvido.)”. Portanto, se o meu concessionário Mercedes me garantir que os bancos do carro são de couro mas se eu provar serem de plástico, não me devo queixar, uma vez que o couro não é funcional e, de qualquer forma, não significa nada. Suponho que o mesmo se aplica quando Abrams se vê incapaz de consumar o seu casamento. Ele poderia simplesmente dizer à sua nova noiva decepcionada que a característica em falta “não estava funcional, de maneira nenhuma”, e não teria significado nada, mesmo que tivesse sido usada.
O nosso advogado demasiado inteligente continua: “É ilegal ter um produto no estrangeiro que tenha uma almofada de ar e outro aqui que venda apenas com uma? Absurdo. É claro que isso não é uma questão legal. É natural que as empresas tenham a liberdade de vender produtos em mercados diferentes que não sejam idênticos”. Os comentários de Abrams são absolutamente verdadeiros, mas irrelevantes. A questão não são as características diferentes dos produtos, mas sim a publicidade de características que não existem. Chamamos a isso burlar o consumidor. Qual é a opinião de Abrams sobre tudo isto? “Então temos publicidade falsa, fraude potencial, lei da publicidade, violações da lei do consumidor, blá blá blá blá . . . Deve ser garantido aos consumidores chineses o preço global mais baixo para qualquer produto de consumo? Se uma característica do produto é oferecida a um consumidor em qualquer parte do mundo … a empresa [deve] oferecer essa característica também na China? Isto parece uma loucura, mas talvez me esteja a escapar algo aqui”. Tentativas baratas de um homem que detêm o microfone, para envergonhar os jovens chineses que não gostam de ser enganados.
Tenho uma segunda razão importante para a duração deste segmento: os acontecimentos que devem ter acontecido antes desta fraude. Uma fábrica de calçado é um local espaçoso, com linhas de produção e montagem geralmente criadas apenas para um desenho do produto. A Nike teria de criar uma nova concepção e especificações de fábrica, bem como construir uma nova linha de montagem para fabricar a versão chinesa de baixo padrão desta sapatilha. Mas o Departamento de Marketing da Nike não desenharia e fabricaria silenciosamente uma versão de baixo padrão de um produto popular e planearia deturpá-la fraudulentamente sem o conhecimento e a aquiescência do CEO, devido às repercussões legais potencialmente graves para a empresa e à ameaça óbvia ao seu emprego. E isto significa que a direcção de topo da Nike, muito provavelmente incluindo o Conselho da Administração, partilhou a decisão prévia de fazer uma cópia abaixo das normas de um produto e impingi-lo fraudulentamente aos chineses como um original, partindo do princípio de que os clientes seriam demasiado pouco sofisticados para saber o que compraram, ou demasiado mansos para se queixarem. E isso constitui uma fraude executiva ao mais alto nível.
No caso de ainda se sentir tentado a pensar que esta poderia ter sido a primeira vez que tal coisa aconteceu com a Nike, eis uma citação de Charlie Denson, Presidente da marca Nike, numa conferência telefónica com analistas financeiros:
“O consumidor [chinês] está a tornar-se mais perspicaz e sofisticado … criando desafios a curto prazo para os retalhistas. É uma evolução natural que temos visto em muitos mercados, por essa razão não nos surpreendemos”. (15)
Os meios de comunicação social americanos apoiaram totalmente a Nike, o WSJ dizendo-nos que só foram vendidos 300 pares destas sapatilhas “com uma descrição errada do produto” (16), o que constitui realmente uma tempestade num copo de água, por uma multa tão grande de 5 milhões de RMB e reembolsos obrigatórios.
GSK
Não há muito tempo, a empresa farmacêutica GSK (GlaxoSmithKline) esteve envolvida numa das maiores fraudes de sempre na China, com subornos, pagamentos, contabilidade falsa, envolvendo, pelo menos, meio bilião de dólares. (17) (18) Após a sua descoberta, Mark Reilly, o Presidente da empresa na China, estava a bordo do primeiro avião prestes a sair do país para Inglaterra, “numa viagem de negócios previamente planeada”, “para ajudar na investigação a partir desse local”.
Os meios de comunicação britânicos defenderam obedientemente a narrativa de propaganda de que não era culpa da empresa, que a própria GSK foi “vítima” da burla cometida pelos funcionários chineses dessa empresa, que incluiu supostamente subornar médicos com favores sexuais e com meio bilião de dólares de dinheiro da empresa que, durante anos ninguém percebeu que tinham desaparecido. (19)
Tem havido muitas destas burlas estrangeiras na China e, em cada caso, a máquina de propaganda fez horas extraordinárias para condenar as autoridades chinesas por tê-las eliminado. Num caso enorme que envolveu a indústria automóvel estrangeira numa conivência de fixação maciça de preços, os meios de comunicação social informaram-nos que as empresas estrangeiras eram “vítimas de um novo ataque dos meios de comunicação social estatais a marcas automóveis estrangeiras”. O mesmo aconteceu com empresas estrangeiras de leite para bebés ou alimentos estrangeiros ou telemóveis. Em todos os casos vimos uma pequena inundação de propaganda norte-americana a denunciar o governo chinês de lançar “um ataque” a empresas estrangeiras, e a negligenciar inteiramente a criminalidade envolvida e sempre com o mesmo objectivo de pressionar o governo chinês a lidar com delicadeza com as corporações criminosas americanas.
Temos visto inundações dos meios de comunicação social a defender uma longa lista de corporções cujas empresas criminosas foram denunciadas. Todas elas são propaganda destinada a pressionar os governos estrangeiros a tratar com brandura as empresas americanas (e algumas europeias), mesmo perante casos de actividade criminosa grave e em larga escala. Há outros dois casos para os quais eu gostaria de chamar a vossa atenção, um envolvendo a Coca-Cola e espionagem, outro referente à compilação ilegal de dados relativos à produção petrolífera da China. Ambos são de imensa importância e form abordados num artigo anterior. (20) Ambos foram expostos a grandes inundações de propaganda dos meios de comunicação e mesmo de intervenção consular na tentativa de atenuar as consequências.
É importante ter em mente que ‘os meios de comunicação social’ não são um objecto amorfo e inanimado, mas um grupo de pessoas reais, com nomes, que planeiam, orientam e conduzem estas campanhas de propaganda. Tive encontros com alguns destes ‘repórteres’ e ‘colunistas’. Muitos deles classificam-se como criminosos, actuando como homens de fachada de um empreendimento criminoso, usando o seu poder público para proteger e defender aqueles que deveriam ser presos e destruir qualquer um que se interponha no seu caminho.
Projecto Censurado?
Engarrafamento de Coca-Cola e derrame de sangue
Contrariamente a escutar muito ruído mediático sobre um tema, por vezes, temos apenas um silêncio ensurdecedor que é igualmente uma garantia de propaganda, desta vez sob a forma de censura. Quando todos os meios de comunicação social ocidentais não têm, unanimemente, qualquer comentário sobre um tema actual importante, podemos ter a certeza de que muito aconteceu nos bastidores para garantir este resultado.
Há alguns anos, a América Latina estava quase em pé de guerra, dado o facto de que, praticamente, todos os líderes sindicais que tentavam sindicalizar uma fábrica de engarrafamento da Coca-Cola terem sido repentinamente encontrados mortos, provas que apoiam a tese de que se tratava de quadrilhas organizadas pelos engarrafadores. A Coca-Cola renunciou assumir a responsabilidade baseada no facto de que muitas das fábricas de engarrafamento pertenciam a proprietários locais. As contestações foram totalmente suprimidas e a renúncia recebeu apenas algumas breves menções nos EUA e em nenhum outro lugar que eu pudesse descobrir. (21)
De forma semelhante, e mais recentemente, os meios noticiosos mexicanos produziram uma quantidade barulhenta de histórias de que os empregados da Coca-Cola tinham votado para formar um sindicato nacional e que, no dia seguinte, foram todos forçados a demitir-se, muitos deles, sob ameaça de uma arma. Mais tarde, seriam recontratados, mas nada de sindicato. Tornei a consultar esses sites no dia seguinte para mais informação, mas fiquei surpreendido ao descobrir que todo o panorama mediático mexicano tinha sido limpo. Todos os links anteriores estavam mortos, nenhum meio de comunicação social (no México ou mesmo em qualquer país ocidental) continha qualquer referência a este acontecimento, o Facebook e o Twitter já não tinham quaisquer postagens referentes aos mesmos, e o Google de repente não fazia ideia de que alguma vez isso tivesse acontecido.
Talvez queira parar, por um momento, e pensar em todas as pessoas que teriam de estar envolvidas para alcançar tal resultado. Poderá também perceber que a Coca-Cola Company não tem a capacidade de fazê-lo e interrogar-se sobre quem assumiu a liderança neste esforço e qual foi a fonte do seu poder para assegurar a obediência a 100% de tantos meios de comunicação social em tantas nações. E tão rapidamente.
Vacinas contra a Gravidez
Nesta mesma categoria, foi iniciado há alguns anos um programa de vacinação sob os auspícios da OMS que esterilizou cerca de 150 milhões de mulheres nos países em desenvolvimento – sem o seu conhecimento e contra a sua vontade. Em resumo, foi criada uma vacina contra o tétano que também continha a hormona feminina hCG, essencial para a implantação de um óvulo fertilizado na parede do útero; a ausência desta hormona resultará inevitavelmente em abortos espontâneos. Estas vacinas foram realizadas em muitas nações a pretexto de protecção contra o tétano, mas os receptores limitaram-se apenas às mulheres em idade fértil, e resultaram imediatamente em inúmeros relatos de abortos espontâneos, visto que muitas mulheres vacinadas já estavam grávidas. Os testes das vacinas provaram a presença de hCG. A OMS tentou muitas negativas e defesas, mas foi remetida ao silêncio devido a provas esmagadoras. Isto não é teoria da conspiração, mas um facto muito documentado. Investiguei exaustivamente o assunto e, de facto, a página web da OMS tinha uma lista de artigos científicos que documentaram exaustivamente como passaram 20 anos e mais de 400 milhões de dólares para desenvolver uma vacina “anti-fertilidade” contendo hCG e utilizando como portador, o toxoide do tétano. Escrevi um artigo pormenorizado sobre este assunto, com documentação substancial (22). Recomendo que o leiam; irá mudar a maneira como encaram muitas coisas.
Em termos de propaganda mediática, do lado negativo da censura, nenhuma das várias centenas dos principais meios de comunicação social ocidentais fez qualquer referência a este programa ignóbil e trágico. Poderão interrogar-se novamente sobre quantos indivíduos e em que lugares devem ter estado envolvidos para assegurar um manto de silêncio tão completo, e qual é a fonte de poder que permite concretizá-lo.
Numa circunstância quase idêntica, dois destacados especialistas médicos europeus juraram recentemente que, pelo menos, algumas das actuais vacinas COVID-19 contêm uma hormona feminina com uma função semelhante ao hCG e que as vacinas têm o potencial de funcionar como substância abortiva. (23) (24) Não pesquisei esta hormona exaustivamente e não posso testemunhar a sua validade, mas posso oferecer o seguinte:
O Dr. Mike Yeadon, um veterano que permaneceu 17 anos na unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da Pfizer, em Sandwich, Inglaterra, e era o Director Científico (CSO) de todo o grupo e responsável pelo programa de investigação respiratória da empresa. No Outono de 2010, a Pfizer perdeu o interesse e decidiu terminar os seus programas de Alergia e Doenças Respiratórias, eliminando toda a unidade. Contudo, a Pfizer concordou em financiar Yeadon na formação de uma nova empresa para continuar esta mesma pesquisa, entregando a Yeadon todos os activos deste grupo de pesquisa não em dinheiro, mas em capital próprio, Yeadon levantando então capital privado para financiar o funcionamento contínuo da nova empresa chamada Ziarco. Esta empresa tão bem sucedida que, mais tarde, a Novartis acabou por adquirir 100% das participações em menos de 10 anos, pela quantia referida como sendo mais de 1 bilião de dólares.
O Dr. Wolfgang Wodarg é um médico alemão, especialista pulmonar e epidemiologista. “Tanto o Dr. Yeadon como o Dr. Wodarg declararam categoricamente que a vacina da Pfizer contém uma proteína spike (ou de ‘pico’) chamada syncytin-1, que é vital para a formação da placenta em mulheres grávidas, e estavam tão preocupados com os seus efeitos de esterilização que apresentaram um pedido à EMA, a Agência Europeia de Medicina, para a suspensão imediata de todos os estudos da vacina contra a SARS CoV 2, em particular as variantes BioNtech/Pfizer”.
Pareceria invulgar que dois epidemiologistas respeitados internacionalmente, reivindicassem uma proteína spike (de “pico”) inexistente e prosseguissem com a sua ignorância até ao ponto de solicitarem a um organismo internacional que cessasse imediatamente a investigação da vacina devido a este problema totalmente imaginário.
Tenho de afirmar que poderia parecer uma teoria de conspiração desvairada, sugerir que os poderes que nos querem vacinar também nos querem esterilizar, e que o fariam no que só poderia ser uma conspiração monstruosa inventada por Satanás e executada pelos seus lugares tenentes. Mas estas mesmas pessoas criaram vacinas semelhantes utilizadas pela OMS para o mesmo fim, um programa demasiado bem documentado para ser negado. Se o fizeram uma vez, porque não o fariam de novo? Não tenho resposta para vós. Vocês é que decidem. Mas aqui a questão a salientar é que nenhum destes dois casos foi sequer mencionado em qualquer parte dos meios de comunicação social ocidentais – pelo menos em nenhum que eu tenha conseguido encontrar.
*
A obra completa do Snr. Romanoff está traduzida em 32 idiomas e postada em mais de 150 sites de notícias e de política de origem estrangeira, em mais de 30 países, bem como em mais de 100 plataformas em inglês. Larry Romanoff, consultor administrativo e empresário aposentado, exerceu cargos executivos de responsabilidade em empresas de consultoria internacionais e foi detentor de uma empresa internacional de importação e exportação. Exerceu o cargo de Professor Visitante da Universidade Fudan de Shanghai, ministrando casos de estudo sobre assuntos internacionais a turmas avançadas de EMBA. O Snr. Romanoff reside em Shanghai e, de momento, está a escrever uma série de dez livros relacionados com a China e com o Ocidente. Contribuiu com o segundo capítulo, Lidar com Demónios, para a nova antologia de Cynthia McKinney, ‘When China Sneezes’ .
O seu arquivo completo pode ser consultado em
http://www.bluemoonofshanghai.com/
Pode ser contactado através do email: 2186604556@qq.com
*
Notas
(2) https://www.state.gov/reports/2019-investment-climate-statements/china/
(3) https://link.springer.com/article/10.1057/s41291-019-00084-0
(4) https://www.cnn.com/2021/04/10/tech/alibaba-china-record-fine/index.html
(5) https://www.globaltimes.cn/page/202104/1222504.shtml
(7) https://worldpopulationreview.com/country-rankings/us-trade-deficit-by-country
(8) https://www.thoughtco.com/history-of-the-us-balance-of-trade-1147456
(10) https://www.wsj.com/articles/u-s-firms-feel-less-welcome-in-china-1409624607
(11) https://www.nytimes.com/2014/08/01/business/international/weak-links-in-chinas-food-chain.html
(13) https://blog.hiddenharmonies.org/2012/02/29/stan-abrams-of-china-hearsay-a-case-of-pathological-bia/
(14) https://www.chinamoneynetwork.com/2011/11/13/stan-abrams-progress-seen-on-chinas-anti-monopoly-law
(15) https://news.yahoo.com/news/nikes-profit-decline-china-stunning-004732723.html
(16) https://www.wsj.com/articles/nike-target-of-complaints-in-chinas-annual-consumers-forum-1489600425
(17) https://www.bbc.com/news/business-29274822
(18) https://www.theguardian.com/business/2014/may/28/serious-fraud-office-investigates-glaxosmithkline
(19) https://uk.news.yahoo.com/gsk-victim-china-graft-130312678.html
(20) If You Do It, It’s Spying. If I Do It, It’s Research
(21) http://www.killercoke.org/downloads/spilling-blood-11_11_03.pdf
(22) A Cautionary Tale About the WHO – May 10, 2020
(23) https://mattbell.org/mrna-vaccine-blocks-protein-that-helps-formation-of-human-placenta
A fonte original deste artigo é The Saker Blog
Traduzido em exclusivo para a página PT do PRAVDA
Copyright © Larry Romanoff, Moon of Shanghai, Blue Moon of Shanghai, 2021
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
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