O papel e a contribuição do Paquistão para a SCO

Professor Engr. Zamir Ahmed Awan para o Blog Saker – 23 de setembro de 2022

A Organização de Cooperação de Xangai (SCO – Shanghai Cooperation Organization) é uma aliança regional, sucessora da Shanghai Five, formada em 1996 entre a República Popular da China, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tadjiquistão. Em 15 de junho de 2001, os líderes dessas nações e do Uzbequistão reuniram-se em Xangai para anunciar uma nova organização com maior cooperação política e econômica; a Carta da SCO foi assinada em 07 de julho de 2002 e entrou em vigor em 19 de setembro de 2003.

Desde então, seus membros se expandiram para oito Estados, com a adesão da Índia e do Paquistão em 09 de junho de 2017. O Irã é o nono país que se juntou à SCO recentemente. Vários países estão engajados como observadores ou parceiros de diálogo e espera-se que participem no futuro próximo. [Afeganistão e Turquia desejam aderir a SCO. Egito, Arábia Saudita e Catar receberam o status de nações parceiras de diálogo. Houve um acordo recente de admissão do Bahrein, Maldivas, Kuwait e Mianmar como novos parceiros de diálogo – nota da tradutora]

Os principais objetivos da SCO são (i) fortalecer as relações entre os Estados membros; (ii) promover a cooperação nas esferas política, econômica e comercial, técnico-científica, cultural e educacional, bem como em energia, transporte, turismo e proteção ambiental; (iv) salvaguardar a paz, a segurança e a estabilidade regionais; e (v) criar uma ordem política e econômica internacional democrática e equitativa. Com a assistência do Banco Asiático de Desenvolvimento e da Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia e o Pacífico, os membros da SCO desenvolveram um acordo intergovernamental para facilitar o transporte rodoviário internacional.

O Conselho de Chefes de Estado, Presidente ou Primeiro Ministro é o principal órgão decisório da SCO. Este conselho reúne-se nas cúpulas da SCO, que são realizadas todos os anos em uma das capitais dos Estados membros. Por causa de sua estrutura de governo, o primeiro-ministro das democracias parlamentares da Índia e do Paquistão participa das cúpulas do Conselho de Chefes de Estado da SCO, pois suas responsabilidades são semelhantes às dos presidentes de outras nações da SCO.

A cúpula anual de 2022 do Conselho de Chefes de Estado da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) foi realizada de 15 a 16 de setembro em Samarcanda. O Primeiro Ministro do Paquistão, Sr. Muhammad Shehbaz Sharif liderou a delegação paquistanesa à Reunião do Conselho de Chefes de Estado da Organização de Cooperação de Xangai e participou proativamente.

O Paquistão deseja a conectividade regional e a estabilidade do Afeganistão, e relações econômicas e comerciais, que levarão à integração econômica e comercial entre os países membros.

O comércio de trânsito e a cooperação comercial entre os Estados membros são imprescindíveis para a sustentabilidade e recuperação econômica da região que foi impactada negativamente pela pandemia da COVID-19.

O Paquistão pode desempenhar um papel significativo no fornecimento de integração comercial e econômica aos Estados membros da SCO, o que dará início a uma nova era de conectividade econômica na região. Neste contexto, podem ser destacados:

  • O Paquistão é um membro ativo da SCO e desempenha um papel vital na conexão da Ásia Central, Ásia Oriental, China, Rússia e Afeganistão ao resto do mundo através de seu porto marítimo recém-desenvolvido de Gwadar.
  • Gwadar e CPEC [China-Pakistan Economic Corridor/Corredor Econômico China-Paquistão – nota da tradutora] são projetados para atender a nações sem litoral e países regionais para se conectarem com a Europa, Oriente Médio e África.
  • A localização do Paquistão é vital para o comércio internacional e pode remodelar e mudar o padrão do comércio global nos próximos anos.
  • O Paquistão é uma ponte entre várias nações sem litoral para o Oriente Médio, África e Europa através de seu porto marítimo recém-construído – Gwadar.
  • Gwadar é um porto natural de águas profundas e, após seu pleno desenvolvimento, será o maior porto marítimo de toda a região e se tornará o centro de atividades comerciais para todo o mundo.
  • A língua inglesa é comumente usada no Paquistão e pode desempenhar um papel importante no comércio de trânsito na região.
  • Quase 70 por cento da população do Paquistão é composta por jovens com menos de 40 anos, que é uma força de trabalho extremamente produtiva e pode desempenhar um papel vital no desenvolvimento.
  • A agricultura e as ricas minas e minerais são vitais para as atividades econômicas.

Desde a sua criação, a SCO atribuiu grande importância ao tratamento adequado da questão afegã, pois acredita que a estabilidade de longo prazo da região está amplamente ligada à resolução da crise afegã.

A estabilidade regional depende em grande parte da paz e da estabilidade no Afeganistão e é por isso que o Paquistão está utilizando todos os fóruns regionais e internacionais para convencer a comunidade internacional a se engajar com o governo talibã.

Por meio da SCO, todos os líderes devem instar a liderança do Talibã a estabelecer um governo inclusivo para transformar o Afeganistão em uma entidade construtiva para a paz, a segurança e o desenvolvimento regionais.

A agenda da Índia dentro da SCO é suspeita. Seu desafio às metas organizacionais tornará a SCO ineficaz, assim como a SAARC [South Asian Association for Regional Cooperation/Associação Sul-Asiática para a Cooperação Regional – nota da tradutora], uma experiência amarga que testemunhamos no passado. Por exemplo, no ano passado, a Índia pediu por isenções de consentimento em declarações conjuntas como ação contra a disseminação do terrorismo, apoio contra armas no espaço sideral e declaração do chefe de Estado contra o fascismo durante a Segunda Guerra Mundial.

A SCO continua a ser politizada por atos da Índia principalmente por causa da política de multialinhamento de Nova Délhi. A aliança estratégica e de defesa da Índia com os EUA, a adesão ao QUAD [Quadrilateral Security Dialogue/Diálogo de Segurança Quadrilateral – nota da tradutora] e os laços estreitos com o Japão e a Austrália levantam questões sobre a sinceridade indiana com a SCO, onde a Rússia e a China são os principais países.

Todos os Estados membros devem garantir que as influências ocidentais ou regionais (Índia) não sejam usadas para explorar as vulnerabilidades do Afeganistão.

A Cúpula da SCO 2022 deve ser projetada como uma oportunidade para o Paquistão e a Índia promoverem o programa antiterrorista na região por meio de parcerias mútuas no (RATS-SCO).

As regulamentações tecnológicas e a digitalização entre os países membros também fazem parte da agenda da SCO este ano. Embora o Paquistão tenha sido vítima da campanha global de desinformação da Índia, a SCO deve servir para ser uma plataforma para mitigar essas questões letais/hostis, abordando ambos os lados de forma neutra.

De fato, todos os Estados membros da SCO são vítimas da coerção ou sanções do mundo ocidental. A Rússia está em confronto direto com os EUA e, depois da questão da Ucrânia, isso ficou mais evidente. A China também está sendo encurralada e contida pelos EUA e seus aliados. O Paquistão também está enfrentando severa coerção dos EUA. O Irã também é alvo de agressões e confrontos dos EUA. Todos os Estados da Ásia Central estão sendo pressionados ou marginalizados pelos EUA de qualquer forma.

Em outras palavras, todos os membros da SCO são vítimas da hegemonia dos EUA, exceto a Índia. A única força obrigatória entre as nações da SCO é combater a supremacia, a coerção e as sanções americanas. Estados observadores e parceiros de diálogo também são vítimas do mundo ocidental e estão dispostos a se juntar à SCO como refúgio e proteção contra qualquer agressão ou pressão do Ocidente.

Parece que a SCO emergirá uma forte aliança para combater qualquer agressão ilegal, pressão, coerção, sanções, interferência externa em seus problemas domésticos e invasão. É uma plataforma para promover o comércio, a interconectividade, a integração da cultura e a harmonia. A SCO terá sucesso em fornecer segurança e desenvolvimento regional. Garantirá a prosperidade de todos os Estados membros, bem como de toda a região.

É uma aliança de quase metade da população mundial, e um terço do PIB global, e é rica em enormes recursos naturais. Possui todo o potencial para crescer rapidamente e erradicar a pobreza de forma absoluta. O futuro da SCO é brilhante e devemos continuar lutando para alcançar seus objetivos sob a carta abrangente da SCO.

Autor: Prof. Engr. Zamir Ahmed Awan, presidente fundador GSRRA [– Global Silk Route Research Alliance/Aliança Global de Pesquisa da Rota da Seda  – nota da tradutora], sinólogo (ex-diplomata), editor, analista, membro não residente do CCG (Center for China and Globalization). (E-mail: awanzamir@yahoo.com)


Fonte: http://thesaker.is/pakistans-role-and-contribution-to-sco


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