Ricardo Nuno Costa – 16 de agosto 2022
A actual situação inusitada da economia alemã, com uma balança comercial negativa pela primeira vez em 30 anos, trás-nos de regresso o “homem doente” da Europa dos anos prévios ao Euro.
Na realidade a moeda comum só foi possível porque o modelo de produção industrial alemão se baseou no uso de mão-de-obra do terceiro mundo e sobretudo no consumo de energia barata, pontual e fiável proveniente da Rússia. Esta relação foi abruptamente interrompida de forma despudorada, como todos vimos. Porquê e para quê, deixo à interpretação do avisado leitor, que sabe e investiga muito para lá do que ouve na imprensa de massas.
Depois do ministro da Economia ter ido ao Qatar levar um rotundo não às suas exigências energéticas em março, ontem foi a vez do próprio chanceler Scholz viajar a Oslo na esperança de conseguir um tão necessário acordo. Voltou de mãos vazias, pois o seu actual maior fornecedor de gás não dá abasto às necessidades germânicas e não lhe entregará mais do que as quantidades actuais.
Resta pois o tal prometido GNL dos EUA, mais caro e sujeito às condicionantes da frenética economia especulativa norte-americana, à qual passará a sujeitar-se.
Como nada faz indicar que a Alemanha se possa libertar desta relação cada vez mais dependente (económica, militar e agora energética) e retome o seu curso normal e natural com a Rússia num curto-prazo, o seu papel ver-se-à cada vez mais subalterno no sistema dólar-euro. Assim, a Alemanha e a Europa estão destinadas a ser literalmente usadas nas suas relações com o resto do mundo ao sabor da geopolítica delineada em Washington.
Se ao fim deste milagre alemão coincidir o ocaso da moeda única, também é caso para dizer que o Euro foi mesmo um filho do Putin.
¡El euro fue un hijo de Putin!
La insólita situación actual de la economía alemana, con una balanza comercial negativa por primera vez en 30 años, nos devuelve al “enfermo” de Europa de los años anteriores al euro.
En realidad, la moneda común sólo fue posible porque el modelo de producción industrial alemán se basaba en la utilización de mano de obra del tercer mundo y, sobre todo, en el consumo de energía limpia, barata, puntual y fiable procedente de Rusia. Esta relación se rompió abrupta y descaradamente, como todos hemos visto. Por qué y para qué, lo dejo a la interpretación del lector informado, que conoce e investiga mucho más allá de lo que escucha en los medios de comunicación.
Después de que el Ministro de Economía viajara a Qatar para dar un no rotundo a sus demandas energéticas en marzo, ayer le tocó al propio Canciller Scholz viajar a Oslo con la esperanza de asegurar un acuerdo muy necesario. Volvió con las manos vacías, ya que su mayor proveedor de gas actual no puede satisfacer las necesidades alemanas y no entregará más que las cantidades actuales.
Lo que queda a Alemania es el prometido GNL de EE.UU., que es más caro y está sujeto a las condiciones de la frenética economía especulativa estadounidense, a la que ahora estará sometida.
Como nada hace pensar que Alemania pueda liberarse de esta relación cada vez más dependiente (económica, militar y ahora energética) y retomar su curso normal y natural con Rusia a corto plazo, su papel será cada vez más subordinado en el sistema dólar-euro. Así, Alemania y Europa están destinadas a ser literalmente utilizadas en sus relaciones con el resto del mundo al antojo de la geopolítica trazada en Washington.
Si el fin de este milagro alemán coincide con el ocaso de la moneda única, también se puede decir que el euro fue realmente el hijo de Putin.
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