O caso de uma nova guerra civil americana

Dmitry Orlov – 6 de setembro de 2022

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Os EUA vão se manter unidos até 2024? No início deste ano, complicações relacionadas à Covid tiraram a vida de Vladimir Zhirinovsky, o líder bombástico perene do Partido Liberal Democrático da Rússia. Ele era conhecido não apenas por sua oratória inimitável, mas também pela exatidão inigualável de suas previsões. Por exemplo, ele previu o início da Operação Militar Especial da Rússia na Ucrânia com precisão de dias com um mês de antecedência ao fato e em um momento em que ninguém mais tinha muita pista sobre o que aconteceria. Outra previsão sua é a seguinte:

“Não haverá eleições presidenciais americanas em 2024 porque não haverá mais Estados Unidos”.

Será que ele também será previdente nesta contagem? Vamos ver!

Zhirinovsky não está, de forma alguma, sozinho fazendo tal previsão. Pesquisas de opinião recentes mostram que mais de 40% dos americanos expressam apreensão de que é provável que uma nova guerra civil eclodirá durante a próxima década. Perceba que as boas pessoas pesquisadas fizeram uma análise independente, a partir da qual puderam calcular a probabilidade de uma guerra civil! Até agora, a grande maioria das pessoas nos EUA estava condicionada a perceber a realidade como um mosaico composto de pequenos clipes de notícias, tiras sonoras, e cenas que não cabem mais do que entre dois comerciais de televisão e narrativas em miniatura que apresentam este ou aquele objeto imaginário sob uma luz positiva, ou negativa. Eles pensam que uma guerra civil é provável porque é o que lhes tem sido dito através da mídia de massa ou da mídia social invisível, mas incessantemente seguida.

A oligarquia, que controla tudo o que está acima, está brincando com dois planos comerciais alternativos. O Plano A, o qual é mais lucrativo e menos arriscado, não contempla uma guerra civil, enquanto o Plano B, arriscado, embora ainda lucrativo, considera. Em ambos os casos, os lucros advêm do confisco da riqueza da população; com o Plano A, menos dessa riqueza explode, daí o maior lucro. Mas o Plano A exige a total obediência e docilidade de uma população cada vez mais angustiada e resignada. Parafraseando Klaus Schwab, eles têm que suportar não ter nada e fingir ser felizes (como uma condição para poder ficar dentro de casa e ser alimentados).

Para manter a população americana à distância, a oligarquia deve mantê-la abastecida com grandes quantidades de junk food, licor, drogas e pornografia. E apesar de toda a propaganda exortando as pessoas a se classificar em um arco-íris de gêneros, a maioria deles estéreis, algumas mulheres ainda podem conseguir engravidar, recusar-se a fazer um aborto e realmente dar à luz crianças, impedindo que a população diminua tão rapidamente quanto a base de recursos em declínio. “Ouça, as mulheres estão engravidando todos os dias na América, e esta é uma questão real”, disse a vice-presidente Kamala Harris. Apesar do termo politicamente incorreto “mulheres” – homens com ventre, esta é a sua mensagem é cristalina: seus compatriotas americanos devem ser esterilizados e castrados como os próprios animais domésticos que ela pensa que eles são. Seus animais de estimação não são esterilizados, você não sabe? Eles são transgêneros! Isso não soa muito mais na moda?

Mas e se os dutos de comida de plástico, bebidas, drogas e pornografia secarem mais rápido do que a população pode ser reduzida usando propaganda LGBT e abortos gratuitos e abundantes? Então seria a hora do Plano B, onde os americanos podem atirar uns nos outros usando todas as armas pequenas em sua posse. Uma combinação dos Planos A e B também é teoricamente possível, onde os estados azuis e democratas são mantidos aplacados e pacificados, e com medo dos estados vermelhos e republicanos, onde a guerra civil grassa e os cadáveres se desfazem, enquanto, por sua vez, os negacionistas do estado vermelho são mantidos mortalmente com medo de vaguear pelo território azul, com medo de ter seus filhos castrados e suas armas sagradas confiscadas. Mas um equilíbrio tão precário pode ser difícil de atingir e um cenário muito mais provável é de desordem estável, onde a oligarquia concentra seus recursos humanos mais valiosos em alguns enclaves bem defendidos, enquanto permite que o resto da população sucumba à luta intestina.

Entretanto, nem o Plano A, nem o Plano B podem resolver um grande problema que se aproxima: como descarregar (cancelar, ou seja, em vez de cumprir) as responsabilidades do governo federal dos EUA. As principais são a Previdência Social, SSI, Medicare e defesa. Cerca da metade dos lares americanos recebe ajuda financeira significativa do governo federal, enquanto a defesa é o maior programa de bem-estar que o mundo já presenciou. A dívida federal americana já é astronômica e corresponde a cerca da metade do PIB mundial. Se fosse um objeto físico, ele seria claramente visível do espaço exterior a olho nu. Ela ainda está crescendo a passos largos, com o déficit orçamentário previsto para 2022 excedendo US$1 trilhão, contra cerca de US$2 trilhões nos dois anos anteriores, mas ainda uma quantia assombrosa.

Quanto tempo esta farsa financeira pode continuar é um palpite para qualquer um, mas com todas as principais nações credoras agora em uma corrida para vender seus títulos de dívida dos EUA, a mensagem está claramente na parede. Como livrar-se da dupla carga de credores estrangeiros e dependentes domésticos? Aqui, ter uma guerra civil que saqueia Washington DC e dissolva o governo federal seria muito eficaz. Quaisquer que fossem as estruturas políticas locais que restassem, repudiariam a dívida federal como onerosa e totalmente absurda e se recusariam a assumir os gastos da defesa federal e os programas de apoio social; problema resolvido!

Joe Biden parece já estar pensando nesse sentido. Em um discurso recente na Filadélfia, ele disse: “Para aqueles corajosos americanos de direita… se você quer lutar contra o país, você precisa de um F-15. Vocês precisam de algo pouco mais do que uma arma”. Será que ele, com seu filho Hunter, tem alguns F-15 que eles gostariam de vender para aqueles corajosos americanos de direita? Note que ele mencionou F-15s, não F-35s: ele gostaria de fornecer aviões antigos, porém eficazes, prontos para o combate, para realizar bombardeios contra a capital dos EUA, e não boondoggles folheados a ouro, montados com insetos, nunca prontos para o combate, como o F-35. Mas antes que Washington DC esteja pronta para ser atingida a partir do mapa político, alguns grandes saques têm que ocorrer, através de um grande surto de corrupção política.

A Ucrânia, que tem sido o parque infantil pessoal de Joe e Hunter Biden durante anos, é usada como o principal centro de lavagem de dinheiro. Dos mais de 10 bilhões de dólares que a administração Biden gastou na Ucrânia até agora, muito pouco chegou à Ucrânia; o resto foi usado para encher algum bolso ou algum cofre de campanha política, ou outra entidade nos EUA. Das armas que conseguiram chegar à Ucrânia, pelo menos um terço foi vendido no mercado negro internacional pela junta de Kiev.

Mesmo as armas que conseguiram chegar à linha de frente estão sendo rapidamente comercializadas por mercenários estrangeiros e enviadas para partes desconhecidas. As peças que chegam até as tropas são explodidos ou levados como troféus pelos incansáveis (embora muito lenta e cuidadosamente) russos que avançam. Ao longo da Operação Especial, os russos acumularam um grande tesouro de sistemas de armas extremamente caros e ineficazes, excessivamente complicados e bastante frágeis, que não podem ser mantidos no campo e foram abandonados na retirada dos ucranianos.

Outra grande parte da renda extra veio da venda de uma grande parte da Reserva Estratégica de Petróleo (SPR) para a China e outras nações estrangeiras: 300 milhões dos 700 milhões de barris já foram vendidos e o SPR está agora em seu nível mais baixo dos últimos 40 anos. Este é um resultado interessante, dado que a bonança do petróleo de xisto atingiu seu pico em 2019 e, com a perfuração agora concentrada em um único trecho da Bacia do Pérmico, e que, dadas as taxas de esgotamento muito altas, está prevista para ser reduzida a um gotejamento em apenas 2 ou 3 anos. Embora os verificadores de fatos dos meios de comunicação falsificados tenham reclamado, diz-se que entidades associadas à Hunter Biden estiveram envolvidas.

É claro que nunca descobriremos todos os detalhes porque Hunter Biden é mágico, tendo sido colocado muito acima da lei: se ele se safa da pedofilia, do tráfico de drogas, do transporte de prostitutas em transportes oficiais e outros crimes do gênero, então o que é um pequeno (ou grande) crime de colarinho branco entre colegas de profissão? Para não ser superado por seu filho, Biden-pai e o resto do establishment democrata parecem estar prontos para roubar as eleições parlamentares intercalares da maneira mais óbvia e flagrante possível, impossibilitando continuar a afirmando que os EUA ainda são qualquer tipo de democracia. Uma vez que a mensagem de que a democracia está morta e que Washington é um covil de ladrões tenha sido colocada na cabeça de todos, o caminho será aberto para a abertura dos salvos do Plano B.

Mas e se aqueles “americanos corajosos, de direita”, nos quais Biden parece depositar suas esperanças, não se aproximarem e o Plano B se esgotar com uma lamúria em vez de explodir com um estrondo? E se eles simplesmente ficarem sentados em bares, balbuciando com suas cervejas, e depois voltarem para casa e polirem suas armas? Bem, não espere que os russos ou os chineses ajudem! Eles poderiam tirar os EUA de sua miséria – mas não o farão. Os russos estão todos abastecidos com sementes de girassol (que preferem, em vez de pipocas); da mesma forma, os chineses empilharam muitos biscoitos fritos de arroz. Eles se sentarão e assistirão a esta celebração pan-euroasiática do Schadenfreude, não levantando um dedo para ajudar.

Fonte: https://boosty.to/cluborlov/posts/192803cd-4035-4566-8041-7d4c9498fa3e?share=post_link