Quantum Bird e Lady Bharani – 18 de junho de 2025
O nevoeiro de guerra permanece pesado:
- Censura militar severa e supressão quase completa de informações sobre o impacto dos ataques iranianos em Israel. Extrapolando do que tem vazado nas redes sociais, que corresponde basicamente a ataques em alvos militares localizados em áreas no perímetro urbano, e levando em consideração que esses ataques tendem a ser mais brandos devido à proximidade de áreas residenciais, podemos concluir, com uma margem de incerteza razoavelmente estreita, que o danos às bases e centros logísticos militares é massivo ‘– lembre-se: informações sobre baixas e impactos em alvos militares são totalmente censuradas na mídia israelense.
- O Irã está atacando sistematicamente a infraestrutura de energia israelense. Refinarias em Haifa foram destruídas e existem relatos de escassez de combustíveis e colapso da logística militar israelense.
- No lado do Irã, seja por ataques cibernéticos, sabotagem direta e suspensões oficiais, a internet iraniana tem operado de forma intermitente. A maior parte das imagens disponíveis são da região metropolitana de Teerã, onde a maior parte dos ataques e sabotagens israelenses tem sido operados de dentro do território por traidores e agentes infiltrados e são de carácter terrorista, mirando e vitimando prioritariamente alvos civis.
- Os traidores e agentes infiltrados no Irã têm queimado pneus e começado incêndios, que são depois fotografados de longe e reportados nas redes sociais como impactos de ataques israelenses.
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Considerando o exposto acima e confiando apenas nas informações estritamente confirmadas até agora, podemos formar a seguinte imagem da situação:
- A defesa antiaérea iraniana, que esteve quase não-operacional nas primeiras horas do conflito, foi reconfigurada e reiniciada em tempo recorde e está operando ativa e eficientemente desde então.
- Desde as tentativas de penetração fracassadas nas primeiras horas do conflito, que segundo relatos oficiais iranianos acarretaram o abatimento de um número de caças F-16 e F-35 – imagens ainda pendentes, por razões obvias – a aviação de guerra Israelense não fez mais tentativas de incursões. A fim de evitar a defesa antiaérea iraniana, estão disparando mísseis e drones da fronteira ao norte do Irã e do espaço aéreo do Iraque.
https://t.me/SabrenNews22/158223: O drone israelense Hermes 900 foi abatido em Isfahan, Irã.
- A combinação de enxames de drones leves, mísseis de cruzeiro e mísseis antigos para ativar e revelar o posicionamento das defesas israelenses tem permitido ao Irã usar seus mísseis avançados para dizimar a defesa antiaérea israelense e manter a força aérea de seus aliados na região operando em um nível de atividade insustentável econômica e militarmente, no médio prazo.
- Primeiros sinais de exaustão das defesas antiaéreas israelenses estão emergindo, com um número crescente de mísseis de interceptação falhando e alertas de escassez.

https://t.me/SabrenNews22/158222: Documentação completa do lançamento fracassado do interceptador israelense.
- Os ataques israelenses ao território iraniano têm sido operados de dentro por agentes infiltrados e traidores, usando drones, ATGMs e carros-bomba. Muitos alvos são civis.
https://t.me/SabrenNews22/158244: Iranian media outlets published footage of security forces discovering an explosives factory in the capital, Tehran.
https://t.me/Farse_news1/20609: The Zionists are using this equipment for assassination in Iran.
https://t.me/Middle_East_Spectator/19795: Um vídeo mostra algum tipo de projétil sendo lançado de dentro de Teerã, possivelmente um ATGM Spike, por colaboradores do Mossad.
ATGMs Spike foram descobertos perto de um dos locais de defesa aérea do Irã, usados por agentes do Mossad, no ataque inicial.
- No domingo passado, as autoridades iranianas ativaram os Basij, uma milícia voluntária paramilitar dentro do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica e um de seus cinco ramos. Os Basij estão ativamente caçando e prendendo os sabotadores e vigiando as estradas e infraestrutura sensíveis. A ativação dos Basij limitou consideravelmente a atividade sabotadora israelense.
https://t.me/Middle_East_Spectator/20076: Os Basij prenderam um grupo de colaboradores juntamente com 5 cidadãos estrangeiros (afegãos) na estrada Nahavand-Noorabad perto de Bahruddin, província de Lorestan.
- Após repetidas ameaças feitas por D. Trump – incluindo a devastação de Teerã e o assassinato do Líder Supremo do Irã, o Aiatolá Ali Khamenei, as forças armadas dos EUA iniciaram a realocação de força militar massiva para a região. Ao que tudo indica, a entrada dos EUA no conflito é iminente.
Sabemos exatamente onde o chamado “Líder Supremo” está escondido. Ele é um alvo fácil, mas está seguro lá. Não vamos eliminá-lo (ou matá-lo!), pelo menos não por enquanto. Mas não queremos mísseis disparados contra civis ou soldados americanos. Nossa paciência está se esgotando. Agradecemos a sua atenção a este assunto! https://truthsocial.com/@realDonaldTrump/posts/114699610769479275
https://t.me/SabrenNews22/158299: Aeronave B2 dos EUA sobrevoando as Colinas de Golã ocupadas.

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Situação estratégica
- Rússia e China: Rússia e China parecem estar se distanciando de qualquer envolvimento cinético com o conflito. Rússia se ofereceu para “mediar” uma solução diplomática, enquanto ambos continuam a emitir comunicados e declarações repudiando as ações de Israel, pedindo o apaziguamento das hostilidades e o retorno às negociações. A mídia doméstica russa permanece focada em temas como a Operação Militar Especial na Ucrânia e o encontro de negócios SPIEF. A mídia ocidental reporta a atitude russa como “não preparada para ajudar Teerã”. A despeito da narrativa disseminada por muitos analistas e youtubers, insistimos em lembrar que os acordos estratégicos em curso entre Rússia e Irã não têm provisões sobre defesa mútua. A única matéria de capa no Global times hoje a respeito do conflito é sobre a evacuação de cidadãos chineses do Irã.
- Índia: Existem relatos ainda não confirmados nas redes sociais sobre cidadãos indianos ligados ao serviços de inteligência da Índia sendo presos no Irã enquanto operando ataques e sabotagens a serviço de Israel. Existem também relatos, sempre não confirmados, de manifestações públicas de militantes do Hindutva de apoio a Israel. A Índia declinou de endossar a declaração da SCSO condenando a agressão israelense. O primeiro ministro indiano, Narenda Modi, publicou a mensagem abaixo:

de Israel. Ele me informou sobre a evolução da situação. Compartilhei as preocupações da Índia e enfatizei a necessidade de restaurar rapidamente a paz e a estabilidade na região.
Paquistão: as autoridades paquistanesas condenaram nos mais fortes termos a agressão israelense e expressaram apoio incondicional ao Irã. Circulam relatos, não confirmados, sobre a oferta de mísseis e apoio aéreo ao Irã. Aqui está a declaração recente do ministro da defesa do Paquistão:
Ministro da Defesa do Paquistão: #Israel é um Estado desonesto, nenhuma lei internacional se aplica a #Israel. Se o mundo tratar #Israel acima das leis internacionais, não haverá paz na região.
O patrocinador de #Israel deve entender que está empurrando o mundo para um poço escuro; suas ações não só criarão confusão no Oriente Médio, mas em todo o mundo.
#Israel está atacando país após país, enquanto os Estados democráticos ocidentais são chantageados pelo lobby #sionista. Ninguém está responsabilizando #Israel por suas atividades destrutivas. https://t.me/IR_Pakistan/11887
Estados do Árabes da Região: Todos condenaram as ações à agressão de Israel ao Irã como uma violação flagrante da Lei Internacional.
Análise
A despeito das narrativas popularizadas por muitos analistas ocidentais, principalmente em programas do youtube, todos os fatos indicam que, desde o início, o objetivo do engajamento diplomático dos EUA com o Irã, o discurso de Trump na Arábia Saudita – denunciando os neo-cons e as políticas intervencionistas estadunidenses – bem como inúmeros relatos de conflitos e rompimento de relações entre Bibi e Trump, não passavam de pura perfídia.
Sobre perfídia, um crime de guerra, a convenção de Genebra (1949) formaliza o seguinte:
Proibição da Perfídia
1. É proibido matar, ferir ou capturar um adversário valendo-se de meios perfídios. Constituirão perfídia os atos que, apelando para a boa fé de um adversário e com a intenção de atraiçoá-lo, dêem a entender a este que tem direito à proteção, ou que está obrigado a concedê-la, em conformidade com as normas de Direito Internacional aplicáveis nos conflitos armados. São exemplos de perfídia os seguintes atos:
a) simular a intenção de negociar sob uma bandeira de armistício ou de rendição;
b) simular incapacidade por ferimentos ou enfermidades;
c) simular a condição de pessoa civil, não combatente; e
d) simular que possui condição de proteção, pelo uso de sinais, emblemas ou uniformes das Nações Unidas ou de Estados neutros ou de outros Estados que não sejam Partes em conflito.
De fato, em se tratando dos EUA e Israel, perfídia sempre esteve escrito em vermelho na parede. No contexto da relação com o Irã, em tempos recentes temos o assassinato do General Qassem Soleimani, enquanto em missão diplomática no Iraque, o assassinato de Ismail Haniyeh, negociador do Hamas, em Teerã, durante o funeral de Ebrahim Raisi, violação do Acordo Nuclear por Obama, que falhou em levantar as sanções depois que o Irã cumpriu a sua parte. Na verdade, a história dos EUA e Israel traindo acordos, assassinando negociadores e líderes da outra parte como forma de vencer conflitos é longa.
Ou seja, os chamados linha-dura da política iraniana sempre estiveram corretos em sua militância ferrenha para fechar as portas a qualquer negociação com os EUA e Israel em respeito ao programa nuclear iraniano.
Muitos estão agora discutindo se os EUA se envolverão ou não diretamente na guerra em curso entre Irã e Israel. Nosso posicionamento é de que os EUA já estão envolvidos. A entrada da forças armadas dos EUA, sob a bandeira dos EUA, em hostilidades com a República Islâmica será apenas uma escalada. Seja como for, os prospectos de sucesso para os EUA e Israel em desmantelar o programa nuclear iraniano e mesmo prevalecer militarmente são mínimos. Os EUA carecem de pessoal e força militar para efetivamente vencer o Irã, um país de 80 milhões de habitantes, bem armado e bem defendido. E, acima de tudo, pleno de recursos e mobilizado para a guerra. A melhor chance dos EUA e Israel foi a tentativa de promover uma mudança de regime no Irã, mas isto mais uma vez falhou.
Pode-se especular inúmeros cenários para a escalação das hostilidades entre os EUA e o Irã, entretanto o resultado final mais provável é a destruição completa de Israel e de inúmeras bases estadunidenses na região. E se Israel ou os EUA recorrerem à bombas atômicas, o que vocês acham que o Paquistão vai fazer? Olhem o mapa, um ataque nuclear ao Irã é quase sinônimo de um ataque nuclear ao Paquistão. Enfim, seguimos monitorando a situação.
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Fonte adicional: https://t.me/frenteoriental
QB o texto abaixo foi publicado pelo Prateek Lampe. As revelações me foram muito surpreendentes. []s
news-pl.hua_bin-israel_x_iran_o_papel_da_china-2025jun20.txt
https://vk.com/wall357041656_37766
https://huabinoliver.substack.com/p/what-role-china-should-play-in-the
[Tradução de maquina revisada.]
Qual o papel que a China deve desempenhar na Guerra Irã-Israel – uma visão realista
Confiança e apoio devem ser conquistados, não concedidos. O Irã precisa fazer mais se quiser o apoio Da China
Hua Bin 2025JUN19
Muitos estrategistas chineses, muito mais inteligentes e bem informados do que eu, estão trabalhando na questão enquanto falamos. Tenho confiança implícita de que eles alcançarão o curso de ação correto para proteger os interesses nacionais da China na crise em curso.
Meu próprio objetivo modesto no ensaio é oferecer uma análise desapaixonada e matizada da situação de um ponto de vista pessoal.
Vou me concentrar em dispensar alguns mitos populares sobre as implicações da guerra na China e na relação China Irã. Uma vez que os mitos sejam dissipados, acho que o leitor pode antecipar e interpretar os movimentos da China com muito mais facilidade nas próximas semanas e meses.
Mito 1: A China não ajudou
Realidade: a China denunciou a agressão de Israel e pediu a cessação imediata das hostilidades em vários fóruns: Conselho de segurança da ONU, BRICS, SCO (Organização de Cooperação de Shangai) e Cúpula da Ásia Central da China. O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, chamou os ministros das Relações Exteriores do Irã e de Israel para pedir a desescalada. O presidente Xi conversou hoje com o Presidente Putin e ambos condenaram Israel e pediram cessar-fogo.
O Irã não pediu publicamente ajuda da China e da Rússia. No entanto, acredito que tanto o Presidente Xi quanto o Presidente Putin estão prontos para mediar, se solicitado pelo Irã.
Mito 2: se o Irã for derrotado, seria o fim do mundo multipolar que a China defende junto com a Rússia
Realidade: é improvável que Israel derrote o Irã por conta própria. Poderia causar sérios danos (e o Irã está retaliando), mas não prevalecerá na destruição da infraestrutura nuclear e militar do Irã ou na mudança de regime.
Se os EUA intervierem, certamente poderão lançar bombas maiores e potencialmente destruir as instalações nucleares do Irã de forma mais completa. Mas as instalações nucleares podem ser reconstruídas e o Irã pode finalmente decidir ir para a bomba.
Também é improvável que os EUA consigam mudar o regime do Irã sem botas no chão e ocupando fisicamente o país, o maior que já teria tentado (90 milhões de habitantes, 1,6 milhão de quilômetros quadrados).
A guerra será Aerotransportada, travada com caça, bombardeiro, míssil e drone.
A menos que o povo iraniano esteja tão chateado e intimidado pela guerra a ponto de decidir derrubar o governo, o regime iraniano permanecerá no poder. De fato, a guerra poderia ser um catalisador para a tão necessária unidade nacional em uma sociedade dividida. Então, isso poderia realmente ser o lado positivo que sai da terrível guerra.
Se os iranianos derrubassem o governo e abraçassem seus inimigos, não valeria a pena salvar o Irã para a China ou a Rússia. Tampouco pode engendrar social uma sociedade deformada que queira pular nos braços de quem acabou de bombardeá-la até a submissão.
O senso comum nos diz que é difícil bombardear um povo para amá-lo (embora eu tenha que abrir exceções para os japoneses, os Krauts e os Viets, eles parecem ter gostado das bombas, do bombardeio e do Agente Laranja, e se tornaram cães de colo obedientes ao perpetrador “você sabe quem”).
Espero que os iranianos tenham uma coluna rígida e se tornem uma sociedade mais coesa e unida contra seus inimigos comuns, como aconteceu durante a guerra do Irã no Iraque na década de 1980.
Às vezes, é preciso um despertar brutal para dissipar delírios coletivos, como a Guerra da Ucrânia fez com muitos “liberais” russos que há muito tempo queriam pertencer ao Ocidente, mas agora perceberam que seu futuro é com o Oriente.
Mito 3: Se a China e a Rússia deixarem os EUA e Israel atacarem o Irã, perderão legitimidade moral e ficarão isolados pelo sul global por não se levantarem. Em seguida, eles seriam “brinde” como os EUA vira sua mira sobre eles. Essa escola de pensamento é popularmente chamada de teoria do “efeito dominó”.
Realidade: este é o mito mais fácil de refutar. São os EUA que estão perdendo qualquer legitimidade residual aos olhos do mundo por se juntarem aos Judeus em uma guerra de agressão nua e não provocada, ao mesmo tempo em que continuam a permitir um genocídio por bombardeios e fome em Gaza.
Se o mundo caísse nos gostos do novo chanceler alemão nazista sem alma, Mertz, que fornece abertamente armas para massacrar os palestinos de Gaza e elogia o ataque de Israel ao Irã como “fazendo nosso trabalho sujo”, então não é um mundo que a China e a Rússia querem libertar da tirania. Mereceria.
Na realidade, é o Ocidente que está sendo isolado e desprezado, ganhando ou perdendo no Irã, não a China ou a Rússia. Para pensar de outra forma, você precisa ter sua cabeça examinada.
Os EUA entrariam direto em mais uma Armadilha de urso, se decidirem se juntar a Israel diretamente na batalha. Quantos bilhões e soldados mortos conseguiu gastar para eliminar os governos muito mais fracos do Taleban e do Iraque? Quanto custaria com o Irã? Escrevi que a estratégia da China para derrotar os EUA é levá-la à falência com a ajuda de Trump (https://huabinoliver.substack.com/p/china-s-strategy-to-defeat-the-us ). TACO Trump com certeza está seguindo meu roteiro.
Alguém acredita seriamente que um governo pró-Israel e pró-EUA surgiria no Irã se, Deus me livre, eles conseguissem destruir o regime iraniano? Iraque, Líbia, Afeganistão ou Síria acabaram se tornando amigos do peito dos EUA? Novamente, exceções se aplicam como mencionado anteriormente. Mas estou contando com nem todo mundo é tão desavergonhado.
Nas décadas de 1960 e 70, os falcões da guerra nos EUA falavam constantemente sobre o “efeito dominó” se o Vietnã do Norte comunista vencesse a guerra. O que aconteceu quando ganhou? Aconteceu um “efeito dominó” que prejudicou os interesses nacionais dos EUA?
Depois de 58.000 Sacos para cadáveres, a profecia da escola “efeito dominó” prova ser apenas mais uma desculpa para bater o tambor de guerra. E agora, os EUA estão cortejando o Vietnã comunista para conter a China. Irônico?
Enquanto os EUA ficam atolados no Irã e gastam seu ouro e sangue, a China o deixaria na poeira em novas energias, tecnologia verde, espaço, inteligencia artificial, robótica e comércio global. Se você acha que os EUA estariam em uma posição mais forte em relação à China, pense novamente.
Ninguém quer que o Irã seja transgredido e humilhado, mas quem quer impedir que os EUA mergulhem de cabeça em uma fossa? Nunca interrompa seu inimigo quando ele estiver cometendo um erro…
Mais importante ainda, os EUA não terão mais facilidade em lutar contra a China ou a Rússia, independentemente do que aconteça com o Irã. China e Rússia são simplesmente fortes demais para o Ocidente coletivo. A guerra entre gigantes é determinada pelo poder duro, não por algumas manobras maquiavélicas.
Os “estrategistas” ocidentais estão tão intelectualmente falidos hoje em dia que confundem truques e traições “inteligentes” com movimentos estratégicos brilhantes. Suas maquinações mesquinhas não são páreo para o verdadeiro poder nacional.
Superpotências como a China e a Rússia têm os recursos e a garra para esmagar manipulações criminosas que o Ocidente tanto valoriza.
Mito 4: O Irã é um interesse Central e um aliado próximo da China
Realidade: simplesmente não é. A China tem sido transparente e explícita sobre seus principais interesses geopolíticos. São elas Taiwan, O Mar do Sul da China e a fronteira China-Índia. Seus principais parceiros geopolíticos são a Rússia e o Paquistão.
A China valoriza o Irã como parceiro econômico e político, mas seus interesses são principalmente comerciais. A China compra petróleo do Irã e vende produtos manufaturados para o país.
Enquanto a compra Chinesa de petróleo representa 90% das exportações iranianas de petróleo e 20% do PIB, a China depende do Irã para apenas 12-14% de sua importação de petróleo. As fontes de energia da China são altamente diversificadas e seus principais fornecedores de petróleo são Rússia, Arábia Saudita e Iraque. A China também compra mais petróleo da Malásia e dos Emirados Árabes Unidos.
À medida que a China eletrifica e descarboniza, sua demanda por petróleo atingiu o pico e deve diminuir gradualmente. A China lidera o mundo em energia verde e a região do Golfo será menos crítica com o tempo.
Rotas terrestres e ferrovias são construídas através de projetos BRI através da Ásia central, Paquistão e afeganistão para conectar o continente da Eurásia, fornecendo uma alternativa às rotas oceânicas no Oceano Índico, Mar Vermelho, Estreito de Ormuz e Canal de Suez.
O Irã não cooperou estreitamente com a China em projetos de energia e infraestrutura, tendo dado mais contratos à Europa do que a China desde o afrouxamento das sanções quando o JCPOA foi assinado. Agora as sanções estão de volta e os europeus recuam. A China não espera pelo telefone.
O Irã provou ser um parceiro de negócios pouco confiável. Os EUA e o Canadá usaram o comércio da Huawei com o Irã como pretexto para deter Meng Wanjun, CFO da Huawei e filha do fundador da empresa, por 3 anos. Foram os traidores iranianos que delataram os projetos da Huawei para os EUA. Traidores iranianos também traíram outra provedora de telecomunicações chinesa, a ZTE, levando a uma multa de US$ 1 bilhão pelo regime de sanções dos EUA.
O Irã é membro da BRI, mas concedeu seu projeto portuário mais importante para a Índia – o porto de Chabahar e a ferrovia entre Chabahar e Zaranj. A Índia dificilmente é amiga da China e não faz parte do BRI.
Adicionando insulto à injúria, o Irã tomou essa decisão depois que a China ajudou a mediar a hostilidade Irã-Saudita de séculos em 2023.
Embora o Irã seja livre para fazer sua escolha como país soberano, ele não tranquilizou a China flertando com a Índia e protegendo suas apostas comerciais e geopolíticas com esse país que não define de que lado está, sabendo muito bem que tal movimento será desaprovado por Pequim.
Pior ainda, o Irã forneceu refúgios seguros para o grupo terrorista exército de Libertação do Baluchistão (BLA) em sua fronteira com o Paquistão, que atacou repetidamente o projeto Corredor Econômico China Paquistão, o principal projeto BRI de US $62 bilhões. (https://www.theguardian.com/world/2024/jan/18/where-balochistan-why-iran-pakistan-strikes)%5B%5D(https://jamestown.org/program/grievances-provoke-surge-in-baloch-separatist-militancy-on-both-sides-of-pakistan-iran-border/)
O BLA sabotou o projeto do porto de Gwada, um eixo das rotas marítimas chinesas do Oceano Índico, e matou engenheiros e trabalhadores da Construção Civil chineses com homens-bomba e emboscadas. O BLA também é financiado pela Índia.
O mau julgamento do Irã corroeu seriamente sua relação com a China. A China não expressou publicamente sua frustração, mas o Irã dificilmente pode contar com a China para resgatá-lo de uma crise.
Ironicamente, embora o Irã tenha se esforçado para cortejar a Índia, inclusive indo a Nova Délhi para assinar um acordo de parceria estratégica abrangente com a Índia no meio da guerra Índia-Paquistão do mês passado, a Índia traiu o Irã da maneira mais desavergonhada possível.
Dois dias atrás, a Índia anunciou que discordava da declaração conjunta para condenar o ataque de Israel da SCO, à qual tanto a Índia quanto o Irã pertencem. Um dia antes de se distanciar da SCO, a Índia se absteve na Assembleia Geral da ONU em uma resolução pedindo cessar-fogo em Gaza. https://www.aljazeera.com/news/2025/6/16/why-india-refused-to-join-sco-condemnation-of-israels-attacks-on-iran
O Irã parece totalmente alheio ao fato de a Índia ser o país mais pró-Israel no sul global, com X mostrando uma postura pró-Israel em Gaza de 5 a 1 nas mídias sociais da Índia, comparável aos dados do próprio Israel e ainda maior do que os EUA, um território ocupado por judeus. O Império Bha-rat é um pária global quando se trata de decência humana básica.
Existem inúmeras postagens nas redes sociais indianas que anunciam “eu estou com Israel” no meio do Genocídio. Os publicações infelizes indianas são as mais ativas promovendo a narrativa Israelense sobre Gaza. Melhor ainda para Israel, o apoio Indiano vem de graça – até mesmo o AIPAC tem que subornar políticos dos EUA para repetir esses pontos de discussão hediondos.
O Irã também parece desconhecer que a Índia é um dos países mais Islamofóbicos do mundo, onde os Hindus fazem da acusação muçulmana um esporte nacional.
Quando o empurrão chega, é o Paquistão que se destacou depois que Israel lançou seu ataque. O Paquistão se comprometeu publicamente a apoiar o Irã militarmente, oferecendo até mesmo seu “guarda-chuva nuclear” no caso de um ataque nuclear Israelense.
Como mostrado no conflito em curso, O Irã não adquiriu nenhum sistema de armas chinês moderno. Há muito tempo depende da Rússia e de suprimentos domésticos de armas que dificilmente tiveram impacto nos combates aéreos (na verdade, não houve combates aéreos em todo o espaço aéreo Iraniano – a superioridade aérea israelense parece completa).
Isso contrasta fortemente com o desempenho superior dos caças chineses, radares de alerta precoce e mísseis ar-AR demonstrados pela Força Aérea do Paquistão, fornecida pela China, em sua guerra aérea com a Índia.
A decisão de aquisição militar do Irã é difícil de entender, já que a China se ofereceu para vender seus sistemas de defesa aérea em várias ocasiões a preços extremamente competitivos. Mais uma vez, o Irã mostrou um julgamento pobre em questões tão críticas de segurança nacional.
A falta de perspicácia estratégica, confiabilidade e bom senso do Irã dificilmente é uma recomendação para laços mais estreitos com potências sofisticadas como a China. Há um velho provérbio chinês que adverte que “lama molhada não pode ser usada para construir muros”.
Mito 5: Se a China não luta contra os EUA no Irã, então tem que lutar contra os EUA em casa. Portanto, é melhor lutar contra os EUA no Irã agora, em vez de esperar que os EUA ataquem a China na própria porta da China
Realidade: tais visões são basicamente uma repetição das famosas palavras de George W. Bush: “se você não lutar contra os terroristas lá, você vai lutar contra eles aqui”. Muito menos o fato de tal observação ser uma folha de Figueira frágil para esconder a agressão, Bush dificilmente é um gigante intelectual ou gênio militar. Muito pelo contrário.
A China está muito melhor para lutar contra os EUA em sua própria porta. Vai ganhar esse concurso sem dúvida. No entanto, lutar contra os EUA no Oriente médio, a 5.300 ou 7.200 quilômetros de distância (a distância entre Pequim e Teerã/Tel Aviv), onde os EUA têm numerosas bases militares e lacaios locais, enquanto a China não tem nenhuma, é uma proposta perdedora.
Defender que a China lute contra os EUA no Irã é uma pílula de veneno e um maluco. É claro que Pequim nunca morderá a isca.
A China está plenamente consciente de que um confronto final virá com os EUA, mas é um imperativo estratégico para a China escolher a hora e o lugar. A lógica é a mesma da vantagem que quem planeja e toma a iniciativa primeiro, estabelece o ritmo e força o oponente a reagir, permitindo assim vatagem na ação.
O pensamento estratégico chinês foi aperfeiçoado nessas regras por 2 mil anos e é um jogo de paciência e pensamento estratégico. Em comparação, o jogo ocidental de xadrez é de curto prazo ação-reação risco-recompensa focado e inferior.
O confronto final com os EUA será o evento decisivo para o mundo no próximo século. Uma nova ordem mundial depende do resultado. Não há como a China correr riscos desnecessários antes de estar totalmente pronta. Os acontecimentos no Oriente Médio agora são barulho no grande esquema das coisas.
Mito 5: a China compartilha as mesmas visões sobre alianças que o Ocidente; o objetivo da China é substituir os EUA para ser o policial do mundo e agora a oportunidade se apresentou
Realidade: as visões da China sobre alianças são informadas por sua própria história e visões geopolíticos, que diferem significativamente do pensamento predominante das Relações Internacionais ocidentais.
Alguns argumentaram que um eixo Rússia-Irã-China é a chave para desafiar a dominação Ocidental. Duvido que Pequim subscreva essa teoria de Brzezinski, articulada em seu livro “O grande tabuleiro de xadrez” –
“The Grand Chessboard” Zbigniew Brzezinski.
A ideia parece plausível na época, mas após um exame mais detalhado, é uma visão desatualizada do mundo e reflete uma perspectiva que pode ser válida há 30 anos, mas não reflete mais o presente.
Desde a publicação do livro, em 1997, as posições relativas de poder dos principais atores mudaram para além dos sonhos mais loucos de Brzezinski.
Hoje, a China pode contrariar os EUA como concorrente por conta própria, como a guerra comercial e a guerra tecnológica mostraram claramente. Estrategistas norte-americanos como Jake Sullivan, Kurt Campbell e Rush Doshi reconheceram que os EUA precisam que seus “aliados” e “parceiros” se unam para ter qualquer perspectiva de conter a China.
Já se foram os dias em que só os EUA têm poder suficiente para enfrentar a China, uma posição embaraçosamente humilhante para a auto-aclamada superpotência hegemônica.
Além disso, uma aliança multilateral é tão forte quanto seu elo mais fraco. Infelizmente o Irã é o elo fraco. Não é do interesse da China se amarrar a uma estrutura rígida que entrega mais obrigações do que benefícios.
Pelos cálculos de Pequim, uma estrutura formal de aliança sofre muitos inconvenientes:
– Risco de aprisionamento por parceiros juniores pequenos, menos poderosos, mas mais imprudentes e beligerantes (como os Estados Bálticos de chihuahua na OTAN);
– Problemas de ação coletiva (como as divergências da Hungria e da Turquia com o resto);
– Problemas de desequilíbrio e reciprocidade (os EUA gastam 3,5% do PIB em defesa, enquanto a média da UE é de 1%; Trump é louco pela “injustiça”, e com razão);
– Questão de confiança embutida (os EUA travariam uma guerra nuclear com a Rússia em nome da Lituânia sob o Capítulo 5 e cometeriam suicídio nacional?)
– Alianças ideológicas têm o fedor desagradável de missionários universalistas que a China odeia (lembra da cruzada?)
Em suma, alianças formais podem facilmente se transformar em um albatroz, mais um passivo do que um ativo.
No cálculo estratégico da China, O Irã não vale o mesmo que a Rússia ou mesmo o Paquistão. Embora não haja como a China arriscar um possível revés da Rússia na Guerra da Ucrânia ou a derrota do Paquistão pela Índia, ela tem uma tolerância de risco muito maior em relação ao Irã.
A China também quer equilibrar o relacionamento com a Turquia, os estados do Golfo e o Egito. Nenhum deles quer ver uma relação muito próxima entre a China e o Irã, especialmente se a China desempenhar um papel mediador no Oriente Médio.
No passado, a China foi gravemente traída pela Albânia, um parceiro comunista que financiou generosamente durante a Guerra Fria, mas virou para o oeste no primeiro momento em que a Guerra Fria terminou. Também foi traído pelo Vietnã depois de apoiá-lo durante a guerra com os americanos. A China aprendeu a lição.
Finalmente, a China não tem nenhum projeto ou interesse em substituir os EUA como o novo “xerife da cidade”. A China carece do fanatismo missionário ideológico das “democracias liberais” e do “auto sacrifício” para policiar e moldar o mundo à sua própria imagem. O “fardo do Homem Branco” é chamado assim por uma razão. Não existe tal encargo para a China.
Em resumo, se o Irã sobreviver à atual agressão Israelense/norte-americana e quiser a ajuda da China no futuro, deve fazer mais para ganhar a confiança e o apoio Da China. A parceria geopolítica não é uma dádiva concedida, mas uma relação privilegiada colada por interesses e confiança mútuos.
No fim das contas, essa não é a Guerra da China.
#END
Muito obrigado Ambrosio de Mateus por este comentário esclarecedor para nossos leitores. Sinceramente, o que eu vejo é um exercício de contorcionismo retórico para justificar lavar as mãos.
O mesmo tipo de contorcionismo retórico que tem permitido o extermínio transmitido ao vivo, on stream, do povo de Gaza. É verdade que o Irã não solicitou ajuda nem à Rússia, nem à China. Precisa pedir?
No fim do dia, sempre pode-se dizer “não é problema meu”, ou “não é minha guerra”…, etc. Os argumentos expostos por esse propagandista chines, Hui Bin, são imorais, assim como a atitude chinesa e russa.
Existe uma longa distância entre não fazer nada de efetivo e se envolver diretamente na guerra. Sanções seriam um bom começo, talvez?
O clube atômico do conselho de segurança, do qual Rússia e China também fazem parte, não quer a proliferação de armas atômicas porque isso significaria a diluição de seu poder. O conselho de segurança da ONU, a IAEA e a própria assembleia são instituições inúteis para o Sul Global. O jogo de resoluções, denuncias e discursos serve de fato à manutenção de uma arquitetura explicita, ou implicitamente, estratificada do mundo. Veja o caso da República Popular Democrática da Coreia. Se eles tivessem seguido o jogo da IAEA e do Conselho de Segurança da ONU — sempre endossados por Rússia e China, além dos outros suspeitos usuais — teriam seguido o mesmo destino da Líbia e do Iraque. Quando eles saíram do NPT e construíram sua dissuasão atômica, Rússia e China também se juntaram às sanções.
Suplemento: um caríssimo amigo, que convido a comentar também, me chamou a atenção para um detalhe que eu havia esquecido. No início da década passada, o Irã havia adquirido alguns sistemas S-300 da Rússia. Esses sistemas não foram entregues, porque o Irã sofreu sanções relacionadas ao seu programa nuclear – mais ou menos a mesma situação atual. A Rússia sancionou o Irã e simplesmente não entregou os sistemas que os iranianos já haviam pago. A entrega só foi realizada 10 anos depois… Depois disso, o Irã então decidiu desenvolver tais sistemas domesticamente e nunca mais recorrer a potências estrangeiras para armamentos avançados.
Enfim, talvez isto explique o “desinteresse” iraniano em colaborar com a Rússia em projetos de tecnologia de defesa.