EUA querem gurra: Itália em alerta

20/4/2021, Manlio Dinucci, Il Manifesto, Itália

“Moscou anunciou que, de 24 de abril a 31 de outubro, não dará passagem a nenhum navio de guerra estrangeiro por águas territoriais russas, em três áreas do Mar Negro.”
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O ministro das Relações Exteriores e o ministro da Defesa da Itália foram convocados com urgência à sede da OTAN em Bruxelas para reunião extraordinária do Conselho do Atlântico Norte, dia 15 de abril: o mesmo dia em que, em Washington, o presidente Biden assinou a “Ordem Executiva Contra Atividades Exteriores Nocivas do Governo Russo.”

A Ordem não decreta apenas expulsão de diplomatas e sanções econômicas, conforme noticiado pela mídia. “Se a Rússia continuar ou intensificar suas ações internacionais desestabilizadoras” – estabelece a Ordem –, “os EUA vão impor custos, de forma a causar impacto estratégico na Rússia”.

Precisamente para preparar-se para o “impacto estratégico”, ou seja, para uma escalada político-militar intensificada contra a Rússia, o Conselho do Atlântico Norte foi convocado (nível de ministros das Relações Exteriores e da Defesa dos 30 países da OTAN, formalmente presidido pelo Secretário-Geral Stoltenberg, mas presidido fato pelo Secretário de Estado dos EUA, Blinken e pelo Secretário de Defesa dos EUA, Austin).

O Conselho do Atlântico Norte – órgão político da Aliança que, segundo as regras da OTAN, decide não por maioria, mas sempre “por unanimidade e por acordo mútuo”, ou seja, de acordo com o que tenha sido decidido em Washington – aprovou imediatamente, por unanimidade, uma “Declaração de solidariedade com os EUA em ações anunciadas em 15 de abril, para responder às atividades desestabilizadoras da Rússia”.

Em seguida, repetem-se, nas mesmas palavras da Ordem Executiva de Biden, as acusações contra a Rússia:

– “Comportamento desestabilizador e provocador, violação da integridade territorial da Ucrânia e da Geórgia, interferência nas eleições dos EUA e dos Aliados, vasta campanha de desinformação, uso de gás nervoso contra Navalny, apoio a ataques às forças de EUA/OTAN no Afeganistão, violação dos acordos de não proliferação e desarmamento”.

Sobre o mérito dessas acusações basta considerar, uma por todas, só a última: acusar a Rússia de ter violado os acordos de não proliferação e desarmamento. São os EUA que sempre violaram o Tratado de Não Proliferação, ao implantar armas nucleares na Itália e outros países europeus. Também foram os EUA que rasgaram o Tratado de Forças Nucleares de Médio Alcance (Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty), reabrindo o caminho para a instalação de novos mísseis nucleares na Europa.

A escalada não é apenas verbal. Na véspera da reunião do Conselho do Atlântico Norte, o Exército dos EUA na Europa anunciou que, tendo de receber duas novas unidades operacionais nos próximos meses, manterá três bases na Alemanha (que já deveria ter devolvido ao governo alemão). No dia seguinte ao Conselho do Atlântico Norte, os EUA anunciaram um acordo com a Noruega, que lhes permite ter quatro bases aéreas e navais na fronteira com a Rússia.

Entretanto, o contratorpedeiro norte-americano Arleigh Burke regressou à Europa, passando por modernização que “aumentou o alcance e a capacidade dos seus armamentos”. O Arleigh Burke é uma das 4 unidades de mísseis de implantação avançada da Sexta Frota que, sob as ordens do Comando das Forças Navais dos EUA na Europa (com sede em Nápoles, Capodichino), operam no Báltico e no Mar Negro.

Esses navios são equipados com lançadores verticais Lockheed Martin Mk 41, capazes de lançar (de acordo com as especificações técnicas oficiais) “mísseis para todas as missões: antiaérea, antinavio e ataque a alvos terrestres”. Mísseis dessa última categoria, na qual se inclui o míssil Tomahawk, podem ser armados com uma ogiva convencional ou nuclear.

A Rússia presume que mísseis de ataque nuclear estejam a bordo desses navios próximos ao seu território.

Londres também anuncia o próximo envio de uma unidade de mísseis ao Mar Negro.

Moscou anunciou que, de 24 de abril a 31 de outubro, não dará passagem a nenhum navio de guerra estrangeiro por águas territoriais russas, em três áreas do Mar Negro.

A situação ficará ainda mais tensa quando, no próximo verão, ocorrer no Mar Negro o exercício Brisa do Mar (ing. Sea Breeze) EUA-Ucrânia, no qual também participarão outros países da OTAN, com mais de 30 navios, apoiados por aviões, helicópteros e drones.*******

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