Tomado de: Blog do Alok
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
Autor: Auslander
A guerra na Síria é de fato guerra entre os EUA e a Federação Russa, em microcosmo. As Forças Armadas da Rússia demostraram impressionante talento tático, e os diplomatas russos mostraram que são os melhores diplomatas do mundo.
Com a União Europeia reduzida a suplicar e arrastar-se pelo chão aos pés de Washington, e Washington nada faz além de pôr-se aos berros e gritaria, feito criança a quem se nega um pedaço de bolo, Vladimir Vladimirovich Putin e Lavrov com grande talento prenderam Washington numa armadilha de raposa.
Que ninguém pense, nem por um segundo que o mundo não esteja assistindo a tudo isso com o coração na boca, todos pendurados a cada declaração, a cada nuance de frase, a cada leve movimento de mãos.
A guerra na pequena Síria é reconhecida em todo o mundo como a guerra por todas as bolas da mesa. Se Washington perder essa – e eles estão perdendo – é fim de jogo. Os que tenham mais ou menos a minha idade não viverão para ver o fim dos EUA, mas viveremos para ver o fim dos EUA como suposta maior potência mundial.
Na verdade, os EUA como maior potência mundial começaram a morrer no final do Vietnã. Quando Brand X atira contra você com você já tentando sair, você perdeu. Coreia foi empate. O Vietnã foi total derrota e catástrofe da qual os militares norte-americanos só se recuperaram depois de muitos anos. Recuperaram-se, afinal, até certo ponto, mas aquela recuperação transformou-se numa hidra cheia de ódio que hoje já está completamente fora de controle. A simples ideia de altos oficiais fazendo declarações sobre o que farão ou deixarão de fazer em relação aos civis no poder em Washington já diz tudo. Aquelas declarações claras e públicas são crime militar, e indiciados têm de ser levados a corte marcial,[1] mas até aqui ninguém lhes aplicou qualquer corretivo por aquela clara, aberta violação do Código Justiça Militar dos EUA [ing. United States Code of Military Justice,UCMJ].
Por outro lado, há dois e três anos houve um expurgo draconiano de oficiais de companhia e patentes inferiores e de Oficiais não Comissionados (ing. NCOs). Muitos dos melhores e mais brilhantes veteranos de combates foram demitidos ou encorajados a se aposentar. Na essência, o quadro mais profundo leal aos EUA e a valores do país foram como que sucateados, e o que sobrou é gente morta de medo de PC, para dizer alguma coisa. Muitos dos NCOs veteranos que permaneceriam no exército por 30 anos pelo menos, estão saindo já aos 20. Oficiais não promovidos em três promoções, estão fora. Assim se livraram de muitos oficiais que se recusaram a aposentar-se quando mais jovens. Com isso, a ponta da lança perdeu o fio e já não é letal, está rombuda. Ainda têm todos aqueles brinquedinhos brilhantes, com mais e mais penduricalhos que chegam de tempos em tempos, mas como já mencionei no Relatório de Situação depois que viajei por trás das linhas inimigas ano passado, a ‘valentia’ acabou, a pose de ‘limamos qualquer um a qualquer momento’ foi substituída por ‘fale dos soldados russos’, ‘conte sobre o exército russo’, ‘e os aviões e pilotos russos?’, ‘são muito bons?’, ‘vão combater contra nós?’
Em poucas palavras, embora alguns tenham conversado comigo uma noite inteira, minhas respostas foram ‘são formidáveis’, ‘tão bons como vocês ou melhores que vocês, pilotos e aeronaves’, ‘vocês não vão querer saber o quanto eles são bons’, e ‘sim, combaterão contra vocês, se vocês ameaçarem Мать Россия [a Mãe Rússia]’.
A realidade é que a Rússia está movendo céus e terras para evitar uma guerra mundial. Vamos ver. Bem fariam muitos, especialmente em Foggy Bottom, se assistissem a esse videozinho, de há poucos anos. Assistam, pensem sobre o que aí se ouve. Que ninguém suponha, nem por um segundo, que o cavalheiro que aí fala não esteja falando absolutamente a sério. Obrigado pela atenção.
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