Por Uli Gellermann em 9 de novembro de 2023
Terror estatal é combatido com terror
“Apartheid é qualquer forma institucionalizada de uma política de segregação racial para a opressão de uma raça por outra”. Citação de Otto Triffterer: Bestandsaufnahme zum Völkerrecht [NT: Fazendo um balanço do direito internacional, sem tradução para o português]. – Desde o início, o Estado de Israel foi uma formação de opressão religiosamente definida contra os palestinos. Seu crime: eles viviam onde os sionistas queriam estabelecer o Estado de Israel. O próximo crime dos palestinos: eles não desapareceram do nada depois que o Estado de Israel foi fundado. Os incômodos habitantes originais tiveram de ser “tratados” de forma diferente dos novos habitantes para garantir o domínio dos colonizadores judeus. Essa diferença de tratamento continua até hoje.
Depois do roubo de terras, a opressão
O roubo de terras foi seguido pela opressão militar dos palestinos, que foi até formalizada em lei em 2018: A “Lei do Estado-Nação”, que afirma que “Israel é a pátria histórica do povo judeu, e somente eles têm o direito exclusivo de autodeterminação nacional lá”. As fronteiras dessa pátria nunca foram definidas e, portanto, podem ser expandidas a qualquer momento. Além disso, essa lei privou o árabe, a língua materna de um quinto da população israelense, de seu status de idioma oficial. – O fato de as fronteiras de Israel se referirem à Bíblia, uma coleção de textos de origem lendária sem qualquer valor probatório, define Israel como uma construção religiosa.
Favorecimento dos judeus israelenses
Apenas uma minoria de palestinos que vivem em terras controladas por Israel são cidadãos israelenses, ou seja, cidadãos que têm direitos. Mesmo com cidadania, seus direitos civis são severamente restringidos em comparação com os dos cidadãos judeus. Governos israelenses nos últimos anos também usaram procedimentos legais não transparentes para expropriar terras de palestinos em ambos os lados da Linha Verde, demolir casas, retirar permissões de moradia e proibir a construção, ao mesmo tempo em que incentivaram ativamente a construção e o uso da terra por judeus israelenses.
Lei militar contra palestinos
Enquanto os cidadãos judeus de Israel podem viajar livremente pela Cisjordânia, os “não cidadãos” palestinos estão sujeitos a severas restrições de viagem. Aproximadamente cinco milhões de palestinos sem direito a voto não podem votar nas eleições israelenses. Os palestinos nos territórios ocupados também são proibidos de protestar sem uma permissão. Se o fizerem, seu comportamento estará sujeito a uma jurisdição diferente da dos colonos judeus. Hebron, onde colonos e palestinos vivem muito próximos uns dos outros, é um bom exemplo: Se um jovem palestino atirar uma pedra em um soldado, ele será punido de acordo com a lei militar. Se um colono atirar uma pedra em um palestino, aplica-se a lei civil e administrativa israelense.
Cerca de 200 a 300 crianças palestinas sob custódia israelense todos os meses
Israel leva crianças palestinas aos tribunais militares. Nas últimas décadas, cerca de 45.000 crianças palestinas foram presas pelos militares. Desde 2000, cerca de 12.000 crianças palestinas foram presas pelas forças israelenses na Cisjordânia ocupada e detidas em centros de detenção militar israelenses. Muitas dessas crianças têm apenas 12 anos de idade. Em alguns casos, até mesmo crianças de seis e sete anos foram presas pelos militares. Todos os anos, Israel leva de 500 a 700 crianças palestinas aos tribunais militares e centenas de outras são detidas e depois liberadas sem acusação. Em média, 200 a 300 crianças são detidas sob custódia israelense todos os meses. Nada se sabe sobre a existência crianças israelenses nas prisões israelenses.
Racismo do judiciário israelense
O racismo do sistema judiciário israelense se estende até ao casamento: um palestino de 30 anos de Jerusalém Oriental foi condenado a 18 meses de prisão por estupro por um tribunal de Jerusalém. Embora não tenha realmente usado de violência, ele fingiu para uma mulher que era um judeu solteiro à procura de uma namorada. Pouco tempo depois, os dois fizeram sexo consensual. A “violência”, segundo a decisão do tribunal, consistiu na falsa origem.
Terror dos oprimidos contra o terror do poder
O termo “apartheid” tem origem na África do Sul. O regime de injustiça dos brancos de lá, que era dirigido contra as pessoas de cor, foi eliminado por meio da resistência armada (Umkhonto we Sizwei), entre outras coisas. Naturalmente, as formações armadas do movimento de libertação foram rotuladas de terroristas no Ocidente. O terror do poder estatal branco foi combatido com o terror dos oprimidos. Os paralelos surgem da coincidência chamada história.
+++
Este artigo foi publicado pela primeira vez em 09/11/2023 no portal Rationalgalerie.
Fonte: https://apolut.net/apartheidstaat-israel/
Be First to Comment