Misión Verdad – 28 de fevereiro
Foto de capa: Léster e Lénder Toledo comemorando a questionada vitória eleitoral do presidente Nayib Bukele em seu comando de campanha em 05 de fevereiro de 2024 (Crédito: Instagram/@lestertoledo)
No meio de um processo eleitoral cheio de polêmicas, o presidente Nayib Bukele de El Salvador declarou vitória apenas duas horas após o fechamento das urnas em 04 de fevereiro. Segundo ele, obteve 85% dos votos e seu partido, Nuevas Ideas, teria 58 dos 60 deputados disponíveis.
Embora o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não tenha conseguido transmitir resultados confiáveis sobre a correlação da Assembleia Legislativa, Bukele contou com seu próprio centro de coleta de dados, liderado por venezuelanos, para proclamar sua vitória. Neste contexto, o chefe do comando de campanha, Léster Toledo, e a sua empresa Salto Angel Consulting tiveram um papel fundamental na estratégia do bukelismo.
E artigo de Ele Faro expõe em profundidade o questionado processo eleitoral em El Salvador e a influência do grupo de assessores liderado por Toledo.
“O líder do comando de campanha de Nayib Bukele e da Nuevas Ideas é o assessor venezuelano Lester Toledo e sua empresa Salto Angel Consulting, que operavam um call center para garantir a presença de vigilantes nos centros de votação e destacavam pesquisadores para analisar os resultados”.
O texto destaca as diferenças na capacidade de transmissão de dados entre o TSE de El Salvador e o comando de campanha do presidente Bukele. Enquanto o primeiro apresentava dificuldades, no segundo as informações eram processadas sem problemas e os resultados chegavam rapidamente.
“Léster Toledo compartilhou em suas redes sociais um vídeo que descreve o funcionamento do comando de campanha que articulou sua equipe de assessores da Salto Angel Consulting. Essa instância ficou encarregada de confirmar o envio de pesquisadores que compilaram um resumo dos dados da pesquisa dos centros de votação. ‘Falei várias vezes com o presidente Bukele naquele dia’, diz Toledo em um spot publicitário de sua empresa e afirma que compilou informações fornecidas por 200.000 pessoas para confirmar a Bukele que ele havia vencido a eleição.”
A relação de Léster Toledo com Nayib Bukele, bem como com seus irmãos Karim, Ibrajim e Yusef Bukele, remonta à Campanha presidencial de 2019, quando atuou como estrategista do então candidato. Em maio daquele ano, Bukele viajou aos Estados Unidos e se encontrou com Carlos Vecchio, colaborador próximo de Toledo que na época havia sido nomeado “embaixador” em Washington D.C. pelo falso governo de Juan Guaidó. Vecchio agradeceu a Bukele pelo apoio. Posteriormente, em Novembro de 2019, o corpo diplomático do Presidente Nicolás Maduro foi expulso de El Salvador.
Para 2021, o irmão de Léster, Lénder Toledo, e Esteban Vicuña foram os responsáveis pela equipe de redes sociais e propaganda do país centro-americano, em colaboração com Sarah Hanna, líder de outra equipe de venezuelanos pertencentes a um círculo privilegiado de tomada de decisão dentro do governo.
Embora não se conheçam informações oficiais sobre as acusações, foi revelado que estes grupos de venezuelanos recebem honorários da Secretaria Privada da Presidência da República. Questionado sobre o assunto em 2021, Léster recusou-se a revelar o valor exato que tem faturado como consultor, argumentando que os seus contratos contêm “cláusulas de confidencialidade com o cliente”.
Esses “assessores” ligados à Voluntad Popular (VP) operam numa espécie de gabinete oculto na gestão de projetos governamentais e do partido Nuevas Ideas. Anteriormente O farol revelou que, durante a pandemia, estiveram envolvidos na criação de um “Fundo de Emergência” de 2 bilhões de dólares destinado a coordenar doações internacionais e na entrega de cestas alimentares, algo que lembra o programa alimentar CLAP da Venezuela.
Os contratos de Toledo com o governo Bukele e Nuevas Ideas foram administrados pela Salto Angel Consulting Inc. Esta instituição opaca, segundo O farol, foi registrada em Delaware em 2017, possui o venezuelano como CEO e não fornece informações sobre seus acionistas ou diretores.
“Toledo não apenas esconde o quanto fatura a Nuevas Ideas, mas também diz muito pouco sobre os proprietários: ‘Eles são venezuelanos e americanos, que registraram a empresa em Delaware para proteger sua identidade. Porque me contratar põe em risco a integridade de suas famílias na Venezuela, onde por ser líder da Voluntad Popular me estigmatizaram como promotor de assassinatos e por isso tiveram que fazer um registro privado’, explicou.”
Em uma série de fotografias partilhada por Léster Toledo na celebração da campanha eleitoral, destaca-se a presença de Luis Somaza, considerado o número dois de Juan Guaidó e que aparece como conselheiro de campanha na Salto Angel Consulting. Além disso, as imagens identificam Lénder Toledo e Leonardo Arteaga, vice-presidente político que participou de “eventos públicos em espaços reservados a ministros e chefes do Executivo” de El Salvador.
O artigo também menciona a presença de assessores venezuelanos das estruturas territoriais da VP em Maracaibo, estado de Zulia.
A revelação de que estes acólitos da Voluntad Popular não exercem apenas um controle clandestino sobre as decisões políticas do governo Bukele, que já tinha sido exposto neste espaço, lançando luz sobre o impacto do grupo político além das fronteiras venezuelanas, que ora se comporta como partido, ora como empresa.
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Fonte: https://mision Verdad.com/venezuela/la-sombra-de-voluntad-popular-opaca-jornada-electoral-en-el-salvador
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