Por que motivo é que a Cimeira de Varsóvia se tornou numa “Cimeira de Mentiras.”
© REUTERS / Kacper Pempel
Embora os participantes da Cimeira da NATO manifestassem a sua disponibilidade para expandir relações construtivas com Moscovo, o resultado principal da reunião de Varsóvia foi a expansão da presença da aliança militar perto das fronteiras da Rússia, de acordo com o jornal russo Vzglyad.
A Cimeira da NATO, em Varsóvia, viu os participantes concordar, hipocritamente, com a necessidade dessa aliança reforçar os laços com Moscovo, publicou o jornal russo Vzglyad, chamando a atenção para o facto de que o principal resultado da Cimeira de Varsóvia foi a expansão da presença militar da NATO perto das fronteiras russas.
O jornal referiu Konstantin Kosachev, o Chefe da Comissão dos Assuntos Internacionais do Senado russo, que chamou à reunião de Varsóvia, “uma cimeira de mentiras”, pois a sua única decisão fundamental foi baseada em declarações falsas sobre supostas ameaças que teriam surgido da Rússia.
Ele escreveu na sua página do Facebook, que “a decisão da NATO de estabelecer quatro batalhões na Polónia e nos Estados Bálticos, é improvável que mude drasticamente o nosso relacionamento.”
“Não temos medo dos soldados, receamos os políticos que, sabendo muito bem que não há nenhuma ameaça da Rússia, continuam a enganar milhões de pessoas. Por esta razão é que a reunião de Varsóvia é uma cimeira de mentiras“, de acordo com o que ele declarou.
Por sua vez, o antigo Presidente da URSS, Mikhail Gorbachev, descreveu os passos da OTAN como uma preparação para a guerra. Vzglyad citou-o, a referir que “a retórica da cimeira de Varsóvia mostra, praticamente, que a aliança está a declarar a guerra contra a Rússia.”
“Eles falam de defesa, mas, na verdade, estão a preparar-se para uma ofensiva“, ressaltou.
Mikhail Gorbachev foi reiterado pelo perito militar, Alexander Perendzhiyev que, numa entrevista com o jornal Vzglyad, atacou a duplicidade da OTAN, dizendo que nos documentos oficiais, a aliança refere a Rússia como uma ameaça potencial equivalente ao Daesh, enquanto declara a sua relutância de encarar a Rússia como um inimigo.
“Os documentos oficiais da OTAN permitem que a aliança receba mais fundos/financiamentos para desenvolver infra-estruturas perto das fronteiras russas”, disse ele.
Perendzhiyev também criticou a Otan por não analisar a situação internacional, especialmente no que diz respeito à segurança europeia e à ameaça de terrorismo. Expressou dúvidas sobre a necessidade de colocar “milhares de militares da[NATO] perto da fronteira da Rússia.”
Também acrescentou que é muito mais fácil para a OTAN, reconhecer a Rússia como inimiga, em vez de salientar a sua disponibilidade para conter o terrorismo internacional.
“Os ataques terroristas em Bruxelas e Paris demonstraram a impotência completa da OTAN, quando a luta contra o terrorismo está em causa e vão continuar a demonstrar essa fraqueza no futuro. Para eles, é muito mais vantajoso falar da aliança de oposição à Rússia”, disse ele.
Também referiu que, outro grande resultado da Cimeira de Varsóvia, foi conquistar um acordo de cooperação entre a OTAN e a União Europeia.
Perendzhiyev sublinhou que tais acordos permitem à OTAN, tirar partido dos recursos dos países europeus que não são membros da aliança, incluindo a Áustria, a Suécia e a Finlândia.
“Este tratado pode transformar a União Europeia numa espécie de filial OTAN, porque no decorrer desta interacção serão os EUA, que irão dominar”, disse ele, acrescentando que a Cimeira de Varsóvia poderia ser descrita como os Estados europeus a enganar-se a si mesmos.
A Cimeira da OTAN teve lugar em Varsóvia, na capital da Polónia, de 8 a 9 de Julho. A aliança concordou em fixar quatro batalhões na Letónia, na Lituânia, na Estónia e na Polónia.
Os países membros também decidiram lançar um escudo europeu de defesa anti-míssil e reforçar a sua presença no Mar Negro.
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
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