A Operação Z é o começo do fim da guerra de oito anos de Kiev contra o Donbass, diz voluntário dos EUA

Ekaterina Blinova entrevista Russel “Texas” Bentley – Petrovsky, Distrito de Donetsk – 27 de maio de 2022

Após oito anos de bombardeio de seus lares pelo exército ucraniano, os habitantes de Donbass esperam que a operação especial da Rússia ponha fim a esse conflito, diz Russell Bonner Bentley, um voluntário americano que recebeu o codinome “Texas” depois de ingressar na milícia Donbass, em 2014.

“Desde a operação especial, posso dizer que nas principais cidades das repúblicas de Donbass, o bombardeio ucraniano aumentou significativamente”, diz Bentley. “Eles estão usando Tochka-Us [sistema de mísseis balísticos de médio alcance – nota da tradutora] contra nossos civis. Agora, o bombardeio pesado, particularmente na minha vizinhança no distrito de Petrovsky (de Donetsk), as pessoas estão sendo bombardeadas a uma taxa que não experimentavam desde 2014 ou 2015. E assim é muito difícil.”

Ele observa que oito anos de guerra “prejudicam todas as pessoas, desde o soldado na linha de frente até a criança que nasceu em 2015, até a velha babushka que ainda é apenas uma aposentada, sentada na varanda da frente, observando as coisas se desenvolverem.”

“O povo do Donbass e os voluntários, em primeiro lugar, entendem que a Operação Z era absolutamente necessária”, diz o veterano, referindo-se à operação especial da Rússia, lançada em 24 de fevereiro.

Ele lembra que em fevereiro de 2022 o exército ucraniano havia reunido 150.000 soldados no front de Donbass contra 60.000 dos defensores da região e que os militares ucranianos prepararam uma grande ofensiva contra as principais cidades de Donbass – Donetsk, Gorlovka, Makeevka e Lugansk.

“No final de fevereiro deste ano, eles estavam a apenas alguns quilômetros do centro dessas cidades”, diz Bentley, acrescentando que se o exército ucraniano tivesse conseguido lançar a ofensiva, teria rompido as linhas defensivas de Donbass, e avançado rapidamente para o centro de Donetsk.

Russell Bentley, um combatente voluntário e blogueiro dos EUA na República Popular de Donetsk. © Sputnik

“Eles poderiam ter usado os civis de lá como escudos humanos misturados entre eles, e isso teria neutralizado as vantagens militares mais importantes da Rússia, que são seu poder aéreo, sua artilharia e seu poder de foguete”, diz ele. “Isso teria criado um combate urbano prolongado, como Stalingrado ou, você sabe, Fallujah no Iraque ou algo assim. E esse era o plano deles.”

O veterano explica que o povo de Donbass está ciente de que a Rússia chegou apenas alguns dias antes que os militares ucranianos estivessem se preparando para atacar.

“Os russos salvaram literalmente centenas de milhares de vidas humanas ao chegarem quando o fizeram”, diz ele. “E as pessoas aqui, nós sabemos disso e apreciamos isso. E sabemos também que a Operação Z é o começo do fim desta guerra que já dura oito anos. E sabemos também, além de qualquer dúvida – como qualquer pessoa inteligente sabe – que a Rússia vai ganhar esta guerra. Absolutamente.”

Embora Mariupol esteja em ruínas após um combate feroz, as forças armadas russas entraram imediatamente com ajuda humanitária e começaram a tentar reparar a infraestrutura, a eletricidade e a água, diz o veterano do Donbass. Ele duvida que o exército ucraniano teria feito algo assim depois de conquistar Donetsk. Em vez disso, eles teriam iniciado uma operação de limpeza no estilo neonazista Einsatzgruppen[*] e perseguido simpatizantes da Rússia, diz Bentley.

Campo de batalha e guerra econômica

Há muitas maneiras de a operação especial russa partir da libertação final de Mariupol, diz o veterano do Donbass.

“Esta guerra até agora foi conduzida como um jogo de xadrez brilhante”, diz Bentley. “A coisa contra Kharkov e contra Kiev foi realmente brilhante. Trancou muitas tropas ucranianas que, de outra forma, teriam vindo para reforçar as tropas na frente de Donbass.”

Ele sugere que o próximo passo dos militares da República Popular de Donetsk (DPR) apoiados pela Rússia poderia ser cercar e neutralizar o exército ucraniano no front de Donbass. Ele também está confiante de que “há muita diplomacia acontecendo nos bastidores, muitas negociações e acordos sendo feitos que não são públicos”.

Ainda não está claro como a situação evoluirá, quais regiões virão a seguir no foco das forças DPR/LPR e se a OTAN interferirá militarmente no conflito, diz ele. No entanto, ele continua otimista com o resultado da operação: mesmo que os soldados da OTAN estejam engajados na Ucrânia, a Rússia vencerá, afirma.

“Os russos usaram cerca de 15% ao máximo de seu potencial militar nesta guerra até agora. E eles alcançaram todos os objetivos”, diz ‘Texas’. “Geralmente é um princípio básico que para atacar algo, você precisa ter uma superioridade numérica tripla em soldados e equipamentos – como os defensores têm – para ter uma expectativa razoável de vitória. E, de fato, a Rússia teve vitória atacando defensores a menos de 1 para 1, particularmente em Mariupol.”

O confronto que se desenrola entre a Rússia e o Ocidente não se limita ao campo de batalha ucraniano, de acordo com o voluntário americano: o Ocidente está desencadeando uma guerra econômica global contra a Rússia ao impor duras sanções ao país. Desde o início da operação especial, a Rússia tem suportado o maior número de sanções de qualquer país do mundo. No entanto, essas restrições já saíram pela culatra para aqueles que as impuseram.

“Vi economistas alemães dizerem seriamente que um pão na Europa pode custar 10 euros (US$ 11) até o final deste ano”, observa Bentley. “A Rússia tem segurança alimentar, energética e econômica. O rublo é a moeda com melhor desempenho do mundo neste momento.”

O Ocidente também não conseguiu isolar a Rússia, com a Índia, a China e o Brasil indicando que não estão dispostos a embarcar na onda de sanções de Washington. Além disso, “há muitos países na Europa que não gostam da ideia de destruir suas economias apenas para seguir as instruções dos EUA”, diz o veterano, acrescentando que espera que o povo do Ocidente exerça pressão sobre seus respectivos governos para parar uma guerra de sanções automutilantes contra a Rússia e um fluxo incontrolável de armas para a Ucrânia.

[*]Einsatzgruppen – nomeada oficialmente como Einsatzgruppen der Sicherheitspolizei und des SD – foi um esquadrão da morte vinculado à SS (SchutzStaffel) na Alemanha nazista que promoveu diversas execuções em massa, a maioria de civis na Europa Oriental – nota da tradutora.


Fonte: https://sputniknews.com/20220527/operation-z-is-the-beginning-of-the-end-for-kievs-eight-year-war-against-donbass-us-volunteer-says-1095809287. html

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