Pepe Escobar – 18 de setembro de 2024
Nota do Saker Latinoamérica: Quantum Bird aqui. Após a leitura da peça impecável de Pepe, confiram David Byrne queimando milhares de calorias numa performance ao vivo do Taking Heads, em Nova York, 1983. Video no fim da página. Entrem na vibe e boa leitura.
This ain’t no party
This ain’t no disco
This ain’t no fooling around
No time for dancin’
Or lovey-dovey
I ain’t got time for that now
Talking Heads, Life During Wartime
Primeiro, tivemos ação: O presidente Putin – frio, calmo e controlado – adverte que qualquer ataque à Rússia com mísseis de longo alcance da OTAN será um ato de guerra.
Então tivemos uma reação: Os ratos da OTAN correndo de volta para a sarjeta – às pressas. Por enquanto.
Tudo isso foi uma consequência direta do desastre de Kursk. Uma aposta desesperada. Mas o estado das coisas na guerra por procuração na Ucrânia estava desesperador para a OTAN. Até que ficou claro como cristal que tudo isso é basicamente irrecuperável.
Portanto, restam duas opções.
A rendição incondicional da Ucrânia, nos termos da Rússia, o que equivale à uma humilhação completa da OTAN.
Ou a escalada para uma guerra total (itálico meu) com a Rússia.
As classes dominantes dos EUA – mas não do Reino Unido – parecem ter registrado a essência da mensagem de Putin: se a OTAN estiver em guerra com a Rússia, “então, tendo em mente a mudança na essência do conflito, tomaremos as decisões apropriadas em resposta às ameaças que nos serão impostas”.
O vice-ministro das Relações Exteriores, Sergey Ryabkov, foi sinistramente mais preciso:
“A decisão foi tomada, a carta branca e todas as indulgências foram dadas [a Kiev], portanto, nós [Rússia] estamos prontos para tudo. E reagiremos de uma forma que não será bonita”.
A OTAN está de fato em guerra com a Rússia
Para todos os efeitos práticos, a OTAN já está em guerra com a Rússia: voos de reconhecimento ininterruptos, ataques de alta precisão em campos de aviação na Crimeia, forçando a Frota do Mar Negro a se deslocar de Sevastopol, e esses são apenas alguns exemplos. Com a “permissão” para atacar até 500 km de profundidade na Rússia e uma lista de vários alvos já apresentados por Kiev para “aprovação”, Putin declarou claramente o óbvio.
A Rússia está travando uma guerra existencial pela sobrevivência da Pátria – o que tem feito repetidamente ao longo dos séculos.
A URSS sofreu 27 milhões de perdas e saiu da Segunda Guerra Mundial mais forte do que nunca. Essa demonstração de força de espirito, por si só, assusta o Ocidente coletivo até a morte.
O ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov – cuja paciência taoista parece estar se esgotando – acrescentou um pouco de cor ao quadro geral, recorrendo à literatura inglesa:
“George Orwell tinha uma imaginação rica e uma visão histórica. Mas nem ele conseguiu imaginar como seria um estado totalitário. Ele descreveu alguns de seus contornos, mas não conseguiu penetrar nas profundezas do totalitarismo que vemos agora dentro da estrutura da “ordem baseada em regras”. Não tenho nada a acrescentar. Os atuais líderes em Washington, que reprimem qualquer dissidência, o superaram. Isso é totalitarismo em sua forma mais pura.”
Lavrov concluiu que “eles estão historicamente condenados”. No entanto, eles realmente não têm coragem de provocar a Terceira Guerra Mundial. Os covardes de marca registrada só podem recorrer a uma Guerra DE Terror.
Aqui estão alguns exemplos. A SVR – inteligência estrangeira russa – descobriu um plano de Kiev para emular um ataque de mísseis russos a um hospital ou jardim de infância em território controlado por Kiev.
Os objetivos incluem elevar o moral – em colapso – da AFU; justificar a remoção completa de quaisquer restrições a ataques com mísseis no território profundo da Federação Russa; e atrair o apoio do Sul Global – que, em sua maioria, entende o que a Rússia está fazendo na Ucrânia.
Paralelamente, se essa bandeira falsa em massa funcionar, o Hegemon a usaria para “aumentar a pressão” (Como? Gritando a plenos pulmões?) sobre o Irã e a Coreia do Norte, cujos mísseis provavelmente seriam os perpetradores da carnificina.
Por mais que isso pareça rebuscado no nível do Estupidistão Máximo, considerando a Demência Profunda que vai de Washington e Londres a Kiev, continua sendo possível, já que a OTAN de fato mantém a iniciativa estratégica nessa guerra. A Rússia, por sua vez, permanece passiva. É a OTAN que está escolhendo o método, o local e o momento para seus ataques decisivos.
Outro exemplo clássico de Guerra do Terror é o fato de a organização jihadista e sucursal da al-Qaeda, Hayat Tahrir al-Sham, na Síria, terem recebido 75 drones de Kiev, em troca da promessa de enviar um grupo de combatentes experientes do espaço pós-soviético para Donbass.
Nada de novo na frente do terror aqui: O espião-chefe ucraniano Kirill Budanov – adorado no Ocidente como uma espécie de James Bond ucraniano – está sempre em contato próximo com os jihadistas em Idlib, conforme relatado pelo jornal sírio Al-Watan.
Preparando-se para o remix da Operação Barbarossa
Paralelamente, tivemos o vice-secretário de Estado dos EUA, Kurt Campbell – aquele russófobo/sinófobo que inventou o “pivô para a China” durante o primeiro governo Obama – informando aos burocratas seniores da UE e da OTAN sobre a cooperação militar do novo eixo do mal decretado pelo Império: Rússia-China-Irã.
Campbell concentrou-se principalmente na assistência de Moscou a Pequim com conhecimentos avançados sobre submarinos, mísseis e furtividade, em troca de suprimentos chineses.
É óbvio que o coletivo por trás do zumbi que não consegue nem descobrir uma maneira de lamber um sorvete não tem conhecimento da colaboração militar interligada das parcerias estratégicas entre Rússia, China e Irã.
Cego como mil morcegos, o coletivo interpreta o fato de a Rússia compartilhar seu conhecimento militar, até então muito bem guardado, com a China como “um sinal de crescente imprudência”.
A verdadeira história preocupante por trás dessa mistura de ignorância e pânico é que nada se origina do zumbi que não consegue nem lamber um sorvete. É o “Biden coletivo” que, na verdade, está trabalhando arduamente para predefinir a trajetória da guerra por procuração na Ucrânia para além de janeiro de 2025 – independentemente de quem for eleito para a Casa Branca.
A guerra contra o terror deve ser o paradigma geral, enquanto os preparativos para a verdadeira guerra contra a Rússia continuam, com o horizonte definido para 2030, de acordo com as deliberações internas da própria OTAN. É nesse momento que eles acreditam que estarão no auge do poder para promover uma versão remixada da Operação Barbarossa de 1941.
Esses palhaços são congenitamente incapazes de entender que Putin não blefa. Se não houver mais nenhuma opção, a Rússia irá (itálico meu) atacar com armas nucleares. Do jeito que está, Putin e o Conselho de Segurança – apesar da retórica incendiária de Medvedev – estão mergulhados na difícil tarefa de absorver golpe após golpe para evitar o Armagedom.
Isso requer uma paciência taoista ilimitada – compartilhada por Putin, Lavrov e Patrushev – juntamente com o fato de que Putin joga go japonês, muito mais do que xadrez, e é um tático formidável.
Putin lê o manual demente da OTAN como se fosse um livro de histórias para crianças (de fato, é). No momento fatídico de máximo benefício em todo o espectro para a Rússia, Putin ordenará, por exemplo, a necessária decapitação da serpente de Kiev.
O debate ininterrupto e turbulento sobre o uso de armas nucleares pela Rússia depende essencialmente de como o Kremlin considerará um ataque de mísseis da OTAN como uma ameaça existencial.
Os neocons e os ziocons, bem como os vassalos da OTAN, podem desejar uma guerra nuclear – teoricamente – porque, na verdade, isso geraria um despovoamento maciço. Nunca devemos nos esquecer de que a gangue do WEF/Davos quer e prega uma redução da população humana globalmente em um nível gigantesco de 85%. O único caminho para isso é, obviamente, uma guerra nuclear.
Mas a realidade é muito mais prosaica. Os neoconservadores covardes e os ziocons – espelhando o exemplo dos genocidas talmúdicos de Tel Aviv – querem, na melhor das hipóteses, usar a ameaça de uma guerra nuclear para intimidar especialmente a parceria estratégica Rússia-China.
Em contrapartida, Putin, Xi e líderes selecionados da Maioria Global, como Anwar, da Malásia, continuam demonstrando inteligência, integridade, paciência, previsão e humanidade. Para o Ocidente coletivo e suas elites políticas e bancárias terrivelmente medíocres, o que importa sempre é o dinheiro e os lucros. Bem, isso também pode estar prestes a mudar drasticamente em 22 de outubro em Kazan, na cúpula do BRICS, quando deverão ser anunciadas as principais medidas para a construção de um mundo pós-unilateral.
O assunto da cidade em Moscou
Em Moscou, há uma discussão intensa e generalizada sobre como acabar com a guerra por procuração na Ucrânia.
A paciência taoista de Putin é duramente criticada – não necessariamente por observadores informados com conhecimento interno da geopolítica pesada. Eles não entendem que Washington nunca aceitará as principais exigências russas. Paralelamente, quando se trata da desnazificação total da Ucrânia, Moscou acaba não se conformando com um mero regime “amigável” em Kiev.
Parece haver um consenso de que o Ocidente coletivo não reconhecerá de forma alguma a soberania da Rússia sobre a Crimeia, bem como tudo o que foi conquistado nos campos de batalha de Novorossiya.
No final, a principal evidência é que todas as nuances do plano de negociação da Rússia serão decididas por Putin. E isso muda o tempo todo. O que ele propôs – de forma bastante generosa – na véspera daquela patética cúpula de paz na Suíça, em junho, não está mais sobre a mesa depois de Kursk.
Tudo depende, mais uma vez, do que acontece nos campos de batalha. Se – ou melhor, quando – a frente ucraniana entrar em colapso, a piada que circula em Moscou estará em vigor: “Pedro [o Grande] e Catarina [a Grande] estão esperando”. Bem, eles não estarão mais esperando, porque esses foram os Grandes que incorporaram de fato o que é o leste e o sul da Ucrânia à Rússia.
E isso selará a humilhação cósmica da OTAN. Daí a perpetuação do Plano B: nada de Terceira Guerra Mundial, mas uma implacável Guerra De Terror.
Fonte: https://strategic-culture.su/news/2024/09/18/this-aint-no-wwiii-this-is-a-war-of-terror/
O OTANistão rumando o abismo ou melhor ainda o autosuicídio. Nunca o planeta teve tantos zombis como na atualidade, esse OTANistão só pensa em destruir tudo. Quanto mais depressa ele desaparecer do planeta tanto melhor, inclusive Israel.